A crise demo-econômica do Japão e os limites do keynesianismo


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O Japão foi o país que apresentou o maior crescimento econômico per capita entre 1950 e 1990. Nos 40 anos após a derrota na Segunda Guerra Mundial e após ter sofrido o ataque de duas bombas atômicas, o Japão se tornou uma potência global e chegou a ficar muito tempo no segundo posto do ranking da economia mundial.

Era comum se considerar que o Japão tinha as melhores empresas (o toyotismo substituiu o fordismo), as melhores tecnologias, a mão de obra mais educada e diciplinada, uma população homogênea e tolerância, baixos níveis de violência, etc. O país conseguiu reduzir ao extremo a mortalidade infantil e se tornou a nação com a maior esperança de vida ao nascer do mundo.

Teve uma época em que o Palácio Imperial, em Tokyo, valia mais do que toda a ilha de Manhattan, em Nova Iorque. Houve até quem falasse que o Japão seria a primeira potência mundial (Japan as Number One: Lessons for America, de Ezra Vogel, 1979).

Mas desde o estouro da bolha financeira e imobiliária do final dos anos de 1980, o Japão encontra-se atolado na armadilha da liquedez, na estagnação econômica e em um processo de endividamento público crescente.

Em termos demográficos, o Japão aproveitou bem a fase primaveril do bônus demográfico. Mas agora enfrenta o que algumas pessoas chamam de “inverno demográfico”. Segundo dados da ONU, a taxa de fecundidade total (TFT) estava em apenas 1,3 filhos por mulher no quinquênio 2005-10 e deve permanecer abaixo de 1,5 filhos, pois a taxa de nupcialidade é muito baixa e a razão custo/benefício dos filhos não favorece ao aumento da fecundidade.

A população do Japão atingiu o pico em 2009, com 126,5 milhões de habitantes, mas a PIA (população em idade ativa: 15-64 anos) chegou ao pico de  86,6 milhões de pessoas em 1995, caiu para 80,9 milhões em 2010 e deve ficar em 55,4 milhões em 2050. Portanto, houve um encolhimento da população ativa japonesa. Paralelamente, houve um aumento da população idosas (de 60 anos e +) de 21 milhões em 1990, para 38,5 milhões em 2010 e deve chegar a 45 milhões em 2050. Consequentemente, a idade mediana passou de 22 anos em 1950, para 45 anos em 2010 e deve ficar em 52 anos em 2050.

A razão de dependência de idosos que era de 8% em 1950, passou para 35% em 2010 e deve chegar a 70% em 2050, ou seja, no meio do século XXI deve haver 70 idosos (de 65 anos e +) para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. O que vai ser uma grande carga para o país. Em janeiro de 2013 o ministro das finanças do Japão, Taro Aso, disse que: “os idosos deveriam morrer mais cedo, para reduzir os custos que o Estado têm para que cuidar deles”. Evidentemente, depois da repercussão negativa, teve que pedir desculpas.

Mas os problemas demográficos não podem ser responsabilizados como os únicos causadores da crise econômica. Aliás, foi a crise econômica que acirrou os problemas demográficos. Na verdade, os dirigentes políticos do Japão estão perdidos há muito tempo e não conseguem dar um rumo para a economia japonesa.

O “novo” primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que voltou ao poder, não tem apresentado nenhuma novidade, mas sim velhas propostas keynesianas de estimulo econômico que já foram testadas e não deram certo nos últimos 20 anos. Já se tentou a ampliação dos investimentos em pontes, estradas, túneis, barragens, aeroportos, além de adicionar liquidez ao sistema bancário para acabar com a deflação. Mas o resultado tem sido apenas dívidas crescentes. Mais um dado negativo de 2012 foi que o Japão teve o maior déficit comercial da sua história. Empresa, como a Sony, que foi símbolo de sucesso e inovação foi amplamente superada por empresas como a Apple e a Google.

Sendo, atualmente, a terceira maior economia do mundo, o fraco desempenho do Japão preocupa a comunidade empresarial internacional. Mas o fato é que ao invés de ser uma exceção, o Japão pode estar se tornando o paradigma econômico do que vai prevalecer no século XXI. Ou seja, um século que, em pouco tempo, vai ficar marcado pela ausência de crescimento demográfico e econômico, especialmente entre os países desenvolvidos.

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José Eustáquio Diniz Alves