O Censo Demográfico e a redução do déficit habitacional

O censo 2010, do IBGE, contabilizou 190.732.694 habitantes para a população brasileira, no dia 01 de agosto de 2010. Uma novidade metodológica foi a geração de informações para as pessoas morando nos 901 mil domicílios fechados (senão a população seria 188 milhões). Em uma década, o número de brasileiros cresceu 20,8 milhões. Parece muito, mas o crescimento anual foi de apenas 1,2% ao ano.

Em 1950, éramos 52 milhões de habitantes e passamos para 70 milhões em 1960. Isto representou um crescimento de 35% na década, ou 3% ao ano.  Se a população brasileira continuasse a crescer naquele ritmo, seríamos 307 milhões, em 2010 e 1 (um) bilhão, em 2050.

Portanto, a população atual do Brasil é muito menor do que aquela que haveria se não houvesse redução do tamanho das famílias. A redução do número de nascidos vivos, mesmo em um quadro de aumento da esperança de vida, explica o ritmo do menor crescimento da população.

A queda da fecundidade tem provocado duas mudanças positivas na estrutura etária brasileira. Em primeiro lugar, tem possibilitado a redução do número absoluto e relativo de crianças e jovens em idade escolar, favorecendo as políticas de universalização das creches e da educação infantil, além de facilitar os investimentos na melhoria da qualidade do ensino.

Em segundo lugar, a nova estrutura etária brasileira aumentou o percentual de pessoas em idade produtiva e reduziu a carga de dependência demográfica. Esta situação favorável tem permitido a elevação das taxas de poupança e de investimento, contribuindo para o crescimento econômico e para a redução da pobreza e das desigualdades sociais.

Outro dado positivo apontado pelo censo 2010 foi o crescimento dos domicílios particulares ocupados que passaram de 45 milhões, em 2000, para 56,5 milhões, em 2010. Enquanto a população cresceu 12,3%, o número de domícilios cresceu 25,5% na década.

A redução da fecundidade, a maior diversidade dos arranjos familiares e o aumento do número de moradias fez a média de pessoas por domicílio cair de 3,8 pessoas, em 2000, para 3,3 pessoas, em 2010. Os dados divulgados ainda não permitem calcular as carências de habitação, mas tudo indica que houve redução do déficit habitacional do país.

O censo indicou ainda que existem mais de 6 milhões de domicílios vagos no país (além de 3,9 milhões de domicílios de uso ocasional). O governo poderia resolver o problema habitacional do país se promovesse políticas de compatibilidade entre a oferta e a demanda destas moradias já existentes. Ou seja, tudo indica que houve redução do déficit habitacional no país, além de haver um estoque de moradias suficiente para eliminar este problema.

Os dados divulgados também mostram o crescimento das cidades, o aumento do superávit de mulheres e a elevação da idade mediana da população. A cada dia, o Brasil fica mais urbano, mais feminino e mais envelhecido.

Os primeiros dados do censo 2010 confirmam o novo padrão demográfico brasileiro. Seria bom que os formuladores de políticas públicas e os diretores de planejameno estratégico das empresas conhecessem esta nova realidade da dinâmica populacional do país. O censo demográfico é uma conquista da sociedade brasileira. Precisamos saber utilizá-lo.

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José Eustáquio Diniz Alves