BRIC virou G-4?


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

Os BRICs representam 42% da população mundial e querem ter maior participação nos fóruns de decisão da economia internacional

O acrônimo BRIC (tijolo em inglês), formado pelas letras iniciais dos nomes de quatro países de dimensões continentais – Brasil, Rússia, Índia e China – foi criado por Jim O’Neill e divulgado em estudo da Goldman Sachs, em 2003. A idéia é que estes quatro países estarão no topo da economia mundial ao longo do século XXI e, se atuando em conjunto, os países/tijolos participarão da construção de um nova arquitetura econômica internacional que poderiam superar a hegemonia dos Estados Unidos (EUA). A princípio, os BRICs eram apenas a junção teórica, criada por um banco de investimento, de quatro países que poderiam ter um grande papel no futuro.

Porém, a crise econômica atual tem afetado profundamente os EUA e a Europa e os BRICs, no plano econômico têm apresentado melhor desempenho do que os países desenvolvidos e, no plano político, passaram a ter maior visibilidade nos fóruns internacionais (como o G-20) e agora se tornam uma espécie de G-4 com a sua primeira reunião formal no dia 16 de junho de 2009. A Cúpula dos BRICs, na cidade de Ecaterimburgo, na Rússia, foi discutido a possível reforma de instituições multilaterais ao redor do mundo, o comércio bilateral em moeda local e, sobretudo, mecanismos de cooperação e de inserção do grupo em uma posição de mais destaque no cenário internacional. Decidiu-se agir de forma coordenada nos foruns que debatem mudanças na arquitetura da economia global.

Vejamos alguns dados. Os BRICs possuem 8% da área terrestre do mundo, somando quase 4 vezes a extensão dos EUA. Em termos populacionais são 9,3 vezes maiores que os EUA e representam 42% da população do Planeta. Com uma população tão significativa, a densidade demográfica dos BRICs é 2,4 vezes maior do que a dos EUA e 5,6 vezes maior que a densidade média do mundo, embora exista uma grande diferença entre a densidade demográfica da Índia e da Rússia. As exportações, em 2007, dos quatro grandes países representaram 13,5% do total mundial e foram 65% maiores do que as dos EUA. Este indicador já reflete a importância dos BRICs no comércio internacional.

Embora o PIB dos BRICs, em termos de dólares correntes, seja baixo (representando apenas 50% do PIB americano), o PIB em termos de paridade de poder de compra (ppp) é equivalente ao PIB americano. Contudo, devido à população muito maior, o PIB per capita (em ppp) equivale á metade do valor mundial e a cerca de 11% do PIB per capita americano. Portanto, mesmo tendo uma população mais pobre, estes quatro países juntos já apresentam uma dimensão econômica equivalente à tamanho da economia americana. A grande novidade é que exatamente os países mais populosos – China e Índia – são aqueles que estão apresentando maior dinamismo econômico e diminuindo a distância dos seus parceiros de maior renda.

Em termos de recursos naturais e humanos os BRICs superam em muito os EUA e taxas mais elevadas de crescimento econômico podem colocar os quatro países em uma posição privilegiada no século XXI, contribuindo, inclusive, para a redução da pobreza. A emergência destes quatro países pode significar um novo quadro no panorama internacional. Desta forma, o maior crescimento das economias periféricas em relação às economias centrais estaria trazendo uma perspectiva positiva de desconcentração da renda internacional, o que poderia ter efeitos positivos internamente se houver uma situação de maior bem-estar para amplas parcelas destas populações em âmbito nacional.

O crescimento econômico anual de Rússia, Índia e China (RICs), especialmente depois de 2003, tem sido cerca de 3 vezes maior do que o crescimento médio mundial e consistentemente maior do que o crescimento do PIB americano. O Brasil vinha apresentando crescimento econômico abaixo do crescimento do PIB mundial e crescimento do PIB per capita abaixo do desempenho dos EUA. Em 2007 e 2008 o Brasil passou a apresentar crescimento maior do que a média mundial, embora bem menor do que o crescimento dos RICs. O ano de 2008 mostrou que os BRICs, de certa forma, descolaram dos imperativos da desaceleração americana. Em 2009, China e Índia devem apresentar alto crescimento do PIB. O Brasil deve ficar com crescimento próximo de zero e a Rússia vai apresentar grande queda devido à redução do preço do petróleo. A perspectiva para 2010 é que os BRICs liderem a retomada do crescimento econômico mundial.

Rússia, Índia e China possuem muitos desentendimentos históricos, mas são países de grande peso no cenário internacional e possuem bombas atômicas. O Brasil, único país do hemisfério sul, entre os quatro, ainda está tentando se firmar na comunidade internacional. A cúpula dos chefes de Estado dos BRICs, em Ecaterimburgo, acontece em um momento de crise internacional e expressa a tentativa dos quatro países de formar um novo grupo internacional – o G-4 – que poderia, contrabalançar, em parte, o peso dos EUA e da União Européia nas decisões mundiais. Mas os quatros países vão ter que trilhar um longo caminho antes que este novo bloco possa atuar como uma potencia mundial do futuro.

About the author

José Eustáquio Diniz Alves