Distel, a flor do ano 2008

DistelDistel é uma planta que por aquí é considerada erva daninha, corre o risco de extinção e não por acaso foi eleita a flor do ano de 2008 pela Sociedade de Proteção à Natureza de Hamburgo, Alemanha. Saiba um pouco mais sobre esta espinhosa dama…

 

Suas flores são lilases, suas folhas possuem espinhos. Ela, Nickende Distel (Carduus nutans) foi eleita a flor do ano de 2008 pela Fundação de Proteção à Natureza de Hamburgo. Na verdade essa dama de lilás, que é considerada erva daninha, não foi por acaso eleita a flor do ano: ela corre o risco de extinção. Em alguns estados da Alemanha ainda podem ser vistas nos campos selvagens não cultivados chegando a medir até 1 metro de altura. Pertence a uma grande a família das Asteraceae sendo mais de 22.000 sub-espécies em diferentes zonas climáticas do planeta.

 

Ela gosta de lugares quentes e se sente totalmente à vontade em solos calcáreos, pobres em matéria orgânica. Nas últimas décadas eram vistas entre as frestas dos muros, nos jardins não cultivados das antigas casas, nos montes de lixos. Hoje o cultivo excessivo do solo fez com fossem desaparecendo da flora alemã de muitos mil anos e se não forem tomadas medidas de proteção, logo logo só sera conhecida somente em fotografias. As Distels são importantíssimas como habitat para larvas; seu nectar é fonte de alimento para borboletas, abelhinhas, abelhões (foto) e outros insetos e suas sementes enchem os papos de um sem número de pássaros.

É uma planta que floresce a cada 2 anos, nos meses quentes da Europa, isto é de junho a setembro. Primeiro cresce uma roseta com espinhos e somente no segundo ano é que as flores abrem podendo ter até 3 centímetros de diâmetro.

 

 

 

Borboleta saboreando uma Distel

 

Bíblia

 

As plantas da família da Distel foram citadas no Antigo e Novo Testamento e estão associadas a algo negativo “Dornen” (espinhos em alemão). Na criativa fantasia dos profetas as palavras “Dornen” e “Distel” tem o significado “do mal”, “punição”, “declínio”, “destruição”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Abaixo outra variedade de Distel (Distel bola, Distel Echinops)

 

 

Revitalizando

 

 

 

Aquí na Alemanha ha um movimento que eles chamam de “Renaturierung”, ou revitalização, para nós, e quer dizer deixar a natureza como esta tentando restabalecer a paisagem natural antes da interferência do homem. Em determinadas áreas os campos não são mais cultivados deixando crescer a vegetação naturalmente, das florestas não é mais retirada madeira e os rios correm livres formando curvas e bancos de areia, proporcionando a volta de animais e plantas que ocupavam aquele habitat. Não é à toa que o movimento Verde aquí é forte. Nas chamadas Komunas, as pequenas cidades, os agricultores são incentivados por iniciativas governamentais a deixarem uma área na borda dos campos cultivados para que floresça a vegetação nativa. Imaginem que uma semente no solo pode germinar mesmo depois de 50 anos! Estas são iniciativas que se vê com muita alegria nos passeios pelos arredores das cidades.

 

Laboriosas ovelhas

 

 

No parque Nacional de Eifel, Renânia do Norte, as ovelhas estão a serviço da natureza: Na Estação Ecológica “Heide-Drove” (foto) as ovelhas ajudam a preservação da vegetação nativa mantendo o capim baixo e proporcionando que as plantas raras floresçam, bem acompanhadas de um pastor alemão e… do pastor alemão.

Distels benvindas

 

 

No primeiro dia de outono recebi a grata visita de 3 borboletas (Peacok inachis io/uma delas no flagrante na foto abaixo). Não sabia que estas bonitezas não gostavam das dálias cuidadadosamente plantadas nos vasos nem de flores coloridas compradas na floricultura, que são como as rosas de plástico sem gosto e sem cheiro que a minha mãe tinha num jarro na sala. Elas saboreiam sim Distels e outras flores selvagens. Da próxima vez vou deixar crescer mais ervas daninhas no jardim.

 

 

Saiba mais: A Fundação de Hamburgo (em alemão) tem como objetivo desenvolver projetos em áreas sob proteção ambiental, incentivar projetos de pesquisa e educação e desde 1980 escolhem uma flor para representar o ano. Também entrega o premio de “Planta de Prata” para instituções, grupos organizados ou pessoas, que desenvolvam relevantes projetos na área de proteção ambiental.

 

 

Fotos: Solange Ayres

Distel em Niedeggen, Rath, Comarca de Düren, Alemanha.

Fonte: Stiftung Naturschutz Hamburg und Stiftung Loki Schmidt zum Schutze Gefährdeter Pflanzen.

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Solange Ayres