Aceita um cafezinho?

Café na Alemanha

O “Made in Germany” sempre foi garantia de qualidade na indústria química , máquinas pesadas, automóveis e talvez por isso os produtores nunca se preocuparam realmente em “vender” os seus produtos. Para que argumentar se só o nome ja era garantia de venda? Creio que essa mentalidade também foi extendida à prestação de servicos em geral que ficou muito a desejar nos últimos tempos se não fosse a globalização a abertura definitiva da Alemanha para a Europa e para o mundo.

Café na Alemanha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Alemanha é considerada pelos próprios alemães como um “Service-Wüste”, isto é, um deserto no que tange a serviços pela forma de como vendedores e prestadores de serviços em geral tratam os clientes. Quem aquí ja não experimentou ir as compras e dar de cara com aquela vendedora mau humorada ao fazer uma reclamação ou ser tratado com a casca tudo mesmo quando se quer comprar?

Se os produtos não são vendidos por si só é necessária uma nova geração de competentes vendedores/prestadores de serviços que tiveram incluidos na sua formação não só a competência profissional como também a simpatia e o sorriso. Para nós brasileiros a gentileza é quase automática e não é difícil sorrir, mesmo quando os nossos nervos são exijidos, mas para os alemães em muitas situações é quase uma tortura. Não ajuda ter bons produtos se os vendedores teem la aquela cara de b…

A mudança de mentalidade de que o cliente é rei, embora eu seja contra as monarquias, ainda bem que chegou e em algumas as áreas podemos sentir na prática que as estratégias de venda e prestação de serviços estão se tornando a cada dia mais criativas e as vêzes como clientes nos surpreendemos com os resultados.

Aproveitando as ofertas de início de ano, andava eu distraida olhando as vitrines e as ofertas, quando resolvi entrar numa loja de roupas em liqüidação em Colônia. Nem bem pus o pé na porta atacou uma vendedora: “-A senhora quer um cafezinho?” Olhei à volta surpreendida e pensei que tinha entrado na loja errada, talvez fosse uma loja que vendesse… café. Mau respondi um sim e não amarelado e a vendedora ja tinha ligado a cafeteira. Gentes, ou a crise esta braba mesmo ou eles mudaram a gerência ou os dois. Entro para comprar um pulover e sou chamada para tomar café. Dei uma voltinha, olhei os preços e pensei: Estão liqüidando é com o freguês com esses preços e já ia escapando, quando a vendedora disse que o cafezinho estava pronto. Gentilíssima ofereceu até bolachinha e eu lá com a boca cheia de café e bolacha e pensando em desistir do pulover. Não tinha jeito, coitada da vendedora, me solidarizei com ela, pois também sou vendedora, com tanto trabalho vou ter que levar alguma coisa. Então comprei uma blusinha alí na bacia das almas por 10 contos de euro, agradeci e sai apressada pensando na gentileza da vendedora e em casa fui fazer as contas: Ô cafezinho caro !
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Foto: Solange Ayres, Schildergasse, centro comercial de Colônia, Alemanha.

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Solange Ayres