le temp des cerises

já dizia camus: a riqueza genuina dos pobres algerianos é o sol, endossariam os alemães, que nessa altura já estariam nus no tiergarten…!

em porto alegre, no tempo em que havia algum inverno, o parque da redenção, aos primeiros domingos ensolarados, era um alarido de todos felizes portando suas malhas de frio…

aqui o inverno não é um par de dias cinzentos, onde zero graus centígrados fazem manchetes nos jornais. os primeiros graus negativos são registrados em outubro. a primeira neve, esse ano, chegou no mês de novembro. em dezembro, o sol, nos dias em que aparece, é visto depois das oito e trinta da manhã, e se despede antes das dezessete horas. no mês de janeiro, além do céu toujours carregado de cumulus nimbus, as manhãs figuravam doze jolis et négatifs graus centígrados.  

seis meses infinitos de inverno.

e a nossa redenção, sem dúvida,  é primavera. e seu primeiro domingo de sol é um prenúncio verdadeiro de felicidade no hemisfério norte. à amenos dezesseis graus, os gramados dos parques, outrora alvos e silenciosos, transbordam de gentes, fazendo pique-nique, namorando, lendo… as árvores, ainda completamente nuas, não combinam exatamente com o evento. se bem que práticas, pois incapazes de sombra.

la grandeur des printemps é meio inimiginável num país tropical. a benção do sol no hemisfério sul é gratuita e quase journalière.

só passando pelos intermináveis e glaciais invernos franceses pra saber a redenção que é um dia de 16 graus centígrados sem uma nuvem no céu, num domingo… e os telejornais fazem dos terraços dos cafés lotados, manchete.

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larissa bueno ambrosini