Loganálise By César Ebraico / Share 0 Tweet Como uma exposição sobre o que seja a “mente” e o “mental” pode tornar-se extremamente complexa e sofisticada, arriscando afugentar o leitor leigo, optei por introduzir o assunto falando sobre o que é a Psicanálise, deixando que o aprofundamento do tópico ocorra a partir dos comentários que sejam eventualmente feitos a ele. Comecemos, pois: Antes de tudo, lembremos que dizer que a Psicanálise é "uma teoria e forma de tratamento psicológicos criados por Sigmund Freud" é uma péssima – e freqüente – maneira de se tentar defini-la. Tanto, na verdade, quanto seria tentar definir "avião" como "tipo de objeto voador inventado por Santos Dumond". Esse tipo de "definição" indica apenas que se "jogou a toalha", desistindo de encontrar para um certo "definiendum" um adequado "definiens". Desse tipo de definição canhestra, de qualquer forma, aproveita-se que a Psicanálise existe em dois grandes registros: (1) como teoria psicológica e (2) como forma de tratamento a partir dela fundamentado. Exploremos isso: (A) Que traço comum têm duas teorias psicológicas que mereçam ser chamadas de "psicanalíticas", por mais que, sob vários aspectos, possam diferenciar-se e, até mesmo, divergir, traço comum que nos permita legitimamente falar em "várias Psicanálises", p. e., em Psicanálise Freudiana, Existencial, Sullivaniana, Lacaniana, Loganálise etc.? Esse traço é o seguinte: (1) uma especial definição do que seja o PSICOLÓGICO, desde sempre empregada por Freud (embora nem mesmo ele tivesse muita clareza sobre isso) e herdada de Franz Brentano, ou seja, a de que "psicológico" é sinônimo de "intencional". Ou seja, onde há intencionalidade há psicológico e onde há psicológico há intencionalidade, sendo a Psicologia Psicanalítica a ciência que estuda as intenções em (a) seus propósitos, (b) em suas intensidades e (c) nos conflitos que estabelecem entre si; e (2) o reconhecimento de que tais intenções podem operar mesmo quando não conectam suas representações não verbais com suas representacões verbais, estabelecendo, por meio dessa conexão, uma "co(ns)ciência (= "co-ciência" = “ciência dupla”, verbal e não verbal); Concluindo: sempre que uma TEORIA apresente as duas características que acabei de listar, ela merece ser designada como Psicanálise. (B) Já enquanto TRATAMENTO PSICOTERÁPICO, uma técnica merece ser considerada como legítima representante da Psicanálise, se essa técnica, não importa quais seus procedimentos, tem por objetivo (1) estabelecer conexões inexistentes, ou (2) reestabelecer conexões anteriormente existentes, entre representações verbais e não verbais. A clareza conceitual sobre o que seja a Psicanálise, em seus registros técnico e teórico, fere os interesses corporativos dos que pretendem ser os únicos "verdadeiros representantes" dela. Essa a razão da bruma que, até hoje, tem-se mantido sobre sua conceituação. Quem tiver interesse de aprofundar-se sobre a identificação freudiana entre "psíquico" e "intencional", consulte meu artigo "O Conceito Freudiano de Psicológico", clicando no ‘bottom’ LOGANÁLISE PRO, do site www.loganalise.com)