A mobilidade da TV Digital


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No início de dezembro foi oficializada a transmissão digital de televisão no Brasil. Desde setembro, as principais emissoras já faziam testes com o novo formato, que deverá se tornar padrão a partir de 2013, sendo que em 2016 se encerrarão as transmissões do sinal analógico. Entre outras vantagens, a partir de agora (não exatamente agora) dispositivos móveis podem captar sinais de TV perfeitamente. Ou não?

Para um celular ser capaz de sintonizar um canal de televisão, ele precisa ser compatível com o padrão de transmissão adotado pelo Brasil (o tal padrão japonês – tecnicamente, ISDB-T). Além disso, é necessário que ele disponha da tecnologia 1-seg, que permite que as imagens transmitidas em alta definição sejam exibidas nas telinhas pequenas dos aparelhos. Ou seja, quase nenhum aparelho disponível no mercado possui essas características, ainda que já tenha se passado quase 1 mês da oficialização do sinal, e bem mais tempo se for contar a fase de testes.
Por um lado, poderia se imaginar um certo descaso das empresas de tecnologia, que aparentemente não estariam interessadas em investir nestes dispositivos. Um exemplo disso é o novo lançamento da Gradiente, que permite assistir TV digital com mobilidade sem nenhuma função de celular ou qualquer outra coisa, através do aparelho DTV-500. Entretanto, a Samsung já anunciou para o primeiro trimestre de 2008 um aparelho celular capaz de captar o sinal da TV Digital brasileira, além de possuir bluetooth, mp3 player, cartão de memória e todos estes outros acessórios cada dia mais comuns.
Tecnologia à parte, a transmissão digital levará os consumidores a uma nova corrida consumista, incentivada pelas lojas e grandes redes, e mascarada de uma falsa verdade sobre as reais capacidades dessa novidade (assim como já está acontecendo com os aparelhos de TV). Algumas verdades precisam ser deixadas claras para que não se gaste um dinheiro às vezes precioso em algo que não é (até agora) tão precioso assim.
A primeira verdade – e talvez maior – seja o fato de que a qualidade da imagem não será tão boa quanto a de um aparelho FullHD tão amplamente divulgado como o abre-alas da TV Digital. Aliás, não chegará nem perto da qualidade das TVs convencionais, às quais já estamos acostumados. Obviamente, será possível ter uma imagem nítida do programa assistido, mas o tamanho da tela do celular será um grande obstáculo para programas com riqueza de detalhes, ou mesmo filmes com legendas, por exemplo.
Outro ponto é o preço desses lançamentos. Aqui ressalva-se que novidade é cara, e tecnologia é mais cara ainda, o que pode explicar (não justificar) o alto preço. Mas os primeiros dispositivos serão bem menos "acessíveis" do que esperava o governo brasileiro. Afinal, não são muitos os que possuem mais de R$1500 para gastar em um celular.
Além disso, o sinal de TV Digital está por enquanto somente na cidade de São Paulo, e nem sequer em todos os bairros. Muito desta fase inicial ainda é encarada pelas emissoras de TV como teste, mesmo que oficialmente lançado (lembra um pouco o que a Microsoft faz com seus Windows – lança, deixa o mundo inteiro encontrar os erros, e depois solta um Service Pack corrigindo aquilo que não deveria ter sido lançado tão mal feito).A previsão é que somente em 2009 todas as capitais brasileiras estejam cobertas pelo sinal. Isso sem falar das cidades do interior do país que, devido à sua importância e/ou tamanho, já deveriam possuir o sinal. Mesmo assim, muitas lojas venderão aparelhos com a desculpa que, quando o sinal estiver disponível, o usuário já consiga captá-lo. Mesmo que este usuário pague muito mais por algo que não utilizará tão brevemente.
É o velho pensamento mercadológico brasileiro, aplicado às novas tecnologias. Meu vizinho mesmo já comprou uma TV FullHD e o conversor para TV Digital, ainda que o sinal só chegue na minha cidade em julho ou agosto de 2008. É absolutamente importante que nós, brasileiros, acompanhemos sempre próximos os novos passos da tecnologia. Mas, a que custo?
Por enquanto, ainda vou continuar com meu C200, ainda que eu morra de inveja de quem tem um N95.

PS: alguém já conseguiu sintonizar o sinal digital em São Paulo? Em casa ou no celular?

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Fábio Dassan