Este País, Alemanha By Solange Ayres / Share 0 Tweet Luzes! Passando a câmera na primeira cena em preto e branco na seqüência de cela em cela da esquerda para a direita: Ulrike Meinhof está pendurada na janela, enforcada com uma toalha… O final do filme* Fecha a cena. A câmera continua da esquerda para a direita e entre uma cela e outra ouve-se um tiro: Baader atira contra sua própria cabeça. A câmera se aproxima de um corpo, os pés são mostrados em close, Enssilin está enforcada em um cabo. Amplia-se para a cena geral. Corta! Irmgard Möller. Close na mão que segura uma faca de cozinha. Ela desfere várias facadas contra seu próprio coração. A câmera continua vagando devagar pelos corredores da prisão até parar numa das celas: Ingrid Schubert encontra-se morta enforcada. * A notícia quente da última semana fria de semtembro e que ainda vai dar o que falar até a festa do Oscar foi o lançamento do filme “Der Baader Meinhof Konplex”, “O Complexo Baader Meinfhof” um drama baseado em fatos reais com muita ação e explosão de bomba, como manda o figurino de filmes aos moldes de Hollywood e que conta a história da RAF “Roten Armee Fraktion” (“Facção Exército Vermelho”), suas raízes no movimento estudantil da década de 60 e 70, até a morte de Baader em 1977. O filme é baseado no livro homônimo “Der Baader Meinhof Komplex” do jornalista Stefan Aust, ex-chefe redator da revista “Der Spiegel” e que custou de 6,5 milhões de euros aos produtores, a mais alta soma gasta até então pelo cinema alemão. Os produtores, desde a sua constatação na lista para ser escolhido para concorrer ao mais alto prêmio da Academia de Cinema de Hollywood – ainda não nomeados- estão ansiosos com os resultados de glória, fama, retorno financeiro e esperam ter nas mãos uma estatueta de ouro na festa do Oscar. Ação! Por aqui todos temiam que o filme fosse reviver o mito da RAF e as cenas de brutalidade e violência não vão mentir. Os jovens militantes da RAF que propagavam uma sociedade mais justa não eram aqueles sonhavam com a paz, mas sim uma máquina de produzir ações violentas. A história é contada nos padrões de filmes de ação, com todos seus ingredientes, mexendo com as emoções. A preocupação do diretor foi com a fidelidade histórica, como nas cenas da sala de julgamento, os diálogos foram fiéis aos anais jurídicos. Como tudo tem que ser, a crítica também esta la para dar o seu palpite acerca do filme: "Os acontecimentos foram banalizados. Fizeram um filme politicamente correto, sem contextualizar historicamente os fatos, profissionalmente como Bonie e Clyde. Sobre as vítimas, nenhuma palavra". Já antes da avant première a produtora do filme a “Constatin Film” restringiu o trabalho dos jornalistas impedindo-os de publicarem qualquer conteúdo sobre o filme. Todos os direitos estão reservados à “Der Spiegel” e aqueles que “furassem” a notícia seriam punidos com uma multa de 100.000 mil euros. Claro que houve protesto e indignação da união dos Jornalistas alemães. Vocês podem ver o site oficial do filme e o treiller: www.bmk.film.de A real vida Na década de 60 crescia na Alemanha uma geração de jovens, cujos pais viveram os tempos de Hitler. Esses jovens queriam exorcizar os valores dos seus progenitores e foram abraçar a luta armada contra o capitalismo no contexto da Guerra do Vietnam a rejeição à política imperialista dos EUA. Nas grandes universidades da Europa fervia as demonstrações dos estudantes como vanguarda revolucionária influenciados pelo movimento socialista contra a guerra. Em junho de 1967, aproveitando a visita do Chá Rezah Pahlevi em Berlim o movimento estudantil foi às ruas para protestar contra as violações dos direitos humanos no Irã. No confronto estudantes e polícia o estudante Benno Ohnesorg foi morto a tiros por um policial causando revolta e colocando mais fogo na fogueira dos acontecimentos de 1968 n`Este País Alemanha. Na onda de protestos do movimento estudantil, Andreas Baader, Grudun Ensslin, Thorward e Horst Söhnlein, em abril de 1968, atearam fogo “em protesto contra a guerra no Vietnam”, no centro de compras de Frankfurt. Não demorou e a polícia acha os autores do crime, mas estes com a ajuda do advogado conseguem se livrar da pena. Após esses acontecimentos eles planejaram formar um grupo de guerrilha urbana nos moldes das guerrilhas latino-americanas. Em junho de 1970 aparece a primeira publicação Agit 883, a primeira, diga-se, “bases programáticas” da RAF, com textos de cunho libertário-anarquista. Numa entrevista Jünschke, ex-militante, da RAF disse: “Nós tínhamos medo da volta do fascismo”. Naquela época, o primeiro ministro alemão, era sustentado pelo partido CDU no qual havia muitos “Alt-Nazi” – velhos nazistas. Sem a guerra do Vietnam talvez não existisse a RAF, do ponto de vista de Jünschke. Quem era a RAF? A Rote Armee Fraktion era uma organização de extrema esquerda alemã, fundada em 1970, por Andreas Baader, Gudrun Ensslin Hors Mahler, Ulrike Meinhof e outros. Intitulavam-se comunistas, guerrilheiros, anti imperialistas, nos moldes dos Tupamaros do Uruguai. Queriam através da luta armada mudanças na sociedade. Era uma mistura de anarquismo, maoísmo-stalinista. A RAF opunha-se contra o aparato de Estado alemão. Denominados pela imprensa, inicialmente, como “Bando Baader-Meinhof” , referente a Andreas Baader e Ulrike Meinhof e mais tarde em 1970, como “Rote Armee” da antiga União Soviética, aqui “Rote Armee Fraktion” “Fração Armada Vermelha”, não eram vanguarda, nem faziam parte de algum “movimento revolucionário” de grande amplitude. Era um pequeno grupo armado, como os que existiam na Itália e Espanha ou na América Latina. O desenvolvimento da RAF se deu em mais de uma “geração” e no transcorrer dos anos sofreu modificações nas suas bases teóricas e práticas. A primeira geração Os primeiros membros da RAF lutavam contra o imperialismo americano, por isso, conquistou alguma simpatia da sociedade e de alguns nomes proeminentes da política e cultura alemãs. Eles estavam seriamente convencidos de que podiam mudar a sociedade através da luta armada. Em 1970, vários militantes foram treinados, nos campos de Al Fatah na Jordânia. Os militantes da RAF aquí eram considerados terroristas da mais alta periculosida que cometiam atos de violência sem pestanejarem. Ganharam atenção do Estado, quando em Berlim três bancos foram roubados, ao mesmo tempo, tendo sido levado um total de 209 mil marcos alemães. Na época, a revista Der Spiegel, noticiou que dois dos três roubos eram de responsabilidade da RAF e o outro fora feito pelo grupo anarquista “Movimento 2 de junho”. A investigação dos assaltos à mão armada bem como a prisão dos suspeitos custaram vidas. Em 1972, os militantes da RAF, praticaram atentado à bomba contra instalações militares dos Eua e bens públicos. A jovem democracia alemã era posta à prova, uma prova literalmente de fogo. Presos em junho de 1972 os membros da “primeira geracao” foram a julgamento: Baader, Ensslin, Meinhof e Raspe, Meins Gerhard Müller. O processo iniciou-se em 21 de maio de 1975 durando até 28 de abril de 1976, quando foi proferida a sentença final: Os jovens da RAF foram considerados culpados por vários assassinatos, tentativas de assassinatos e formação de organização terrorista penalizados com prisão perpétua. Ao tratamento recebido na prisão eles denominaram de “tortura de isolamento” e exigiram ser tratados como “prisioneiros de guerra”. Para atrair a atenção sobre si fizeram greve de fome por 10 vezes, o que teve como conseqüência a morte de Wittlich. Todas as ações, dentro e fora da prisão foram acompanhadas pelo público e tiveram grande cobertura da mídia. O filósofo francês Jean Paul Sartre visitou Baader, em 1974, na prisão em Stuttgart. Deustchen Herbst, Cronologia do “Outono Alemão” * Para entender os principais fatos e acontecimentos. Outubro, o ponto alto dos acontecimentos políticos 5 de setembro de 1977 Hanns Martin Schleyer presidente da Federação das Indústrias Alemã, um importante representante da economia é seqüestrado às 17.30 pela Rote Armee Fraktion, em Colônia. 6 de setembro O “Comando Siegfried Hauser”, como eles se auto denominavam, exigiam a libertação de 11 companheiros, dentre eles, Andreas Baader, Gudrun, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller presos em Stuttgart-Stammheim. Eles deveriam ser libertados com direito a partir para qualquer país que quisessem, caso as exigências não fossem aceitas, Schleyer seria morto. Os seqüestradores de Schleyer na Alemanha exigiram que dois palestinos presos na Turquia fossem libertados além de 15 milhões de Dólares. Os dois acontecimentos acima colocaram Este País-Alemanha em estado de alerta máximo. 23 horas do dia 6 O presidente alemão e seus ministros decidiram não ceder à pressão dos seqüestradores e apertaram as medidas contra os presos. Eles foram isolados completamente do mundo exterior, sem direito à visitas, nem mesmo a de seus advogados. 9 de setembro A central de polícia em Colônia recebe denúncia de um proprietário de apartamento em Erftstadt-Liblar. Este informa que sua locatária tinha efetuado o pagamento do aluguel em dinheiro vivo – o que para a polícia era atitude típica de terroristas. Por negligência na investigação os indícios não foram levados a sério. Schleyer de fato estava lá. 29 de setembro O Estado alemão promulga a “Lei de isolação”, oficializando a incomunicabilidade dos presos em 2 de outubro. Enquanto isso em Maiorca… 13 de outubro 13h00min Parte da Ilha de Palma de Maiorca um avião da Lufthansa com destino a Frankfurt. A bordo 86 passageiros e 5 tripulantes. Pouco antes de levantar vôo o denominado “Comando Palestino”, solidário à RAF, composto por dois homens e duas mulheres seqüestram o avião e exigem a libertação dos presos na Alemanha. Em curto pouso na Itália, o ministro do Interior alemão apela ao governo italiano para que não deixasse o avião partir, no entanto esse não atende aos pedidos e decide deixar a viagem seguir. Os seqüestradores decidem aterrissar em Larnaka na ilha de Chipre, mas não permanecem por muito tempo, seguindo vôo rumo ao Golfo Pérsico. Enquanto isso na Alemanha… 14 de outubro O filho de Schleyer tenta libertar o pai pagando resgate, no que foi impedido com o vazamento da notícia pela a imprensa. 16 de outubro O filho tenta mediar as negociações entre o governo alemão para que seu pai fosse libertado em troca dos presos. O governo nega. Enquanto isso… segue o seqüestro do avião… O avião segue vôo e aterrissa em Aden, sul do Iêmen, apesar da proibição. O comandante de voô é morto a tiros por ter feito a aterrissagem de emergência. Para os seqüestradores ele estava demorando muito. 17 de outubro O avião parte de novo em direção a Dubai, agora sob o comando do co-piloto e aterrissa às 2.00 horas em Mogadício na Somália. Horas depois, com o avião ainda em Mogadício, o ministro de estado alemão Hans-Jürgen Wischnewski (SPD) tenta negociações com o governo da Somália para que a tropa de elite alema pudesse agir em solo somaliano. Na escuridão da noite chega ao aeroporto da Somália o comando especial GSG9 de resgate e prepara a investida contra o avião. 18 de outrubro Cinco minutos depois da meia noite o comando especial invade o avião. Três dos seqüestradores são feridos pelos tiros do comando especial e todos passageiros foram libertados sãos e salvos. O ministro de Estado deu a notícia: “Die Arbeit ist erledig”, O trabalho foi concluído. Enquanto isso na Alemanha… 18/19 outubro Ainda na noite do dia 18, na prisão de Stammheim Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe recebem a notícia do desfecho do seqüestro do avião um através de um rádio transistor (introduzido na prisão por seus advogados). Na mesma noite eles cometem suicídio coletivo. Irmgard Möller sobreviveu ficando seriamente ferida no coração. 19 de outubro O fracasso do seqüestro em Modadício significou a condenação à morte de Schleyer. Na mesma tarde do suicídio coletivo na prisão, o jornal “La Liberation” publicou um esclarecimento da RAF: “Wir haben nach 43 Tagen Hanns Martin Schleyer klägliche und korrupte Existenz beendet”. “Nós acabamos, após 43 dias, com a corrupta existência de Hanns Martin Schleyer.” Schleyer foi encontrado em um carro na Alsácia, província a francesa com três tiros na cabeça. Sua morte gerou a maior investigação na história da república alemã. 20 de outubro O ministro da justiça de Baden-Wüttemberg toma para si a responsabilidade dos suicídios na prisão de Stammheim e se demite. Mais tarde foi descoberto que funcionários dos advogados “levaram” para dentro da prisão, armas, materiais explosivos e um rádio, escondidos dentro das pastas atas. Schleyer é enterrado. 27 de outubro Acontece o enterro de Baader, Ensslin e Raspe no cemitério de Stuttgart sob forte esquema de segurança, com grande cobertura da mídia. A “Stammheim Linie”, nome referente a prisão de Stammheim, acaba em 17 de outubro de 1977 com os suicídios de seus membros na prisão. Ao tomarem conhecimento do fracasso do seqüestro do avião puseram um fim em suas vidas, mas não à história. Sabe-se hoje que os prisioneiros se comunicavam nas celas com microfones e até hoje é discutido como em uma prisão de segurança máxima pôde-se introduzir armas. A carceragem tinha indícios do planejamento de suicídio dos presos, mas ignoraram. Até hoje não está claro, porque não foram tomadas medidas para evitá-los. Em reação às ações da RAF entre 1977 e 1979 o Estado alemão formulou a “Lei ante terror” cujo objetivo era de tentar conter o terrorismo. Eram medidas parecidas as que foram baixadas após o atentado de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que acirrou o controle, na Alemanha, dos aeroportos, o arquivamento, por seis meses, de emails e conversas telefônicas. Os críticos acreditam que o Estado com o intuito de “proteger” os cidadãos aproveita-se do medo provocado pelas ações terroristas para restringir as liberdades e criar o Estado vigiado. Segunda geração A segunda geracao se constituiu depois da prisao da “primeira geracao”. Muitos dos membros ou eram originários do partido Partido Socialista Coletivista, fundado em 1970 ou recrutados pelos advogados da primeira geração. O caminho escolhido foi também atos terroristas contra banqueiros e capitães de indústria. Gradativamente foram perdendo suas bases de apoio na sociedade, caindo na clandestinidade, operando em pequenos grupos militantes e se distanciando cada vez mais da realidade da política alemã. O “núcleo militante” era composto por cerca de 60 a 80 pessoase o “círculo militante” por cerca de 300 pessoas. A segunda geração passou grande parte do tempo organizando ações para tentar libertar os membros da RAF presos. Neste sentido, dois de seus membros invadiram a embaixada da Alemanha em Stocolmo, Suécia, tomaram 12 pessoas como reféns e exigiram a libertação de 26 prisioneiros da RAF, dentre eles Andreas Baader, Ulrike Meinhof, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe. O governo alemão não cedeu à pressão, ordenou à polícia que entrasse no prédio e espalhasse gás para adormecer os terroristas, no entanto, por razões desconhecidas explode uma bomba destes. Todos, que estavam na embaixada, sofreram queimaduras graves. Ulrich Wessel morreu na mesma noite, Siegfried Hausner 10 dias, depois na prisão de JVA Stuttgart, ambos eram membros da RAF. Em 1975 o candidato a deputado de Berlin CDU Peter Lorenz foi seqüestrado e pediu-se a libertação de membros da RAF em troca do candidato. O governo alemão, pela primeira, cedeu ao apelo da RAF e libertou alguns de seus membros que fugiram para o Iemem. Mais tarde eles voltaram à ativa. Após esses acontecimentos o governo alemão adotou a linha dura. A segunda geracao da RAF foi marcada pela vida na clandestinidade e pressões pelas investigações, ações de busca. Cartazes foram espalhados por toda a Alemanha como “Procurados”. Dez de seus membros foram se esconder na antiga Alemanha Oriental e permaneceram la até unificação, quando foram descobertos e presos. Capa do jornal panfletário Agit 883, onde foram publicadas em 1970 as "bases programáticas" da RAF. A terceira geração Da “terceira geração” faziam parte 20 militantes e 250 apoiadores que eram responsáveis por atos de sabotagens e assassinatos de pessoas importantes da política e economia alemãs. Em maio de 1982 publicaram o manifesto “Mai-papier” comunicando a mudança de seus objetivos. Planejaram ações e ataques precisos em cooperação com grupos de esquerda do Leste Europeu a “Action Directe” (Ação Direta) na Franca, “Brigade Rossa” (Brigada Vermelha) na Itália e “Cellules Communistes Combattantes” (Célula de Combatentes Comunista) na Bélgica. Os militantes da terceira geração são pouco conhecidos, deles os que mais se destacam são Wolfgang Grams e Birgit Hogefelde. Das dez mortes planejadas e executadas entre pela RAF entre 1985 e 1993 somente um o autor foi conhecido. As ações, atentados e assassinatos cometidos pela “terceira geração” foram duramente criticados pela esquerda alemã, principalmente depois do assassinato, com um tiro na nuca, do soldado de 20 anos, Edwald Pimental, de 20 anos. O assassinato foi praticado para obter o documento de identidade que facilitou o acesso de membros da RAF à Base Aérea militar de Rhein-Main. Um carro com 240 quilos de explosivo foi plantado dentro da base militar, que foi pelos ares causando a morte de duas pessoas ferindo mais onze. Em 1986, o gerente da Siemens, Karl Hinz Beckurts, junto com seu chofer, morreram num atentado à bomba. Em 10 de outubro, o diplomata Gerold von Braunmühl foi assassinado, em sua residência, a tiros, por duas pessoas. Em 30 de novembro de 1989, o chefe do Banco Alemão Alfred Herrhausen, morreu em conseqüência da explosão de uma bomba amarrada a uma bicicleta. Em 1991, o presidente da Treuhandruhanstalt, uma espécie de equipe de transição, criada para coordenar o processo de privatização na Ex DDR, foi morto. Em março de 1993, a RAF explodiu 200 quilos de TNT na prisão de JVA Weiterstadt . O atentado causou um prejuízos de 120 milhões de marcos, ao Estado. Mas na história nem tudo é para sempre. Em função da queda do real existente socialismo que se esfacelou juntamente com e a queda do muro de Berlin a conjuntura estava para mudar. O “movimento de guerrilha social” caiu no isolamento. Nos anos seguintes o Estado fechou cerco ao membros da RAF fazendo prisões com troca de tiros, mortes, até que em 1998 a organização Rote Armme Fraktion se deu oficialmente por auto dissolvida. “… é então história” E… 20 de agosto de 1998 a agência Reuters de notícias, da cidade de Colônia, recebeu um documento, considerado autêntico, e, escrito pela RAF proclamando sua auto dissolução. O texto original: “Vor fast 28 Jahren, am 14. Mai 1970, entstand in einer Brefeiunsaktion dei RAF. Heute beenden wir dieses Projekt. Die Stadtguerilla in Form der RAF ist nun Geschichte.“ “Em 14 de maio de 1970 se constituiu a RAF que atuou por cerca de 28 anos em uma ação libertadora. Hoje nós encerramos este projeto. A guerrilha contra o Estado em forma da RAF tornou-se história.” Os antigos membros da RAF hoje Peter-Jürgen Boock: Foi um dos autores do seqüestro do banqueiro Schleyer é escritor, vive em Freiburg, está livre, sob sursi, depois de cumprir 17 anos de prisão. Brigitte Mohnhaupt: Em março de 2007, depois de 24 anos de prisão foi libertada. Vive no sul da Alemanha, adotou outro nome e trabalha numa locadora de carros. Eva Haule: Saiu da prisão em agosto de 2007, cumpre o restante de sua pena na forma de surci por 5 anos. Ela foi acusada em 1994 de assassinato e está ligada ao atentado à bomba no aeroporto militar de Frankfurt em 1985. Hoje, com 53 anos, trabalha com fotografia curso que fez quando estava na prisão. Rolf Heißler: Membro da RAF desde o seu início, está hoje com 59 anos. É fato que ele fez parte do seqüestro de Schleyer. Nos anos da RAF trocou tiros com a polícia de fronteira da Holanda, em episódio no qual foram mortos dois funcionários. Foi preso em 1979, em Frankfurt, tentou suicídio com um tiro na cabeça, quando ficou seriamente ferido. Depois de cumprir 22 anos de prisão foi solto. Inge Viett: Em 1981 em Paris atirou em um policial ferindo-o severamente. Hoje trabalha como escritora. Karl-Heinz Dellwo: Foi um dos que fez parte, em 1975, em Stocolmo, Suécia. Trabalha hoje como autor de filmes documentários em Hamburgo. Silke Maier-Witt: É considerada um “modelo de reconciliação”. Fez parte do seqüestro de Schleyer, em 1977 e de vários assaltos a bancos. Estudou psicologia e tornou-se funcionária do Estado, trabalha no “Fórum Civil para a o serviço da Paz” em Kosovo, Albânia. Susane Albrecht: Em 1977, juntamente com Chrstian Klar e Brigitte Mohnhaupt fez parte do atentado que matou o banqueiro Ponteo, do Banco de Dresden. Foi presa depois da reunificação da Alemanha e cumpriu pena de 12 anos. Hoje trabalha em Bremen como professora. Monika Helbing: Ela fez parte do seqüestro de Schleyer, alugando o apartamento para a ação. Estava “desapareida” na antiga Alemanha Oriental, desde 1980, presa em 1990, foi condenada a sete anos de prisão. Hoje vive com outro nome. Adelheid Schulz: Fez parte do seqüestro e do tiroteio com a polícia holandesa, quando dois funcionários morreram. Em 1982 foi presa junto com Mohnhaupt tendo sido condenada três vezes à prisão perpétua. Em 1998 foi libertada por apresentar problemas de saúde. Em 2002 for perdoada, vive em Frankfurt, está oficialmente inválida. Um erro histórico Não conheço outro país que revolve tanto sua própria história como a Alemanha. Aqui verdadeiros e vivos personagens vêm a público para discutir as suas posições como, é o caso do ex-militante Klaus Jünschke. Membro da “primeira geração” da RAF, depois de 16 anos na prisão, recebeu perdão do Estado e hoje trabalha como escritor e com crianças de rua. Com quase 60 anos ele faz um balanço: “Foi um erro histórico. Nosso engajamento trazia em si, certa moral contra a guerra do Vietnam, e lutava por um mundo mais justo. Mas nós utilizamos os meios e métodos errados.” Jünscheke duvidou, pela primeira vez, em 1986 em uma carta aberta na qual se exigia que a RAF depusesse suas armas. “Este método destrutivo não traz esperança de liberdade nem de felicidade.” Ele foi condenado, junto com Ulrike Meinhof, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe, em Kaiserlautern pelo assalto a banco no qual morreu um policial. Para ele “uma tragédia da RAF”. “Em uma situação como esta é melhor deixar-se prender que matar alguém.” É incrível como Este País-Alemanha procura de toda forma explicações, justificativas, fazer balanços, escarafunchar as feridas tentando fazer com que a história seja melhor entendida. Jünschke, ex membro da RAF, foi convidado pela família do diplomata Gerold von Braunmühl- uma das vítimas da RAF- morto com um tiro, para um diálogo, uma tentativa de estabelecer e conhecer as razões das ações praticadas. O encontro aconteceu em Bonn. “Morte e tristeza de ambos os lados é preciso respeitar”. Perguntas do outro lado também foram feitas: A companheira de Jünschke foi morta com um tiro nas costas em sua casa por um policial, até hoje ele não teve resposta do Estado. *O final do filme: Alguns personagens da vida real morreram, entre 1976 e 1977, na prisão de segurança máxima de JVA Stuttgart-Stammheim. A cena acima, criada por mim, foi baseada em datas e fatos reais sem nenhuma ligação com qualquer cena do filme original. O filme estreou nos cinemas alemães em 28 de setembro de 2008. Os fatos reais Em 9 de maio de 1976 Urike Meinhof enforcou-se com uma toalha na janela da cadeia. Em 18 de outubro de 1977 Raspe e Baader cometeram suicídio na prisão com uma arma passada pelo advogado Arnd Müller. Ensslin enforcou-se na prisão em 18 de outubro de 1977 com a ajuda de um cabo. Irmgard Möller em 18 de outubro de 1977 tentou se matar com uma faca de cozinha ferindo-se várias vezes o coração, sobreviveu, cumpriu pena até ser liberada em 1994. Poucas semanas mais tarde em 12 de novembro de 1977 uma das fundadoras da RAF, Ingrid Schubert, enforcou-se na sua cela da prisão de JVA München. Foto: Deutsche Regierung, 1972 de domínio público. Fonte: Agit 883 Wikipédia em alemão ZDF Mediathek fafinfo die Weebressourece zur Roten Armee Fraktion Extremismus vonTobias Wunschik WDR „Die rischtige Moral, die falschen Mittel“ Dossier Deutscher Herbst 1977 bpb Bundeszentrale für politsche Bildung World Socialist/International Committee of the Fourth International Wüttembergische Ladesbibliothek Stuttgart Labourhistory-Rote Armee Fraktion- Dokumente