Fundamentos By Henrique Cruz / Share 0 Tweet A lógica tem algo de misterioso. Impregna o pensamento e comanda os nossos raciocínios. Tudo que pensamos e fazemos obedece a lógicas especificas. É pela lógica que inferimos se estamos ou não procedendo corretamente e é através dela que satisfazemos a nossa permanente curiosidade intelectual de explicar o mundo. A nossa própria linguagem corrente possui a lógica da sintaxe gramatical na composição das palavras e das frases. Mas não é uma lógica formal pois depende da cultura de cada povo e dos seus usos e costumes. Vejamos um contraste elementar entre dois idiomas. Em português os objetos têm género gramatical, são masculinos ou femininos. Exemplo: “a porta” e “o pão”. Em inglês não é assim, são sempre neutros, ou seja, “the door” e “the bread”. É bem mais simples. Em português não existe essa coerência lógica, Se “a porta” é feminino, “a porta grande”, ou seja, “o portão” é masculino. No plural “porta” dá “portões” mas “pão” dá “pães”. O nosso idioma é bem mais complicado, obedece à ‘voz do povo”. Passemos agora a uma proposição elementar de raciocínio lógico o chamado silogismo. Consideremos duas premissas, a maior de conceito universal e a menor de conceito individual. Exemplo: a maior “Todos os homens são mortais”, a menor “Todos os gregos são homens”, logo, por consequência, ‘Todos os gregos são mortais”. Esta forma de proposição lógica pode esconder uma armadilha. Vejamos o paradoxo de Epiminides de Creta que viveu no século VI a.C, conhecido como “o paradoxo do mentiroso”. Premissa maior “Todos os cretenses são mentirosos”, premissa menor “ Eu sou cretense”. Estas duas “verdades” são contraditórias. Se a premissa maior fôr verdadeira , a menor é falsa. Agora se a premissa menor fôr verdadeira, a maior é faslsa. O paradoxo não tem solução. Não há como sair dele. Por tudo que foi dito poder-se-á então supor que é impossivel definir o que é a lógica. É claro que não, apesar do grande número de suas formas específicas. Aristoteles (384-322 a.C.), filósofo e cientista grego foi o primeiro a definir a lógica através dos seus princípios: 1) Princípio da identidade “uma coisa é em si mesmo, A é A. 2) Princípio de exclusão do meio “a proposição ou é verdadeira ou é falsa, ou é A ou não-A. 3) Princípio da contradição “nenhuma proposição pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, não pode ser A e não-A simultaneamente”. Talvez a melhor definição da lógica seja a de Rudolf Carnap, (1891-1970), filósofo e lógico alemão naturalizado norte-americano: “A lógica não é um sistema de informações sobre objetos determinados mas uma língua, isto é, um sistema de sinais com as regras de seu emprego”. Assim é a lógica simbólica ou formal ou lógica matemática.Voltando ao silogismo anterior podemos então transformá-lo em uma proposição abstrata: “ Se A é igual a B e B igual a C então A é igual C “. Uma sentença simples que representa bem a lógica matemática. De forma análoga: “ Se A é maior que B e B maior que C então A é maior que C “ ou “A > B e B > C então A > C “. È por este caminho que sse monta a lógica matemática. Fico por aqui. Até à próxima.