Século XIX: inglês, século XX: americano e século XXI: chinês


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A Inglaterra tomou a dianteira da economia mundial após o fim das Guerras Napoleônicas e o Congresso de Viena que redesenhou o mapa da Europa e garantiu cerca de 100 anos de relativa paz no continente europeu no século XIX. No século inglês, a Inglaterra avançou economicamente apropriando dos frutos da primeira Revolução Industrial, garantiu o fortalecimento e a exploração das suas colônias no mundo e manteve uma situação de liderança do comércio mundial (inclusive promoveu a Guerra do Ópio contra a China).

No último quarte do século XIX, a Alemanha tentou ameaçar o predomínio inglês, pois foi o país que liderou a segunda Revolução Industrial (motor a combustão, aço, automóvel, etc.). Mas a Alemanha chegou tardiamente na economia capitalista e não tinha acesso à maioria das colônias (e seus mercados) e nem tinha acesso garantido ao fornecimento de matérias-primas. A repartição do mundo, tal como acertada no Congresso de Viena, funcionava como uma “camisa de força” que impedia a liderança alemã. O resultado da disputa econômica e política entre Inglaterra e Alemanha foram as duas Grandes Guerras do século XX. O Japão, outro país de capitalismo tardio, tentou ser potência mundial, mas no máximo conseguiu ser potência regional. Os sonhos japoneses de potencial imperial se transformaram em pesadelos com as bombas de Hiroshima e Nagasaki.

Enquanto a Europa (e o Japão) se degladiava em guerras que envolviam todo o mundo, os Estados Unidos da América (EUA) se fortaleciam e saíram do conflito como a maior potência mundial depois de 1945. Após a Segunda Guerra Mundial os EUA tiveram contribuição fundamental para o novo desenho da economia e da política mundial com a criação da ONU, do FMI, do Banco Mundial do GATT/OMC, além de ter contribuido para o processo de descolonização do mundo (pois, ao contrário dos países europeus, os EUA não eram metrópole colonial). A segunda metade do século XX foi o período de maior crescimento da economia internacional da história e os EUA souberam aproveitar este crescimento global.

Mas para garantir os seus interesses, os EUA foram assumindo compromissos internacionais acima das suas forças e foi perdendo competitividade no comércio mundial com o dólar forte e o processo de desindustrialização. A tão falada democracia americana também foi perdendo força na medida em que o Partido Republicano foi abraçando o conservadorismo econômico e político, além de fortalecer o fundamentalismo religioso. A recente crise para aprovar o teto da dívida de US$ 14,3 trilhões deixou transparente as fraquezas da economia e da política dos EUA. Os cortes de gastos indicam que a economia estadunidense vai entrar em um período longo de estagnação.

Enquanto os EUA reduziam o ritmo de crescimento, a China – o país mais populoso do mundo – tem passado por um processo de crescimento econômico a 10% ao ano desde 1980. A China se tornou a fábrica do mundo e usou a sua ampla oferta de força de trabalho para conquistar mercados internacionais e fazer uma grande revolução interna em termos de infra-estrutura produtiva e urbanização. Neste processo a China tem reduzido as taxas de pobreza, avançado na educação e saúde e criado um programa de desenvolvimento tecnológico que pretende colocar o país, em um futuro próximo, na liderança da inovação no século XXI.

Segundo dados do FMI, a China vai passar os EUA, em termos de PIB (ppp), no ano de 2016. Os EUA vão continuar com renda per capita mais elevada do que a chinesa por muito tempo ainda. Mas a China com suas amplas reservas internacionais e sua alta competitividade econômica deverá liderar a economia mundial no restante do século XXI.

Resta saber como vai ser este processo de mudança de hegemonia. Nas duas últimas mudanças a Inglaterra venceu a guerra contra a França e os Estados Unidos (e aliados) venceram a guerra contra a Alemanha, Japão e Itália. Será que a China vai assumir a liderança mundial sem uma outra grande guerra?

Existe esta possibilidade, pois as economias da atualidade estão muito mais interligadas que no passado. Os EUA dependem da China, assim como a China depende dos EUA. Estes dois países dependem do resto do mundo. Evidentemente, é possível haver uma mudança de hegemonia sem guerras entre as potências econômicas. Quanto mais tranquila for esta passagem de hegemonia, mais o mundo deve ganhar. E ganhará muito mais se os países se unirem para salvar o meio ambiente que está cada vez mais ameaçado por todas estas disputas econômicas que tem acontecido ao longo da história da humanidade.

Contudo, pode haver uma mudança de hegemonia com o acirramento dos conflitos internacionais. Mas aí não é bom nem pensar.

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José Eustáquio Diniz Alves