Revolta dos Alfaiates


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A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, como ficou conhecida, foi um momento singular de nossa história. Embora haja semelhanças com outros levantes da época, que também possuem sua importância dado o devido contexto, a Revolta dos Alfaiates foi um movimento de caráter genuinamente popular. Daí talvez, bem mais merecedor de atenção que a Inconfidência Mineira, que sagrou Tiradentes como o mártir brasileiro.

Antes de tudo gostaria de saudar aos amigos de OPS!, leitores, colaborados e editores que dão vida a este instigante projeto. Essa é minha primeira colaboração para a revista, e escolhí abordar um tema, que sob meu ponto de vista, é um tanto negligenciado na História do Brasil.

A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, como ficou conhecida, foi um momento singular de nossa história. Embora haja semelhanças com outros levantes da época, que também possuem sua importância dado o devido contexto, a Revolta dos Alfaiates foi um movimento de caráter genuinamente popular. Daí talvez, bem mais merecedor de atenção que a Inconfidência Mineira, que sagrou Tiradentes como o mártir brasileiro.

O Brasil colônia fervilhou com as idéias iluministas emanadas da Revolução Francesa, mas quando eclodiu a revolta na Bahia em meados de 1.798, podemos dizer, foi a primeira vez que a luta pelos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, era operada pelas mãos do povo. Tomaram parte da revolta baiana principalmente as classes excluídas, acuadas e oprimidas pela miséria. Eram pequenos comerciantes, artesãos, alfaiates, escravos alforriados e cativos e soldados do baixo escalão militar.

A "esta cidade da Bahia Republicana", proclamavam: "Animai-vos! Está para chegar o tempo de nossa liberdade. O tempo em que seremos todos irmãos, o tempo em que seremos todos iguais".

No princípio, a Conjuração Baiana teve adesão de uma pequena parte da elite branca da cidade de Salvador. Esta, porém, abandonou o movimento quando os revoltosos das classes populares radicalizaram na luta e em suas pretensões. As reinvidicações já não eram mais apenas aquelas dadas pelos limites do liberalismo burguês. Os revoltosos, agora exigiam transformações profundas nas estruturas sociais, a república e a abolição da escravatura.

O movimento, contudo, teve pouca duração. Morreu prematuro. Receosos pelos seus próprios interesses, ricos e proprietários que inicialmente apoiaram a revolta, esquivaram-se do ato, e delações por parte destes, dilaceraram a organização rebelde, pondo a pique aquela que seria a primeira revolução social do Brasil. Os revoltosos acabaram por sucumbir à repressão do governo, que cumpria a contento as ordens vindas de Lisboa, e a Conjuração Baiana terminou, deixando também para a história, seu saldo de esquartejados… Heróis hoje, quase anônimos para nossa cultura: No dia 9 de novembro de 1.799, João de Deus Nascimento, Manoel Faustino dos Santos Lira, ambos alfaiates, e os soldados Lucas Dantas do Amorim Torres e Luíz Gonzaga das Virgens e Veiga, principais líderes populares do levante, foram enforcados e esquartejados em praça pública e partes de seus corpos, como o de costume na época, espalhados exemplarmente pelas vias públicas da cidade.

Da truculenta repressão comandada por D. Maria I, houveram 35 condenados: 23 negros e mulatos, dentre estes, 10 escravos. A parte branca da revolta escapou ilesa da saga da justiça oficial. Uns absolvidos, outros privilegiados pelo benefício da delação.

A revolta sucumbiu, mas a Conjuração Baiana faz um capítulo a parte de nossa história: quando, de fato, o povo foi à luta por novos rumos.

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Richard Abreu