Mundo Quadricolor By Tiago Andrade / Share 0 Tweet Quando eu disse que confiava em Geoff Johns, não foi sem motivo. Toda a fase do roteirista à frente do título do Lanterna Verde culminou numa espetacular minissérie em oito partes, cujo final chegou na última semana às bancas brasileiras. A Noite Mais Densa representa um momento crucial não só na vida dos Lanternas Verdes e demais equivalentes de outras cores, como também de todo o universo DC. Este aumento de amplitude em relação ao plano original sem dúvida deveu-se ao grande sucesso alcançado por Johns, que transformou o Lanterna no título mais vendido e elogiado da editora. E, dada a proposta da saga – um ataque da encarnação da morte, através de avatares que controlam os corpos dos falecidos – até que isso faz sentido. A história se tornou de toda a DC a tal ponto que o próprio Hal Jordan chega a “sumir” da minissérie principal em alguns momentos, deixando o estrelato para personagens de segundo e terceiro escalão, como Mera e Eléktron. Mais um ponto para Johns, que conseguiu entender a essência e motivação não só dos Lanternas de várias cores como de outros ícones da editora, como Lex Luthor e a Mulher-Maravilha. Ironicamente, os dois principais símbolos da editora – Super-Homem e Batman – aparecem pouco, apesar de terem papeis mais importantes em segundo plano (especialmente o Batman). Como seria de se esperar, a saga teve interligações com todos os títulos da editora, mas ao contrário do que geralmente acontece isso não foi um problema. Estas histórias foram em sua maioria fechadas, deixando o desenvolvimento da história principal para a minissérie. Trocando em miúdos: não é preciso ler todos os lançamentos relacionados para entender o que está acontecendo. Eu mesmo pulei vários tie-ins, aliás. Outra grande parte deste sucesso se deve ao desenhista brasileiro Ivan Reis, que fez na Noite seu melhor trabalho. Já famoso por seu belo traço e seus grandes paineis dignos do lendário George Pérez, Reis transforma cada página da minissérie num “filme de terror com super-heróis”. A morte espreita em cada página com os Lanternas Negros, de modo quase palpável. E, se o terror é mais psicológico do que explícito, há pouquíssima enrolação (toma essa, Brian Bendis!), já que Johns explica as dúvidas do leitor de forma simples e direta. Por que super-heróis ressuscitam a toda hora? O que motivou Abin Sur a vir para a Terra? Por que nosso planeta demorou tanto para ter contato com alienígenas, e ainda mais para ter um representante na Tropa dos Lanternas Verdes? As respostas a estas perguntas têm papel fundamental na conclusão da trama, e são dadas de modo tão claro e objetivo que inspiram a clássica pergunta: como ninguém pensou nisso antes? No fim, A Noite Mais Densa cria novas possibilidades para quase todo o universo DC – e levou a editora ao topo das listas de mais vendidas por quase toda a sua duração, abrindo caminho para que Johns se tornasse um dos mais importantes executivos da editora. Tudo bem, é difícil acreditar que ninguém mais voltará à vida na DC, como a história anuncia em sua conclusão – mas vamos jogar com as regras atuais enquanto elas não são mudadas. PS: vejam só que ironia: Barry Allen funciona muito bem como sidekick de seu velho amigo Hal Jordan. Talvez seja para isso que o trouxeram de volta, afinal.