Psiquiatria – Indústria de morte – Um vídeo desonesto


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

Depois de eu haver severamente criticado, por sua evidente má-fé e falta de seriedade científica, o vídeo intitulado "PSIQUIATRIA – INDÚSTRIA DE MORTE" (cf. YOUTUBE) recebi um e-mail com as perguntas que transcrevo e respondo abaixo.

Você assistiu o vídeo?

Sim, assisti

O que você sabe sobre os que produziram o vídeo, a tal de Comissão dos Cidadãos para os Direitos Humanos, USA?

Apenas que são descaradamente desonestos em sua abordagem.

Quem foi o autor principal do texto dos DIREITOS HUMANOS para a ONU?

Não tenho a menor idéia.

Qual a diferença que você fez entre as ‘práticas criminosas’ e o profissionais alinhados com o benefício da saúde das pessoas na Psiquiatria?

A diferença que o vídeo NÃO TEVE A HONESTIDADE DE FAZER, e que só não é óbvia para quem é sonso ou retardado.

O vídeo generaliza TODOS os Psiquiatras ou separa as práticas criminosas?

Vocês esqueceram de qual é o título do vídeo? Vou lembrar: é “PSIQUIATRIA – A INDÚSTRIA DA MORTE”. Vocês vêem, nesse título, algum cuidado em deixar claro que existe – como, aliás, em qualquer outra prática humana – a BOA e a MÁ Psiquiatria?

Você pode citar seu testemunho sobre a DESONESTIDADE do vídeo? Em que ponto você acha terem sido desonestos?

A desonestidade começa com a desfaçatez do mencionado título e se prolonga com a cuidadosa eliminação de todo e qualquer dado ou depoimento que contraste os benefícios da Psiquiatria com seus malefícios.

Como você define HONESTIDADE?

Como a qualidade das pessoas e instituições cujas palavras correspondem a seus atos e intenções. Posto isso, a desonestidade do vídeo é flagrante: pretende estar a serviço de EXPOR A VERDADE sobre a prática psiquiátrica, quando é gritante sua INTENÇÃO DE DEDICAR-SE UNICAMENTE A DENEGRI-LA.

Qual a origem do termo ‘Mente Aberta’?

Não sei a origem, mas sei o significado: representa o contrário do tipo de mente que produziu o vídeo em questão, fechada para toda informação que contradiga o tipo de distorção que pretende veicular.

Qual a diferença que faz entre ‘doença do corpo’ e ‘doença da mente’?

Vou exemplificar. Uma cegueira histérica é PSICO(causa)-somática(efeito) – lato sensu, deixando de lado a diferença entre sintoma psicossomático estricto sensu, conversão e sintoma vegetativo – uma cegueira provocada por diabetes mellitus é SOMATO(causa)-somática(efeito), uma síndrome pós-encefalítica é SOMATO(causa)-psíquica(efeito), uma amnésia dissociativa é PSICO(causa)-psíquica(efeito). Se essas ilustrações não foram suficientes para iluminar as diferenças, sugiro a leitura de meu artigo "O Conceito Freudiano de Psíquico", em www.loganalise.com e de minha tese sobre "O Conceito de Doença Mental" (PUC-1976).

Assim como as causas das doenças, como se processam? Como você define DOENÇAS PSICOSSOMÁTICA? Quais as CAUSAS? Como se instalam na Mente?

Esse tipo de pergunta não é para ser respondida por um email, mas por um tratado de Psiconosologia.

Nomina Stultorum Obique Loquorum?

A intenção, imagino, seria dizer "nomina stultorum Ubique loquUNTUR". Como se vê, "etiam scribuntur"…

O que achou dos filmes das lobotomias, eletro-choques, coquetéis de drogas e maus tratos nos internamentos psiquiátricos?

Achei, já que sabemos latim, que ABUSUS NON TOLLIT USUM.

A declaração de diversos Psiquiatras, incluindo o ex-Presidente da Psiquiatria Mundial, merecem crédito?

Só vi um depoimento relativamente imparcial; os demais eram absolutamente incompetentes (com destaque para o Thomas Szasz) e enviesados.

Por que nenhum dos Psiquiatras entrevistados pôde responder qual a Metodologia Científica de Diagnóstico de Doenças Mentais?

Porque os autores do vídeo, evidentemente, tomaram o cuidado de NÃO ENTREVISTAR representantes minimamente competentes da especialidade. Ou de eliminar os depoimentos deles, quando da edição do vídeo.

Você acha que existe[m] [tais metodologias], quais? Explicar o procedimento seria interessante…

Óbvio que existe. Só não vê quem não quer. A saúde psicológica é a capacidade de fazer decisões que otimizam funcionalidade e prazer. Há estados padronizados que dificultam essa otimização. Alguém tem dúvida de que o TOC ou a esquizofrenia, por exemplo, fazem isso? De qualquer forma, qualquer intervenção médica – psiquiátrica ou não – só se justifica se for capaz de aumentar – não de diminuir – a capacidade de um sujeito para a funcionalidade e o prazer. Uma lobotomia feita em um paciente vítima de estados de mal epiléticos capazes de levá-los a êxito letal pode SALVAR-LHES A VIDA, sendo, portanto, perfeitamente LEGÍTIMA, aquela feita em um esquizofrênico, dificilmente irá aumentar tal capacidade, pondo em discussão sua legitimidade.

A quem compete provar uma Teoria, desde a hipótese passando pela tese e resultados obtidos? A quem diz possuir ou a quem nega que possuam?

A quem NÃO ESTÁ A PRIORI COMPROMETIDO com o resultado da pesquisa.

Como resolver esta questão?

Selecionando-se, para a realização dessas pesquisas, pessoas com a mente mais "arejada" e menos comprometida do que, por exemplo, a dos autores de “PSIQUIATRIA – A INDÚSTRIA DA MORTE”.

Você acha que não se pratica[m] mais eletro-choques e coquetéis de drogas no Brasil?

Não, não acredito nisso nem em Papai Noel. Tais intervenções são praticadas não só no Brasil como em todas demais partes do mundo. E vocês? Acreditam que TODOS eletro-choques e coquetéis de drogas aplicados no Brasil ou alhures são contra-indicados? Enganam-se. Contra-indicadas são as aplicações que a má-fé dos autores do vídeo em tela escolheu para satanizar esses tratamentos, em vez de avaliar imparcialmente suas vantagens e desvantagens.

Acha mesmo que a farmacologia poderia curar doenças da mente? Como?

A farmacologia pode ser paliativa – com usos tão legítimos quanto de um analgésico – ou curativa – quando, por exemplo, emprega drogas para CURAR uma psicose puerperal de natureza toxi-infecciosa ou uma intervenção cirúrgica para extirpar uma neoplasia responsável por uma psicossíndrome cerebral localizada.

Por ventura o tão propalado controle tem data marcada para terminar ou cria de fato uma dependência ‘ad eternum’?

QUAL controle? O do alprazolam para controlar, SEM O DEVIDO ACOMPANHAMENTO PSICOTERÁPICO (esse sim, no caso, curativo), uma síndrome de Pânico derivada de Transtorno Fóbico-Ansioso promete uso interminável, para proveito e gáudio de uma indústria farmacêutica e de profissionais irresponsáveis e gananciosos; o do carbonato de lítio para controle de um Transtorno Bipolar pode prometer uso interminável, mas, por vezes, INDISPENSÁVEL (como o da insulina para um diabético, o que, aliás, não provoca escândalo em ninguém); o da ritalina para o controle de um Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção empregado em um pré-adolescente promete uso terminável, já que o quadro tende a remitir espontaneamente com a idade; etc., etc., etc. Acho extremamente pouco sério encararem-se de forma generalizada perguntas como essa.

Como a ciência poderia provar que a MENTE ou MEMÓRIA ou PSIQUE está no Cérebro?

Isso é muito complicado. Mas eu sugiro que se faça o seguinte: que se comece VERIFICANDO SE, nos DE-MENTES (= desprovidos de mente), as lesões ocorrem no dedão do pé, na panturrilha, no pênis, nos intestinos, no fígado, no estômago, nos rins, no baço, nos pulmões, nos braços, no olho, na boca, no nariz, nas orelhas ou no córtex cerebral. Se, para a surpresa de alguns, a lesão for no córtex cerebral, talvez uma pessoa especialmente sagaz consiga, frente a tal resultado, descobrir a resposta para essa pergunta.

A mente é abstrata ou física?

Imagino que a idéia seria perguntar se a mente é MATERIAL ou ESPIRITUAL. Pois bem, se a mente de um DE-menciado por uma atrofia cortical difusa – como ocorre, por exemplo, com o Transtorno de Alzheimer – continua operando de forma hígida em alguma outra dimensão não material, não faço a menor idéia. Platão acharia que sim, Aristóteles que não. Quanto a mim, prefiro adotar a velha "époché", a famosa "suspensão de juízo", inclusive porque não consigo ver nenhuma vantagem prática em tentar responder tal pergunta.

O que significa a etimologia da palavra PSIQUE LOGUS – O estudo do Pensamento ou do Espírito?

Não conheço "LOGUS", conheço "LOGOS" e vou permitir-me supor que sua pergunta se refere ao significado do termo "Psicologia". Seu significado é "discurso" ("Logos") sobre a "alma" ("Psyché"), devendo naturalmente levar-se em conta que, como apontamos, o termo "psyché" foi considerado por alguns – citei há pouco Aristóteles – como de natureza material – e por outros – citei Platão – de natureza espiritual. Quanto ao "pensamento", ele é objeto de apenas parte do "estudo da alma" – que também estuda os afetos, os sentimentos, as emoções, os desejos, a vontade etc. – em variantes materialistas ou não.

Quem nas ciências, de fato estudou a Psique, poderia citar?

Considera-se que o estudo científico da mente começou com Fechner e Wundt, em meados do século XIX. Os outros são conhecidos demais: Kraepelin, Bleuler, Freud, Jung, Watson etc., etc..

Qual a diferença entre A Mente e os Efeitos sobre o corpo?

De novo, sou forçado a remetê-los ao artigo e à tese anteriormente referidos.

[Quanto a] as perguntas aqui feitas para o DEBATE (intermediador), que profissional teria sido o autor delas? Que idade teria, que cursos, que graduações na área?

Espero sinceramente, para que eu não pense muito mal dele, que tenha sido um astrônomo, um veterinário, um engenheiro etc., ou que, se tiver sido alguém que milita na área da saúde mental, que seja bem novinho e esteja nos cueiros de sua formação.

Loganálise

About the author

César Ebraico