No Brasil não! Nossa legislação penal criou o bandido bom. É o bandido que não tem antecedentes previstos na legislação; é o bandido que “rouba, mas faz”; é o bandido que legisla e tem “foro privilegiado”; é o bandido que executa ordens; é o bandido que “não sabe de nada”; é o bandido que mata por “dolo eventual”; é o bandido que usa do cargo para nada fazer além de se projetar politicamente…
Criamos uma sociedade de bandidos bons. Ou bons bandidos, como queiram. Bandidos que legislam, administram e julgam. Bandidos que empreendem e bandidos que trabalham.
O que surpreende é ser a maioria dos brasileiros constituída de não bandidos e nada mudar.
O que nos falta é conjugar, de forma impositiva, o verbo ser no plural:
Eu não roubo (verdade)
Tu não roubas (quase verdade)
ele não rouba (não temos a menor certeza disso)
nós não roubamos (como falar em nós se entre o nós estão os “eles”?)
vós não roubais (quase verdade)
eles não roubam (mentira quase absoluta)
Tenho visto, em minhas andanças por esse Rio Grande, a que ponto chegamos: pessoas não bandidas confusas com o misto de sentimentos, a indignação com a impotência.
Não há um com quem se converse que não expresse esse mal, aparentemente insolúvel: indignados, porém impotentes para mudar o que aí está.
E é disso que se aproveitam as hostes legislativas, administrativas e empresariais, com a anuência daquela que deveria ser a guardiã maior da sociedade: a hoste julgadora. Aplicam a letra morta da lei se assim lhes for conveniente.
Alguém que rouba a saúde do povo; que rouba a educação das nossas crianças; que rouba nossa segurança; que rouba o futuro dos nossos filhos e netos é um bandido bom, sem antecedentes.
Algo está errado. Comigo. Eu deixei tudo isso acontecer.
(imagem: Google)
Pra onde correr? E, se corrermos pra um mesmo lugar, como não repetir os velhos erros? Complicado…