Pão de Queijo com Chucrute By Ariadne Rengstl / Share 0 Tweet O Natal ainda demora a chegar mas a primavera já nos dá a oportunidade de ver árvores enfeitadas por toda Baviera. Elas são um pouco diferentes, longas, sem galhos e ficam do lado de fora, mas, mesmo assim, destacam-se tanto quanto suas parentes natalinas. A Baviera é um universo à parte. Digo isso pois me recordo claramente da primeira impressão que tive ao chegar aqui. Do aeroporto até a casa que me hospedaria vi um mundo completamente diferente daquele que deixara no Brasil. Rodovias e estradas em condições perfeitas, matas que repetiam sempre a mesma amostra de pinheiros sem fim e vilarejos com casas novinhas e jardins impecavelmente tratados. Senti-me como na cidadela onde Eduard – Mãos de Tesoura passa a viver naquele conto-de-fadas de Tim Burton. Um mundo onde tudo parece perfeito à primeira vista, onde até certos postes recebem um tratamento especial, listrados de azul e branco, adornados com guirlandas, placas, e até mesmo uma ponta de pinheiro no topo. Via-os frequentemente e nem sei o que pensava serem, afinal estavam em tudo que é lugar. Em frente a restaurantes típicos, lares da terceira idade, cervejarias, e até mesmo em festas típicas, como a Oktoberfest. Até que um belo dia os questionei e descobri toda uma tradição com seus rituais ancestrais, que parecem bastante divertidos. A Árvore de Maio – “Maibaum” em alemão – é produzida a partir de uma árvore longa e reta, cujo caule deve ser limpo de galhos e casca. Na sua maioria, na Baviera, são pintadas em espiral de azul e branco – cores da bandeira do Estado – e ganham guirlandas de folhas e flores como ornamento, ou plaquinhas com símbolos variados , dependendo do local e função das mesmas. Seu propósito varia muito e originalmente fazia parte dos costumes campestres, mas hoje são encontradas por toda parte, até mesmo nos grandes centros urbanos. Como o ritual de montagem da árvore ocorre no início da primavera, usualmente no dia primeiro de maio, ela é vista como um símbolo de renovação da vida e fertilidade – em que o caule e a guirlanda representam a penetração da vagina pelo falo. No entanto, a Maibaum pode ser ereta também em honra a personalidades de uma região ou até mesmo como símbolo de valor e dignidade de um município ou instituição. O levantamento da árvore implica grande esforço físico por parte dos participantes e muita festa para os espectadores. Ela é carregada pela cidadela até o local do levantamento num tipo de procissão acompanhada pela banda local. Alí ela é elevada no muqui mesmo, com ajuda de muitos homens experientes e varas de tamanhos variados amarradas uma às outras, usadas como apoio (veja foto abaixo). No entanto, os espectadores perdem a melhor parte do ritual: o roubo da Maibaum. No dia anterior ao levantamento o dono de uma delas mais uma trupe de jovens ajudantes tentam infiltrar-se sorrateiramente no esconderijo da Maibaum do povoado mais próximo. A árvore é dada por roubada assim que os “ladrões” conseguem tocá-la sem que o vigia da mesma a toque antes deles, protegendo-a assim do roubo. Com posse da árvore, os ladrões têm o direito de transportá-la e sua devolução só ocorre se seu devido proprietário estiver disposto a negociar e pagar uma quantidade significativa de bebida e comida aos bem sucedidos larápios. Se este não for o caso, e o proprietário não resgatar devidamente sua árvore, esta fica de posse dos novos donos e é levantada como um símbolo adicional de benção para seu povoado, e de desonra para seu antigo proprietário. Em outras regiões da Europa central e do norte o ritual se modifica em alguns detalhes, mas o símbolo é sempre o mesmo: uma árvore ornamental usada para honrar a vida e unir as pessoas numa festa de primavera, ou para planejar um roubo de dimensões incomensuráveis que felizmente não leva ninguém para a cadeia. Fonte: Wikipedia.de Fotos: Wikipedia.de, Ariadne Rengstl Palavras-chave: primavera, árvore de maio, Maibaum, Alemanha, Europa, festa, ornamental, azul e branco, Oktoberfest, roubo, ladrões, procissão, tradição, símbolo, renovação, fertilidade, falo, vagina