E ai? No Que Deu?

Natal é uma excelente oportunidade para revermos familiares queridos (ou nem tão queridos assim), amigos e etc. As conversas sempre giram em torno de assuntos que permitam saber sobre como anda a vida do outro, como emprego, família, viagens recentes, etc… o encontro de Natal bem que poderia ser chamado “No Que Deu?”

Natal é uma excelente oportunidade para revermos familiares queridos (ou nem tão queridos assim), amigos e etc. As conversas sempre giram em torno de assuntos que permitam saber sobre como anda a vida do outro, como emprego, família, viagens recentes, etc… o encontro de Natal bem que poderia ser chamado “No Que Deu?”

Há diversos personagens nestes encontros. Há, por exemplo, sempre aquela tia chata que prefere ver a banda passar para poder criticar tudo ou qualquer coisa e geralmente você é o alvo preferido. Há o bêbado, aquele que antes da meia-noite já embola a voz e não sabe falar se não for segurando você pelo braço. Claro, onde há bêbado, há o equilibrista, aquele que prefere manter um clima de harmonia na festa e que todos são felizes, quase sempre começa a oração nos recordando que “Jesus não é mais lembrado e que todos os presentes deveriam ser para ele…”.

Mas hoje eu quero falar de um personagem que somente agora me dei conta da sua existência: o pequeno burguês. Ele é de classe média, possui um pequeno negócio ou é executivo de uma multinacional, ou os dois. De cada dez frases sobre assuntos contemporâneos, oito começam com “eu li na Veja…”. Encontrei um destes numa reunião que ocorria na casa de meu vizinho. Engenheiro químico, bom papo, casado, pai de dois filhos. Uma simpatia. Brindamos alguns copos de uísque, até discutirmos política.

Disse que não vota no Lula e que o Bolsa Família é populismo. Perguntei como andavam as vendas (é dono de uma loja de perfumes de marca numa cidade do interior), me respondeu dizendo que dobrou nos últimos dois anos. Fui direto ao ponto: então como o governo Lula tem sido ruim para você? “Eu li na Veja… e blá, blá, blá…”. O que ouvi foi um festival de aberrações teóricas fundamentadas quase sempre nas “reportagens” da revista. Pensava comigo se este sujeito não tinha senso crítico. Compreendo que os empresários tendem a pensar que um governo de direita é sempre melhor para os seus negócios, afinal governos de direita pregam liberdades de comércio, ausência do Estado na economia, etc. Mas se alguém conseguir listar uma quantidade de políticos brasileiros que sejam de direita autênticos, ou seja, que em absolutamente nada dependam do Estado, eu faço questão de valorizar o trabalho destes. Mas tem que ser uma quantidade que pelo menos encha uma Kombi.

Empresários são ótimos para a economia. Polarizar o discurso de que empresários são ruins e corruptos é um pensamento retrógrado. Além do mais, não são burros. Sabem muito bem que há uma forte migração de pessoas da classe D para C e desta para a B nos últimos anos. O que me preocupa são os pequenos burgueses que repetem discursos e não questionam valores. Há muitas razões para rejeitar a política econômica do governo Lula, assim como houve para outros governos, mas quase sempre eles erram o alvo.

Ah! O pequeno burguês ficou feliz em saber que moro no Chile e quis saber que língua é falada por lá. Mas não foi o único, outro que fiz questão de telefonar para nos reencontramos me perguntou como vai o presidente do Chile… Evo Morales. E ai? No Que Deu?

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Márcio Pimenta