Ao Sul de Lugar Nenhum By Diogo Brunner / Share 0 Tweet Formada nos fundos de uma república em Araraquara, interior de São Paulo, a banda Malditas Ovelhas percorreu um caminho lento, contínuo, persistente. Trabalhando quietos e de forma competente, se inserem hoje no seio da cena da musica instrumental brasileira que, felizmente, volta a se fazer presente e cheia de qualidade, diversidade, com bandas enérgicas, e, com certeza o mais importante, possuidoras de uma personalidade brutal, algo tão raro num momento de eterno consumo do mesmo, do saturado, da repetição. Experimental, progressiva, cheia de misturas a princípio improváveis, os Malditas Ovelhas vem se mantendo fiel a uma sonoridade cheia de novidades, fazendo da música uma viagem, senão lisérgica, um tanto surreal e libertadora, driblando de alguma forma os perigos e enigmas (decifra-me ou devoro-te) do tão propagado “cenário independente” que vem passando por investidas de um tipo “alternativo” de capitalismo, onde perde-se a noção da transformação radical e segue-se por uma via um pouco hierárquica (e assim, contraditória) de coletividade. Dentro de uma dificuldade pessoal de falar sobre música, prefiro falar dos sentimentos gerados pelos acordes tresloucados e batidas vigorosas. Zé Guilherme, Eduardo Rodrigues, Bruno Almeida e Yraê Araújo. Dentro de um revezamento nos instrumentos que pressupõe uma não especialização – algo por si só político – no processo de criação, é fato destacar que o Yraê é um mestre contador de histórias na guitarra, assim como Zé Guilherme é um operário conscientemente louco que bate com força e alma na bateria. Faz toda diferença quando agente acompanha uma banda desde a sua formação, percebendo claramente os avanços, afinamentos, a seriedade, e principalmente, o sentimento notório de que eles acreditam piamente no que fazem e no como fazem – algo raro hoje em dia, onde as coisas são feitas para simplesmente aparecer, um conceito oposto ao “ser”. Os caras têm um EP recém-lançado intitulado “A Punga” (que pode ser baixado gratuitamente), um disco cheio saindo em breve e um clipe meio síntese, ou representativo, do caminho contínuo que eles continuam traçando. Fazem sua divulgação seguindo a tendência – positiva – da guerrilha virtual. O clipe citado, da música “Cantagalo” você pode conferir aqui http://www.youtube.com/watch?v=mbDLQhL6YX0. Para conferir todo o trabalho do Malditas Ovelhas: http://malditasovelhas.blogspot.com.br/; https://www.facebook.com/malditasovelhas; http://malditasovelhas.tnb.art.br/; http://tramavirtual.uol.com.br/malditasovelhas/. Malditas Ovelhas é música instrumental, porque já tem muita gente discursando por aí. Para quem quiser conhecer mais a inovadora – e ainda um pouco desprestigiada – música instrumental brasileira visite o excelente: http://bocafechada.wordpress.com