Impromptu: To blog or not to blog


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

Sobre o dilema entre publicar em blogs ou revistas virtuais

Quando conheci o OPS! há pouco mais de um ano atrás, me entusiasmei com a possibilidade de publicar textos esporádicos sobre assuntos diversos, sem a periodicidade obrigatória de um blog, em meio a matérias interessantes de outros autores, numa arena livre cuja única linha editorial fosse, por assim dizer, a qualidade da escrita e o enfoque progressista. Naquele instante, a reunião de meus escritos em um blog pessoal me era absolutamente inconcebível.

No entanto, na medida em que minha colaboração se tornava ligeiramente mais assídua e, ao mesmo tempo, o layout do portal evoluía, passei a me deparar, no limiar da publicação de cada novo texto, com um insistente dilema ao contemplar, ao lado esquerdo da página, o sumário das últimas matérias publicadas na “revista” e, ao direito, os últimos posts dos blogs afiliados.

Se hoje o ritmo errático de minha escrita ainda não me habilita à manutenção de um blog – para cujos freqüentadores qualquer silêncio mais prolongado do autor se afigura como demasiado decepcionante – amadureceu, por outro lado, minha opção pelo perfil mais variado e dinâmico da revista. Que fique claro, todavia, que mesmo preferindo publicar na revista, ainda assim não abro mão da leitura dos últimos posts dos blogs pelos quais nutro maior apreço.

Instado pelo dilema, pondero, a seguir, sobre os fatores a tornar cada um dos paradigmas editoriais, o blog e a revista, mais ou menos afim a diferentes práticas e perfis autorais.

A diferença operacional essencial entre a leitura de um blog e a de uma revista virtual é a perspectiva sob a qual se percebe, a priori, sua autoria. Ao lermos o último post de um blog, temos imediatamente presente o conjunto de posts que já lemos do mesmo autor cuja forma ou temática se assemelhem às daquele lido no presente. Tal recursividade implícita faculta ao blogueiro um estilo mais compacto, certa licença poética e o conhecimento implícito, pelo leitor, do que escrevera anteriormente – impensáveis, de outro modo, no paradigma de completude enunciativa que rege a composição dos textos de uma revista. Deste modo, conquanto posts isolados de um blog se ofereçam ao diálogo com comentaristas, bem podem os mesmos se constituir como partes de um corpo enunciativo maior. Blogueiros mais criativos valem-se, com efeito, desta facilidade para compor narrativas fragmentadas, à moda de folhetins.

Já ao elegermos para leitura matérias de uma revista eletrônica, muito embora a essência de cada texto seja indissociável de sua autoria, nosso foco principal de atenção deixa de sobre o autor para concentrar-se em atributos tais como título, sinopse ou classificação temática.

* * *

Deparando-me ao acaso no OPS!, dias atrás, com o artigo Blogosfera, um Delírio (Bruno Cardoso, 26/12/07), me espantei com a profusão de induções falaciosas das quais seu autor lança mão no inglório propósito de sustentar que a blogosfera, tal como é conhecida, não passa de mera ficção ou metáfora. Naquele instante, decidi compor este ensaio. Mãos à obra, procedi febrilmente a um minucioso desmanche daquela argumentação, ao fim do qual me perguntava sobre o propósito daquilo tudo, i.e, se valeria realmente a pena bater daquele jeito numa “verdade” há muito sepultada pelos fatos. Em seguida, deletei acidentalmente aquela crítica colegial – fato que, reconheço, muito me frustrou naquele instante mas que agora atribuo à providência, posto que, como atestam recentes acontecimentos experimentados por Milton Ribeiro, criticar autores vivos pode se tornar amiúde uma prática um tanto insalubre. No intuito, pois, de dirimir quaisquer dúvidas que porventura ainda persistam sobre a existência ou não da blogosfera, deixo, então, com a palavra a wikipedia:

A blogosfera, termo que representa o mundo dos blogs, ou os blogs como uma comunidade ou rede social, cresceu em ritmo espantoso. Em 1999 o número de blogs era estimado em menos de 50; no final de 2000, a estimativa era de poucos milhares. Menos de três anos depois, os números saltaram para algo em torno de 2,5 a 4 milhões. Atualmente existem cerca de 112 milhões de blogs e cerca de 120 mil são criados diariamente, de acordo com o estudo State of Blogosphere.[7]

* * *

Pouco antes de me lançar à feroz resenha do artigo de Cardoso, sondara o Milton sobre os níveis de acesso a seu blog a fim de compará-los os de publicações nas seções do OPS!, no duplo intuito de colher dados que ilustrassem este texto e, de quebra, me ajudassem a solucionar o supracitado dilema.

Tendo recebido o relatório do Milton sobre impressionantes 25.000 visitações mensais a seu blog, procedi à tabulação de acessos a textos publicados no OPS! nos últimos 30 dias para constatar uma goleada de 5 X 1 do blog sobre a revista – se considerarmos que, dentre pouco mais de 4600 acessos verificados, uma certa quantidade de acessos redundantes necessários ao desenvolvimento de cada artigo seja possivelmente equilibrada por um discreto número de acessos esporádicos a publicações anteriores ao período amostral.

Ao fim, conquanto índices de visitação ao blog do Milton possa tavez, por se tratar este último de um site literário de qualidade excepcional, não se constituir necessariamente em parâmetro adequado para avaliação de desempenho de blogs em geral, hei de considerar a contundência destes números da próxima feita em que me defrontar com do dilema to blog or not to blog – de modo que não estranhem me encontrar, doravante, do outro lado da página, possivelmente a divagar sobre a questão do direito autoral sob o (nem tão) novo paradigma da volatilidade virtual.

 

About the author

Augusto Maurer