Um pouco de luz By Ricardo Montero / Share 0 Tweet Antes de mais nada, uma pergunta: o que vem a ser uma câmera SLR? Em inglês, o acrônimo SLR significa single lens reflex – em português, reflex de lente única. Este sistema se vale de um mecanismo de espelho móvel que permite ao fotógrafo ver exatamente o que será capturado pelo filme ou sensor digital. Antes de mais nada, uma pergunta: o que vem a ser uma câmera SLR? Em inglês, o acrônimo SLR significa single lens reflex – em português, reflex de lente única. Este sistema se vale de um mecanismo de espelho móvel que permite ao fotógrafo ver exatamente o que será capturado pelo filme ou sensor digital. No instante da foto, esse espelho se levanta, alterando o caminho da luz dentro da câmera; a luz, antes desviada para o visor, passa a incidir sobre o filme ou sensor, o que explica o escurecimento do visor no momento do clique. Na ilustração abaixo, o espelho é o retângulo inclinado, localizado imediatamente atrás do encaixe da objetiva. A grande vantagem deste sistema é que se elimina o erro de paralaxe, existente em câmeras que usam um sistema de lentes para o registro da imagem e outro para o enquadramento do fotógrafo. Um problema sério nas compactas analógicas (que, ao contrário das digitais, não dispõe de monitor LCD), o erro de paralaxe acentua-se em curta distância, o que pode gerar fotos com cortes indesejados. Outra grande vantagem das SLRs é a possibilidade, quase sempre aproveitada pelos fabricantes, em oferecer lentes intercambiáveis. O fotógrafo, ao enquadrar com uma SLR, enxerga através da própria objetiva; deste modo torna-se possível projetar objetivas das mais variadas distâncias focais, sem que exista a preocupação com o problema do enquadramento que ocorre em outros sistemas. Daí a variedade de lentes disponíveis para as SLRs, desde grande-angulares de distância focal de 8 milímetros até poderosas teleobjetivas de 600 ou mais milímetros. A primeira SLR, a Ilhagee Exakta, data de 1933 e obviamente tinha funcionamento totalmente manual. O ingresso dos japoneses nesse mercado se deu em 1952, com a Pentax. Posteriormente, a entrada de Nikon, Canon e Yashica neste segmento gerou câmeras de apurada técnica, com sofisticados sistemas de auto-foco e de auto-exposição. Porém, a partir da década de 1990, as câmeras digitais saíram dos laboratórios e ganharam as ruas. Voltadas para o mercado amador, as primeiras compactas digitais tinham custo elevado e exibiam qualidade de imagem sofrível. Simultaneamente, a despeito das limitações da tecnologia digital então existentes, surgiu a primeira geração de SLRs digitais. Aos olhos de hoje, as pioneiras SLRs digitais eram estranhas câmeras. Tratavam-se de SLR analógicas Nikon ou Canon, acopladas a pesados dispositivos de digitalização de imagem desenvolvidos pela Kodak. Caríssimas, destinavam-se a uso profissional. A primeira da série foi a Kodak DCS-100, de 1991. Trabalhando exclusivamente em ISO 100 e tendo resolução de 1,3 megapixels, utilizava um corpo de Nikon F3 e era ligada por cabos a uma unidade de armazenamento digital que pesava 5 kg, armazenava 200MB e exibia monitor LCD monocromático. O conjunto, que vinha numa pasta reforçada, custava a bagatela de U$30 mil. Novos modelos lançados pela Kodak a partir de 1992 dispensavam a unidade de armazenamento digital. Sem as lentes, essas câmeras pesavam quase 2 kg. Os preços variavam entre U$11 mil (Kodak DCS420, de 1,5 megapixels, lançada em 1994) e U$25 mil (Kodak DCS660, de 6 megapixels, lançada em 2000). Foi a partir de 1999 que uma nova geração de SLRs digitais surgiu. Eram câmeras projetadas como digitais, e não adaptação de corpos já existentes à parafernália digital da Kodak. Em relação à geração anterior, eram mais compactas e baratas, a despeito de recursos e confiabilidade maiores. Um exemplo é a semi-profissional Canon D30, lançada em 2000. Com 3 megapixels de resolução, LCD colorido e peso de 750 gramas, custava U$3 mil. As características técnicas das câmeras evoluíram e os preços continuaram a cair. Em 2002, a Nikon apresentou a semi-profissional D100, de 6 megapixels, preço de U$2000. Em 2003 era lançada a primeira câmera SLR digital amadora, a Canon EOS 300D (em alguns mercados, Canon Rebel). Baseada na semi-profissional 10D, tinha resolução de 6 megapixels e custava U$900, oferecendo ainda a opção de uma lente zoom básica por U$100 adicionais. Hoje, o mercado das SLRs digitais pouco tem a ver com seus primórdios. A Kodak há muito abandonou a fabricação de SLRs digitais. Outros fabricantes entraram neste nicho: Fuji, Olympus, Sony/Minolta, Pentax/Samsung, Sigma. Tanta concorrência fez com que os preços despencassem. Hoje, é possível comprar um corpo Canon 350D (Rebel XT), de 8 megapixels, por meros U$400. Por U$450, compra-se uma Olympus E410 de 10 megapixels, com uma lente zoom básica. Claro, SLRs profissionais caríssimas ainda existem (uma Canon EOS 1-Ds-III de 21 megapixels custa U$8 mil, modelos Hasselblad de médio formato chegam a passar dos U$30 mil), mas é inegável que as câmeras SLR amadoras de hoje oferecem qualidade muitíssimo superior às profissionais de poucos anos atrás por um preço bastante razoável – ao menos no mercado norte-americano, base para todos os preços aqui listados.