Sam & Max – a Polícia Freelance em quadrinhos (parte 3)

E eis que chegamos ao fim de nossa pequena odisséia acompanhando as aventuras em quadrinhos de Sam e Max. Desta vez, a dupla vai à Lua e ao Reino Unido, onde enfrenta toda sorte de monstros bizarros.

Tudo o que é bom um dia acaba, já dizia aquele velho sábio cujo nome eu não lembro. Assim, chegamos ao final das aventuras quadrinísticas de Sam e Max. (Se você perdeu as partes anteriores desta matéria, clique aqui e aqui.)

A partir daqui, ironicamente, os títulos começam a ter a ver com as histórias. Mas chega de papo; vamos ao que interessa!

* Bad Day at the Moon
Talvez a aventura mais famosa da Polícia Freelance em quadrinhos, e a única a ser transposta para o desenho animado da dupla. Tudo começa com Sam e Max perseguindo uma quadrilha de ratos ladrões de sorvete (!), e logo evolui para o Comissário ligando para Devido à confidencialidade do caso, porém, as informações serão enviadas num cartão-postal. Assim que o tal postal é entregue, o carteiro é apunhalado pelas costas, caindo morto dentro do escritório de Sam e Max.

MAX: Quem tirar o estilete das costas deste carteiro será, por direito, o rei de toda a Inglaterra!

Flint Paper se oferece para cuidar do corpo do carteiro, e enquanto isso Sam lê o postal do Comissário. Há problemas na Lua, e é para lá que Sam e Max partem.

Claro que a NASA não emprestaria um foguete a esses dois malucos, mas felizmente eles conseguem chegar à Lua usando seu aquecedor como foguete. Sem equipamento de astronauta à disposição, os dois usam sacos de papel como estoques de ar – até perceberem que conseguem respirar sem problemas. "Acho que aqueles astronautas mariquinhas não tiveram coragem de tentar isso", comenta Max.

Após andarem por alguns minutos à procura do que quer que seja o problema que o Comissário os pediu para resolver, os dois detetives são abordados por uma dupla de assaltantes que os levam a uma cidade habitada por ratos de tamanho humanóide. Conseguindo se livrar de seus raptores e contendo sua tentativa de roubar uma loja de conveniência, os heróis são levados pelo dono da loja à presença do prefeito da cidade lunar. Uma coisa hilária desta cena é que o lojista mantém as mãos levantadas após o assalto, mesmo com Max pedindo a ele para abaixá-las várias e várias vezes.

O prefeito da cidade, uma cabeça flutuante ao melhor estilo Zordon, explica a Sam e Max que misteriosos invasores do lado negro da Lua estão fazendo seus cidadãos desaparecerem. Os detetives atravessam um portão que conduz ao lado negro, e chegando lá topam com…baratas gigantes! Quer coisa mais assustadora que isso?

Após uma rápida investigação, Sam e Max descobrem que as baratas gigantes gostam muito de tomar café com ratos (!) Uma das baratas percebe que está sendo observada, e começa a perseguir os heróis por todo o caminho de volta ao lado iluminado. Quando a perseguição está quase no final, a barata pára e ativa uma alavanca que cria uma barreira de energia na passagem entre os dois lados. Sam consegue passar, mas Max é frito pela barreira.

– A morte de Max?

Sam recolhe os restos mortais de seu parceiro num saco de papel, e logo ouve sua voz. Ele descobre que Max conseguiu transferir sua consciência para a mão de seu parceiro, e pede ajuda ao Ministro de Ciências do lado iluminado para trazer seu velho chapa de volta à vida.

Pouco depois de Max ser trazido de volta, Sam consegue resolver o problema das baratas lunares simplesmente…trazendo-as para a Terra, onde elas são homenageadas com uma grande parada na Times Square e tudo o mais. Porque a homenagem? Ora essa, se estamos produzindo cada vez mais lixo precisamos de alguém para dar um jeito nele, certo?!

Voltando ao escritório após a parada, Sam e Max encontram uma barata terrestre comum portando uma arma. A justificativa do inseto para tal atentado é a perda de comida para as visitantes lunares. Esta barata, inclusive, apunhalou o carteiro para que este não pudesse entregar o postal com a missão lunar aos nossos heróis (!)

Sam consegue distrair a barata, enquanto Max pega sua arma e a esmaga. Os heróis limpam a mancha do chão, e a história termina com os dois heróis cantando uma de suas "músicas vergonhosas" – com Sam tocando banjo e Max, gaita de foles.

* Beast from the Cereal Aisle

Depois de vermos Max assustando uma velhinha, Sam pergunta se o DeSoto ainda está na oficina. O ensandecido coelho responde que o mecânico lhe emprestou uma Ferrari para dirigirem enquanto isso.

Enquanto Sam defenestra um ladrão que tentava fazer ligação direta no carro, Max dirige rumo a um hipermercado onde, segundo o Comissário, está havendo problemas. A dupla percorre a loja comentando sobre os itens esdrúxulos oferecidos lá, até que um funcionário os guia até o corredor de cereais.

SAM: Vocês têm cereais dos tempos pré-históricos aqui. Este aqui é realmente feito de trigo! Espantoso!

O funcionário explica que um monstro mora no corredor de cereais, e devora todos que lá se aventuram. Retirando brindes como facas de exorcismo e algemas de determinadas caixas de cereal, Sam planeja um ritual para aquela noite.

Após um ritual em que Max começa a flutuar e conjura uma cabeça fantasma de Kim Basinger, o monstro finalmente surge.

SAM: Acho que nunca vi nada tão horroroso. Bem, teve aquele torneio de vôlei nudista da terceira idade…

Max consegue amarrar e conter a criatura, e a história recomeça na manhã seguinte com Sam explicando que seu amigo lagomorfo convenceu o monstro a direcionar sua ira numa direção mais positiva – substituindo o cavalinho que entretém as crianças na entrada da loja.

Saindo da loja, os detetives descobrem que a Ferrari que dirigiam foi incendiada. "Ainda bem que ela não era nossa", comenta Sam. Felizmente, os dois encontram um caminhão de bombeiros com as chaves no contato…e partem de volta para seu escritório espirrando água nos inocentes que cruzam seu caminho.

* The Big Sleep

História publicada no site da Telltale, nova proprietária dos direitos de Sam & Max. Voltando à vida depois de ficarem congelados por quase uma década num túmulo na Inglaterra, Sam e Max descobrem que o crânio de Sam está servindo como incubadora para uma colônia de insetos vilanescos. Max leva seu amigo a um médico, e entre um raio X e outro descobre que o doutor é na verdade Nigel, o Gancho, outro velho conhecido da Polícia Freelance.

Com a ajuda de Sir Kenneth Blattodea, barata neurocirurgiã que destrói os ninhos na cabeça de Sam, Max enfrenta Nigel e consegue derrotá-lo. O vilão foge, mas Sam se recupera e a dupla embarca de volta para os EUA – não antes de uma confusão num pub, uma revista constrangedora no aeroporto e a constatação de que talvez Sam tenha perdido alguns neurônios na batalha.

* Nosso assustador Universo

As histórias de uma página são uma constante na vida de Sam e Max, geralmente ensinando a fazer coisas absurdas como metralhadoras de sabão e fantoches de Max. Outras aventuras traziam versões "jovens e mais facilmente licenciáveis" dos detetives, além de reflexões sobre insanidade e o fato de bebês poderem ser considerados parasitas.

Quando Steve Purcell foi contratado pela LucasArts, a Polícia Freelance ganhou uma página fixa no The Adventureer, informativo interno da empresa. Estas histórias satirizavam outros jogos da companhia de George Lucas, como Full Throttle e toda a franquia Guerra nas Estrelas, ou mostravam a dupla na Segunda Guerra e outros conflitos históricos.

Depois do sucesso nos quadrinhos e no überclássico jogo Hit the Road, Sam e Max ainda aprontariam das suas num desenho animado que infelizmente só durou um ano e numa nova série de jogos episódicos, que deve ter sua terceira temporada lançada ano que vem. O encadernado Surfin’ the Highway, reunindo todas as histórias resenhadas aqui, foi relançado, mas não houve nenhuma palavra sobre novas HQs…até agora.

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Tiago Andrade