E a São Silvestre virou reliquia


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Como já havia avisado anteriormente, vou, mesmo, desviar do tema principal, Cultura e Business em Duas Rodas pra tratar de outro, que, abusando do trocadilho, poderia ser chamado de Cultura e Business em Duas Pernas. Não, não estou falando de deixar o carro em casa para ir trabalhar a pé – isso merecerá um post mais adiante, garanto -, mas das corridas de rua.

Dois ponto três leitores deste Blog. Como já havia avisado anteriormente, vou, mesmo, desviar do tema principal, Cultura e Business em Duas Rodas pra tratar de outro, que, abusando do trocadilho, poderia ser chamado de Cultura e Business em Duas Pernas. Não, não estou falando de deixar o carro em casa para ir trabalhar a pé – isso merecerá um post mais adiante, garanto -, mas das corridas de rua.

 

Em São Paulo e, nas grandes cidades, em geral, elas têm se tornado um baita negócio. A São Paulo Running Show, a maior feira do setor (www.runningshow.com.br), reuniu em, agosto, em sua segunda edição, 25 mil participantes e movimentou R$ 12 milhões. Há, no País, segundo a organização da Running Show, 4 milhões de praticantes de corridas.

 

Não há estatísticas gerais da evolução do número de provas realizadas, muito menos do número de participantes – se alguém souber, por favor, me indique. As informações específicas de algumas das provas, no entanto, ajudam a dar uma idéia. Exemplar é o caso dos 10 km da Rádio Tribuna, em Santos (SP). Em 1986, num tempo em que as corridas de rua eram, ainda, vistas como coisa de maluco ou como um feito pra poucos, a prova teve 950 inscritos – as informações são da Revista O2 – http://revistao2.uol.com.br/. Em 2007, foram 13,5 mil participantes. Os números da Corpore (Corredores Paulistas Reunidos), a mais tradicional entidade organizadora de corridas, são, também, reveladores. A São Paulo Classic, por exemplo, realizada todos os anos em novembro (10 km) teve, em 2003, 7,4 mil concluintes, com um detalhe: naquele ano o número de inscritos havia sido recorde para uma prova de 10 quilômetros. Em 2008, a mesma prova teve 12 mil pessoas. A Nike Run Américas, organizada pela gigante de materiais esportivos, reúne, todos os anos, 25 mil participantes. E, pra encerrar essa parte, dia 16 de dezembro, foram realizadas, em São Paulo, três (sim, três!) corridas ao mesmo tempo, cada uma organizada por uma empresa, e todas registraram público expressivo. A Sargento Gonzaguinha (15 km, 3,7 mil participantes), Rock´n Run (10 km, com show do grupo Titãs no encerramento, 2,5 mil concluintes) e o Circuito das Estações Adidas (10 km, 3 mil concluintes), da qual, registre-se, participou este escriba.

 

Atrelada a esses negócios sobre duas pernas surge, cada vez mais desenvolvida, uma cadeia de fornecedores de produtos e serviços. Tênis, dos mais sofisticados – equipados com avançadíssimos sistemas de amortecimento e som MP3, tudo num mesmo kit – aos mais simples, camisetas, bonés, géis para repor a glicose durante as provas e depois, para o tratamento de lesões, medalhas, academias e consultorias especializadas em treinamento. A corrida, enfim, evoluiu da mais básica fórmula, tênis mais disposição, para uma complexa gama de produtos sem a qual corredor nenhum que se preze deve ficar. Não gostaria aqui, de entrar na discussão a respeito da utilidade ou não dessa parafernália toda que nos oferecem cada vez que colocamos os pés – os tênis -, mas aceitamos comentários.

 

Mesmo as companhias de setores não ligados diretamente a esse universo aproveitam para, de uma forma ou de outra, amarrar sua imagem aos atributos (preocupação com a saúde e a forma física, por exemplo) das corridas. Honda, Sansung, Caixa Econômica Federal, Pão de Açúcar e Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estão entre as marcas que já fincaram sua bandeira nesse setor.

 

Foi-se, enfim, o tempo em que o cidadão arregalava os olhos toda vez que algum conhecido relatava, orgulhoso, que havia completado os naquela época 13 quilômetros da São Silvestre. Um tempo em que as pessoas, à meia noite, se acotovelavam em frente à TV para, entre um gole e outro de Sidra Cereser assistir, fascinadas e estupefatas, à chegada da portuguesa Rosa Mota na avenida Paulista. A São Silvestre continua e continuará existindo, espécie de relíquia daqueles anos em que correr pouco mais de 10 quilômetros era um feito pra poucos e em que as corridas eram mais raras, mais heróicas e mais amadoras.

 

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Danilo Vivan DV