A crise dos blogueiros brasileiros

Crise    O título acima ficaria muito mais sonoro se fosse "A crise da Blogosfera brasileira", mas não corresponderia à realidade. Dois mil e sete foi responsável pela acentuação de uma rotina que, já há alguns anos, é observada por quem vive no meio bloguístico: a monetização dos blogs e sites.

Crise    O título acima ficaria muito mais sonoro se fosse "A crise da Blogosfera brasileira", mas não corresponderia à realidade. Dois mil e sete foi responsável pela acentuação de uma rotina que, já há alguns anos, é observada por quem vive no meio bloguístico: a monetização dos blogs e sites.
    Esta possibilidade levou a uma mudança no comportamento dos blogueiros, inicialmente imbuídos de um senso geral de comunidade e, desde a descoberta de que, unindo-se em grupos que se auto-reforçam poderiam multiplicar as possibilidades de sucesso neste novo e selvagem mundo competitivo. A conseqüência óbvia podemos vislumbrar hoje: muitos blogueiros ensimesmados, voltando-se sobre o próprio e restrito grupo do qual faz parte. Os assuntos tornam-se comuns, um assunto corrente é a própria Blogosfera (novamente o próprio umbigo) e a farta distribuição de links que acontecia em outros tempos agora é "comercializada" por blogueiros que buscam obter retorno financeiro por page ranks inflados às custas de algumas estratégias lícitas e outras nem tanto, de search engine optimization. Se quer meu link, pague. Quer que fale de você, pague. O próximo passo será: não quer que fale mal de você, pague.
    Onde é que isso tudo vai parar? Lhe garanto que não é na Infinita Highway, aquela cantada pela banda pop gaúcha Engenheiros do Hawaii…
    Será que esta impressão é precipitada? Será que é exagerada? Há caminho de volta?
    É interessante perceber que ainda encontramos uma Blogosfera (e blogueiros, claro) alheios a esta tendência. Praticamente, podemos dizer que há uma nítida cisão entre o primeiro grupo – problogger – interessado em utilizar todas as sofisticadas manobras para amplificar suas possibilidades de retorno financeiro e o segundo grupo – blogueiros artesanais – interessados em blogar pela satisfação pessoal que isso lhes traz. Quando se consegue unir estas duas características, blogar por prazer e obter disso remuneração, mas sem modificar os hábitos cordiais de relacionamento com o resto da Blogosfera, atinge-se um patamar de desenvolvimento que não consigo apreciar em nenhum blog brasileiro.
    Como blogueiro de longa data – lá se vão 5 anos de blogagem – espero que os antigos blogs-arte, blogs-conceito e blogs-opinião que se voltaram ao mundo da monetização apertem o freio para que consigam melhor apreciar o mundo à sua volta. Não deixem de ganhar seus tostões ou seus dobrões, mas não façam disso a ruína de suas relações de amizade com outros blogueiros.

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Rafael Reinehr