Editorial By Rafael Reinehr / Share 0 Tweet A divisão temporal em “dia”, “mês”, “ano” sempre me intrigou, antes mesmo de aprender – não na escola, mas em leituras excepcionais, que diferentes raças e culturas tratam de forma diversa sua relação com o tempo. Maias, tribos indígenas, o “mundo ocidental”, judeus… Períodos lunares, primeiro de janeiro, Rosh Hashaná, segunda lua nova do ano… A divisão temporal em “dia”, “mês”, “ano” sempre me intrigou, antes mesmo de aprender – não na escola, mas em leituras excepcionais, que diferentes raças e culturas tratam de forma diversa sua relação com o tempo. Maias, tribos indígenas, o “mundo ocidental”, judeus… Períodos lunares, primeiro de janeiro, Rosh Hashaná, segunda lua nova do ano… Tenho sempre comigo esta percepção e acabo entrando no ritmo da conjuntura em que vivo, sem no entanto manter minha própria percepção – de que o tempo encontra-se também dentro de nós, e que estas datas podem ser comemoradas a cada novo dia ou mesmo duas vezes dentro do mesmo período denominado dia (haja fôlego!). Sempre é tempo para reavaliar nossos rumos, para definirmos que é momento de nos tornarmos alguém melhor ou pelo menos diferente, se nossa singularidade está ameaçada ou se a felicidade parece não bater à nossa porta. Estamos completando hoje, em 31 de dezembro de 2007, 3 semanas de um delírio. Um delírio que é também um sonho – o de criar um meio de comunicação independente, de qualidade, capaz de gerar conteúdo isento e significante, conteúdo crítico, sincero e desvinculado de interesses monetários castrantes. O Sonho, na cosmogonia de Neil Gaiman, é irmão do Delírio. Na nossa realidade, Sonho e Delírio fundem-se para tornar palpável um Corpo sem Órgãos. Buscamos formar um território com intensidades singulares e significantes, respeitando o silêncio em períodos desterritorializados sem esquecer de representar os múltiplos devires que se apresentam. O questionamento recente sobre “qualidade – o que é isto?” será amplificado nas próximas semanas e a representação corporal do debate aparecerá em cada página d’O Pensador Selvagem. Ao expectador, uma possibilidade: a gênese do diferente. Rafael Reinehr