Demografia By José Eustáquio Diniz Alves / Share 0 Tweet Entre as economias desenvolvidas, os Estados Unidos da América (EUA) são o país com maior nível de fecundidade. No quinquênio 2005-2010 a Taxa de Fecundidade Total (TFT) nos EUA era de 2,1 filhos por mulher, enquanto na média dos países desenvolvidos era de 1,7 filhos e no Brasil estava em 1,9 filhos. A estimativa da TFT da divisão de população da ONU para o quinquênio 2010-15 é de 2,1 filhos nos EUA, 1,7 filhos na média dos países desenvolvidos e de 1,8 filhos no Brasil. Porém, os dados mais recentes do National Center for Health Statistics mostram que a fecundidade começou a cair após a crise econômica que teve início em 2008. Em 2007, nasceram 4.316.233 bebês, representando 69,5 nascimentos para cada mil mulheres entre 15-44 anos. Em 2010, nasceram 4.007.000 bebês, representando 64,7 nascimentos para cada mil mulheres entre 15-44 anos. O comportamento da natalidade dos EUA e do Brasil tem seguido caminhos diferentes. No quinquênio 1980-85, o Brasil tinha cerca de 32 milhões mulheres entre 15-49 anos e teve uma média de 4 milhões de nascimentos, enquanto os EUA tinham 62 milhões no período reprodutivo e uma média de 3,6 milhões de anscimentos por ano. Já no quinquênio 2005-10 o número de mulheres entre 15-49 anos passou para 52 milhões no Brasil e para 72 milhões nos EUA, mas a média de nascidos vivos caiu no Brasil para 3,1 milhões por ano e subiu nos EUA para 4,2 milhões por ano. Para o quinquenio 2045-50, as estimativas da ONU apontam para 48 milhões de mulheres em período reprodutivo no Brasil e para 84 milhões de mulheres no EUA, enquanto devem nascer 2,1 milhões de bebês por ano, no Brasil, e 5,1 milhões de bebês nos EUA. Na hipótese de uma população estável e com esperança de vida de 80 anos, o Brasil teria uma população esperada (estabilizada no longo prazo) de cerca de 160 milhões de habitantes e os EUA de 400 milhões de habitantes. As projeções da ONU sugerem que a população dos EUA vai continuar crescendo, enquanto a população do Brasil deve caminhar para a estabilidade ou uma leve redução a partir dos anos 2030. A distância no tamanho das duas populações que vinha diminuindo ao longo do século XX deve voltar a aumentar no século XXI. Porém, o ritmo de crescimento da população americana pode diminuir devido à crise econômica e às relações intergeracionais. Na verdade, os EUA são um dos poucos países que apresentam variações cíclicas nas taxas de fecundindade. O número médio de filhos por mulher caiu entre 1929 e 1945 (período que vai do crack da Bolsa de Nova York até o fim da Segunda Guerra), subiu de 1945 até 1965 (a geração Baby Boomers), caiu novamente entre 1965 e 1985 e subiu entre 1985 e 2007 (New Baby Boomers). Tudo indica que esta maior geração nascida entre 1985-2007 vá encontrar uma economia pouco dinâmica e gerando menos oportunidades de trabalho nos próximos anos. O resultado é que a fecundidade dos EUA deve apresentar uma ligeira queda nos anos vindouros. Mesmo assim, deve ter taxas de fecundidade acima da média brasileira, pois, no Brasil, a fecundidade, ao contrário dos EUA, tem um comportamento anti-cíclico, ou seja, ela cai mais rápido quando a economia vai bem e mais pessoas saem da linha de pobreza.