Histórias de uma morena quente, hoje loura e gelada


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Quem pensa em cerveja pensa na Alemanha, louras de trancinhas em seus vestidos tradicionais de generosos decotes equilibrando copos de um litro por entre sedentos convidados na Oktoberfest em Munique. Mas cerveja na Alemanha é mais que uma loura gelada é história é cultura e tem suas raizes nas tradições cristãs …

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A descoberta da cerveja pode ser sido mesmo uma descoberta por acaso, como muitas outras coisas importantes na história da humanidade e provavelmente pelas mulheres, que ao fazerem pão descobriam que o fermento deixado acidentalmente na chuva, fermentou e resultou numa bebida.

No Egito antigo e Babilônia a cerveja já era fabricada e possuiam até leis especiais para cobrança de impostos sua fabricação e distribuição. Já os romanos entretanto desprezavam a cerveja por não a acharem apetitosa. Naqueles tempos a cerveja era qualquer coisa que um líquido escuro não filtrado que só os “povos bárbaros” bebiam, segundo eles, e preferiam vinho à cerveja.

A mais antiga indicação escrita do processo de sua fabricação é datado do ano 2700 AC onde a palavra cerveja estava sempre associada com a palavra pão, pão de cerveja. É conhecido que os Germanos, povos que habitavam o norte da Alemanha, entre os séculos 8 e 9 eram consumidores de cerveja o que contribuiu para sua difusão no norte da Europa.

Bem, por muitos séculos a cerveja permaneceu coisa de mulher até que os monges na Idade Média descobriram que poderiam fazer do pão um “pão em forma liqüefeita” bebido no tempo do jejum cristão. Naqueles tempos medievais o jejum era seguido à risca e não era permitido comer, mas beber sim. A cerveja era considerada alimento e como tal consumido em todas as horas do dia como o pão e podemos imaginar do porquê a cerveja tornou assim importante fonte de renda para os mosteiros. Interessante em crônicas da época noticiavam que aos monges era permitido consumir até 5 litros de cerveja ao dia!

Mas o segredo de sua fabricação permaneceu por muito tempo literalmente nas mãos de Deus. Os monges aperfeiçoaram as receitas, que uma vez escritas, (os monges tinham o domínio da escrita, coisa que os cidadãos comuns não tinham) serviram de base para a fabricação da cerveja até nos tempos de hoje. Comum era adição de ervas medicinais, sendo recomentada como medicamento contra doenças do coração, dores no pescoço, estômago. Era receitada inclusive para as crianças ao invez da água, pois água naquela época era imprópria para o consumo, contaminada com coliformes fecais das fossas.

A primeira lei regulamentando a fabricação da cerveja foi proclamada em 1516 pelo conde Wilhelm IV da Bavária, “Reinheistgebot”, a mais antiga lei que regulamenta a produção da cerveja e que vigora até hoje, obrigando os produtores a utilizarem somente tres ingredientes: água, cevada e malte.

No decorrer dos séculos 15 e 16 o Estado, pressionado pelos ricos proprietários tenta retirar o monopólio da fabricação da cerveja dos mosteiros e os ameça com a proibição do seu comércio. Lembrando ainda que o Clero era possuidor de grandes privilégios, não pagava impostos, tinha acesso fácil aos produtos, cereais e mão de obra barata, e claro, sua cerveja concorria com vantagens contra a dos fabricantes privados. Com a Revolução Francesa em marcha a igreja perde os seus privilégios, inclusive o monopólio da fabricação da cerveja. Muitos mosteiros foram destruidos, saqueados e sua estrutura financeira arruinada. As cervejarias/monsteiros ou passaram para o Estado ou foram obrigadas a fecharem suas portas e agora iam florescer não mais nas mãos de Deus, mas nas mãos de proprietários particulares.

Os tempos modernos chegaram! Com as novas invençoes à máquina a vapor e a descoberta do processo de pasteurização possibilitaram que a cerveja fosse produzida em escala maior e mais barata. Nasce aí um verdadeiro produto de massa.

Interessante são as estatísticas: A Alemanha não é o pais que mais bebe cerveja na Europa e sim os Tchecos. Também não é o maior produtor de cerveja do mundo, fica atraz dos Estados Unidos e da China. Aquí também não tem as maiores cervejarias do mundo, mas são numerosas; das 1600 da Europa, a Alemanha possui 1284. Embora em 2007 a Oktoberfest tenha batido o record em venda de cerveja, 6,7 milhões de litros, o consumo geral caiu 3,5% segundo as estatísticas, 112,5 litros por ano por habitante deixando os produtores preocupados. As causas? Bem, mudanças na conjuntura demográfica e no clima influenciaram o consumo. Os produtores esperam por melhores dias.

Embora os ingredientes continuem sendo os mesmos, as cervejas aquí na Alemanha podem ter outros sabores, dependendo do processo de fabricação aquí nominadas: Alt, Berliner Weisse, Bock, Broyhan, Dampbier, Doppelbock, Eisbock, Gose, Kölsch, Kräusen, Märzen, Mumme, Pilsener, Weizen, etc e com um detalhe, para cada tipo de cerveja tem o seu respectivo copo.

Nos anos 70 foram inauguradas primeiras cervejarias automatizadas e o computador tomou conta do processo de fabricação. Não se fala mais em pão esquecido na panela de barro que acidentalemnte fermentou e virou um líquido bebível e nem lembramos mais que antes da cerveja se tornar uma loura gelada ela ja tinha sido uma uma morena quente. Produto do acaso ou não a cerveja se popularizou no mundo todo e hoje faz parte da nossa cultura.

Na denn Prost!

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Solange Ayres