Misoginia política nas eleições 2008

As mulheres brasileiras já galgaram posições sólidas na educação e no mercado de trabalho. Mas continuam excluídas da política.

As mulheres já conquistaram espaço em diversas áreas de atuação, especialmente na educação e no mercado de trabalho, entretanto, ainda patinam na política.
 
A IV Conferência Mundial de Mulheres, ocorrida em Beijing, em 1995, adotou o conceito de “empoderamento” das mulheres e incentivou a criação de políticas de cotas para aumentar a participação feminina na política em todo o mundo. Na média global, em 1995, havia 12% de mulheres nas Câmaras de deputados, passando para 18,3%, em 30 de setembro de 2008 (segundo a Inter-Parliamentary Union http://www.ipu.org/wmn-e/classif.htm). Ruanda se tornou o primeiro país do mundo a ter a maioria de mulheres na Câmara de Deputados. A Suécia quase atingiu a paridade, com 47% de mulheres no parlamento.
 
Contudo, no Brasil, a participação feminina na política continua sendo uma das mais baixas do mundo, estando atualmente em 9% na Câmara dos Deputados, isto é, metade do percentual mundial. Existe no país uma misoginia (desprezo ou aversão às mulheres) na política, embora as mulheres já sejam a maioria do eleitorado.
Nas eleições municipais de 2008 as mulheres conseguiram apenas 12,5% das vagas de vereadores, número ligeiramente menor do que os 12,6% obtidos nas eleições de 2004. Uma das razões para a baixa proporção de mulheres eleitas é o baixo percentual de mulheres candidatas que foi de 22% em 2004 e de 21% em 2008. Isto quer dizer que os partidos brasileiros não preechem nem os 30% estabelecidos pela política de cotas do país.
 
A despeito da baixa participação política, nas eleições de 2004 as mulheres conseguiram maioria na Câmara de Vereadores em 23 municípios. Agora em 2008 este número caiu para 17 municípios.
 
O irônico das eleições de 2008 é que a participação feminina nas Câmaras municipais – mesmo incentivada pela política de cotas – teve uma ligeira queda, porém a conquista das prefeituras (onde não há reservas de vagas) aumentou para 9,16% do total, enquanto em 2004 o percentual de mulheres eleitas para os executivos municipais foi de 7,32%.
 
Em uma próxima reforma política no país, a questão de gênero deve merecer atenção especial, para que o Brasil, como membro da comunidade internacional, não continue com os percentuais mais baixos de participação feminina na política.
 

A maior participação feminina na política é uma condição para o combate à pobreza e às desigualdades sociais e para o país avançar nos indicadores de equidade de gênero.

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José Eustáquio Diniz Alves