Un coup de nettoyage, apartamentos novos e hábitos de higiene


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Uma mudança de endereço, apenas, sozinha e por si mesma, já entra na classificação Operação Cavalo de Tróia , dado que o sub-emprego « faço-se carreto » não existe nessa terra. Bem, esse será o problema subsequente à procura do imóvel, e imediatamente anterior à tarefa de deixá-lo em condições habitáveis. A fama, de pouco afeitos à higiene dos franceses, tem fundamento, sim. O café que em tomamos o desjejum em Paris tem portas e janelas que nunca viram um paninho com água. Pra mim, ça m’est égal, tampis. Tudo bem. Mas, chez moi, não dá.

Tudo começa pela busca do imóvel. Meus pré-requisitos: centro da cidade. Cidades jovens aqui tem 600 anos. A possibilidade de encontrar um imóvel novo, de 100 anos ou menos, no centro, é zero. Sem problema. Ocorre que banheiros e encanamentos nesse tipo de imóvel são instalações a posteriori, frutos de operações de engenharia bizarras e de usuários anteriores sabe-se-lá-de-que-tipo.

Por exemplo, imagine-se passando um café e colocando a manteiga e a geléia na mesa, enquanto, a menos de um metro, seu marido está fazendo xixi e não existe porta nem parede entre o fogão, a pia, a mesa e o vaso sanitário. Uma singela cortina, por onde todos os ruídos, pertinentes a essa tão elementar tarefa que é urinar, são audíveis por toda a casa. E se precisar ir aos pés? Terrível. Mas eu vi.

Se o toilete é dentro da normalidade, o grau de relaxamento do inquilino anterior pode comprometer a empreitada – aliás como em qualquer lugar do mundo. Por exemplo, se os azuleijos já estiverem rendados de 20 anos de mofo ininterruptos, digamos que desanima. Eu consegui um apartamento bem antigo, com duas janelas grandes, vista pros vulcões, um ex-habitante desgraçadamente relaxado, mas que não teve tempo de arruinar o imóvel.

Aí que chegamos. Os conceitos de limpeza e faxina são bem fluídos.

Chego no apartamento pra assinar o contrato, o proprietário me diz que está dando mais um coup de nettoyage – uma limpada. Com todas as janelas fechadas e um cheiro fedido de produto de limpeza ninja. Eu pensando: coup de nettoyage um catzo, aqui precisa de faxina mesmo!

Duas coisas são inimigas dos hábitos de higiene entre os franceses. Primeiro: o pânico, medo, terror, fobia e aflição em relação aos courant d’air. Decididamente, as correntes de ar estão para os franceses como a umidade está para os gaúchos. O origem de quase todos os males da saúde. Resultado: o conceito de arejar nos é alienígena.

Segundo: medo de água. E eu ainda não sei bem se é medo, ou eco-consciência. Fato é que os produtos de limpeza são absurdamente eficazes, e é fora de questão uma limpeza de balde, pano e sabão. Tudo se resolve com o produto mais adequado ao tipo de sujeira e à superfície em questão, o qual será removido com papel toalha e tudo vai pro lixo. Ótimo. Maravilha.

Mas não chegando numa casa “nova”.
Á
gua, sabão, sol e ar.

E depois banho de banheira e “Let it be” na eletrola…

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larissa bueno ambrosini