Que país é esse?


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O último número da revista História Viva (n.85), apresenta o dossiê “O Milagre de 1822”, escrito por Laurentino Gomes, autor do também recém lançado “1822”. 

Na reportagem, Laurentino faz referência de que em 1822 apenas 1 em cada 10 brasileiros sabiam ler e escrever; um em cada três brasileiros eram escravos e que éramos dominados por uma elite “constituída por traficantes de escravos, fazendeiros, senhores de engenho, pecuaristas, charqueadores, comerciantes, padres e advogados” (p.28).

Cento e oitenta e oito anos passados, a pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro (aqui) nos mostra que o quadro não mudou: 47% da população brasileira mal possui a “capacidade de localizar informações em textos um pouco extensos, podendo realizar pequenas inferências.”; 21% mal consegue “localizar informações explícitas em textos curtos, um anúncio ou pequena carta.” E 7% ainda são considerados totalmente analfabetos.

Nos diz a página do IPM:

“Os resultados de 2009 revelam importantes avanços no alfabetismo funcional dos brasileiros entre 15 e 64 anos: uma redução na proporção dos chamados “analfabetos absolutos” de 9% para 7% entre 2007 e 2009, acompanhada por uma queda ainda mais expressiva, de seis pontos percentuais no nível rudimentar amplia consideravelmente a proporção de brasileiros adultos classificados como funcionalmente alfabetizados. O nível básico continua apresentando um contínuo crescimento, passando de 34% em 2001-2002 para 47% em 2009.

Já o nível pleno de alfabetismo não mostra crescimento, oscilando dentro da margem de erro da pesquisa e mantendo-se em, aproximadamente, um quarto do total de brasileiros, conforme a tabela abaixo:

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De acordo com o Inaf, “chama a atenção o fato de 54% dos brasileiros que estudaram até a 4ª série atingirem, no máximo, o grau rudimentar de alfabetismo. Mais grave ainda é o fato de que 10% destes podem ser considerados analfabetos absolutos, apesar de terem cursado de um a quatro anos do ensino fundamental.

“Dentre os que cursam ou cursaram da 5ª a 8ª série, apenas 15% podem ser considerados plenamente alfabetizados. Além disso, 24% dos que completaram entre 5ª e 8ª séries do ensino fundamental ainda permanecem no nível rudimentar. Dos que cursaram alguma série ou completaram o ensino médio, apenas 38% atingem o nível pleno de alfabetismo (que seria esperado para 100% deste grupo).

“Somente entre os que chegaram ao ensino superior é que prevalecem (68%) os indivíduos com pleno domínio das habilidades de leitura/escrita e das habilidades matemáticas”.

Interessante notar que mesmo entre os considerados plenamente alfabetizados, apenas 68% possui pleno domínio das habilidades de leitura/escrita e das habilidades matemáticas.

Tudo isso, dito sem hipocrisia, significa: não melhoramos em absolutamente nada no que diz respeito à educação nesse país. Educar deveria pressupor dar às pessoas condições de pleno entendimento do que lhes ocorre, isto é, dar-lhes capacidade de analisar e tomar as melhores decisões para si e para a sociedade. Esse nível da educação brasileira reflete-se, por óbvio, no país que somos.

Vendem-nos a hipocrisia de que estamos melhores; mostram-nos indicadores que apenas dizem de um aumento no número de pessoas que sabem assinar o nome. O próprio IPM reconhece que “o nível pleno de alfabetismo não mostra crescimento, oscilando dentro da margem de erro da pesquisa e mantendo-se em, aproximadamente, um quarto do total de brasileiros”.

Sem hipocrisia: no que está virada a educação no Brasil? Em agressões de alunos contra professores; de professores contra alunos; bullying; falta de infra estrutura e materiais nas escolas; professores que mal e mal repetem em sala de aula o conteúdo de livros; professores com remuneração que fere a dignidade humana.

E uma das piores hipocrisias que cometemos: sistematicamente as escolas-empresas, e o próprio governo, que se recusam a fazer a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais.

Quase duzentos anos passados e a única coisa que fizemos foi trocar as moscas… Se bem que nem todas…

Que país é esse?
 

About the author

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!