Cobertura do Segundo Turno

 Cobertura do Segundo Turno

altDe caneta Vermelha 

Ontem fui ao Hospital ver os pacientes da equipe em que estou passando antes de viajar. Sempre ando com duas canetas azuis no bolso e eis que, de repente, me deparo sem nenhuma. Que saco. Tô atrasada. Preciso ir para a rodoviária. Porque nunca transferi meu título? Não, não é hora para isso. Procuro a técnica de enfermagem para conseguir uma caneta azul emprestada. Nada. E agora? Escrevo com o quê? Com o dedo? Ai olhei para o bolso e vi uma caneta vermelha. Pensei comigo: Por que não?

Enquanto escrevia lá “sem queixas” para todo mundo, me lembrei de outro acontecimento, este sim, perturbador, que ocorreu no primeiro turno. Quando eu fui para Porto Alegre votar no primeiro turno, cheguei, como sempre, atrasada na Rodoviária e escolhi a primeira poltrona que eu encontrei. Adivinha qual? Poltrona 45. Quando eu sentei na dita poltrona 45 pensei: Será que isso é um sinal? E ai deu segundo turno. Pois é. Quatro semanas depois, lá estou eu evoluindo de caneta vermelha, por um acaso da vida, em pleno dia de segundo turno. Só podia ser outro sinal. E não é que deu certo?

Derrotamos Serra nas Urnas 

Pronto. Derrotamos Serra nas urnas. E já sacaneamos ele bastante. Eu pelo menos, muito. Agora vem a segunda parte. Segundo o PCB, a segunda parte é derrotar Dilma nas ruas. Eu concordo. Mas antes deste assunto, um adendo: Derrotar o PSDB nas urnas é também derrotar o PSDB nas ruas. Porque eles só aparecem na rua em época de eleição. No resto do tempo, preferem o “cheiro dos cavalos”, como disse um certo ex-presidente. O partido de direita que continua na rua o ano todo é o da Imprensa Golpista. E esse ai precisa ser derrotado também, mais até do que os outros.

Derrotar a Imprensa Golpista nas Ruas

Apesar das animadoras incursões do Franklin Martins ao redor do globo, não sabemos se o PT terá coragem de fazer frente ao Partido da Imprensa Golpista. O PT virou um partido medroso, que não faz nada fora da linha do marketing. Tanto no governo, quanto no campo da disputa estratégica. Quem leu “Calendário do Poder” do Frei Beto, sabe disso. Se o Bolsa-Família foi o programa que garantiu a imensa popularidade do Lula, o cara mais popular do Brasil deveria ser o Duda Mendonça. O Bolsa-Família só surgiu porque o Fome Zero não era um programa marketável o bastante. 

Derrotar a Marketagem nas Ruas

No governo, só tem chance o que é marketável. Dai, por exemplo, a diferença entre a educação e a saúde no governo Lula. O Fernando Haddad sabe fazer políticas marketáveis. Por isso não fez nada que mudasse a Universidade de verdade. Já pessoal da saúde do PT, por exemplo, não sabe. Daí o Ministério estar na cota do PMDB e, em casos como o do Rio Grande do Sul, a secretaria de saúde estar sendo trocada pelas cabeças do PDT na Assembléia. Vale ai uma comparação com a pasta dos Esportes. O PCdoB virou profissional nesse $negócio$ de esportes. E o $negócio$ dos esportes gerou muito produto marketável para o governo. Daí o PCdoB ter o ministério, várias secretarias Brasil afora e estar sendo cotado para assumir o posto no governo Tarso. Pode até ser que o Tarso troque os Esportes pela base de alguém, como por exemplo a do PTB. Mas pelo menos o PCdoB está sendo cotado. Eu não vi nenhum petista ser cotado para ocupar a saúde. E existem bons petistas aqui para isso.

Derrotar Dilma nas ruas I

Apesar de toda a marketagem, o governo do PT é melhor do que o do PSDB. Não são iguais e nem acho que as diferenças sejam tão insignificantes assim. Se achasse, votaria nulo. Entretanto, a opção pelo PT hoje em dia virou, finalmente, o que José Dirceu e companhia sempre sonharam: Uma pragmática opção eleitoral. Há espaço no Partido de Lula para fazer três coisas importantes pelo país. 1) Aliviar a miséria, 2) Enfraquecer a extrema direita no Brasil e 3) Não reforçá-la na América Latina. O que não cabe no partido de Lula? O socialismo? Não cabe. Mas o pior de tudo é que não cabem sequer propostas medianas de superação da desigualdade, como a defesa da taxação sobre grandes fortunas, a auditoria da dívida e o limite à propriedade de terra. Ai não dá. Se nem reformas sociais-democratas leves é possível de se fazer, fica muito difícil apostar no Partido do Presidente.

Derrotar Dilma nas ruas II

O Partido moldado por Lula é o que quer dar, sem tirar. Isto, aliás, é o que define quando vale e quando não vale a pena optar por ele. O povo vive tão mal e a retenção de recursos para os pobres sempre foi tão perversa no Brasil, que há uma boa margem para “dar, sem tirar”. Então até vale a pena deixar o PT fazendo isso, enquanto a margem existe. Mas a margem não é infinita. Se vence, no seio da sociedade, a tese de que é preciso dar, mas não tirar, vence também a tese de que quando chegar a hora de tirar, é preciso parar de dar. E é nessa hora que se elegem governos como o de Angela Merkel, para citar uma. Por isso que precisamos derrotar Dilma nas ruas. Quando as condições materiais para a política Lulista se esgotarem, é preciso que o povo queira dividir o que resta. Se não, vão eleger adivinha quem?

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Diângeli Soares