A descoberta da América, parte 1: planejamento inicial


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Um roteiro turístico, ou quase isso: um diário de bordo com o relato das alegrias e percalços de uma viagem para a Califórnia, desde o detalhadado planejamento até a execução.

Eu nunca havia sentido uma real vontade de conhecer lugares fora do Brasil. Além dessa falta de interesse, razões outras, as mais diversas: desde a questão do custo até o provável cansaço de viagens de avião transoceânicas – tanto mais para lugares de fuso horário bastante diferente do nosso.

De todo modo, minha resistência a tirar um passaporte (e utilizá-lo) foi vencida em um processo tão rápido quanto, ao menos para mim, surpreendente. Quando cheguei a esse ponto, já tinha a certeza do meu destino: Califórnia, não apenas pela variada paisagem e pelo clima ameno, mas também pela mistura de etnias, por Hollywood e por um pretenso modo de vida mais libertário.

O planejamento da tour californiana começou com quase um ano de antecedência. A idéia inicial envolvia uso intensivo de automóvel para a exploração de um estado que reconhecidamente privilegia o transporte individual sobre o coletivo. Não pretendia me limitar a conhecer Los Angeles e San Francisco: imaginei um roteiro circular, de modo a não passar novamente por qualquer estrada pela qual eu já tivesse passado.

Para montar as rotas, me vali do Google Maps, que fornece ainda boas estimativas não apenas de distância, mas também do tempo de viagem. No mais, o site permite a mudança das vias sugeridas para a ligação de duas cidades: bastava utilizar o mouse para “segurar e arrastar” o caminho traçado e colocá-lo sobre a estrada desejada. Esse recurso foi dos mais úteis para que eu evitasse ao máximo as freeways, pistas expressas com paradas proibidas e poucas saídas, o que não permitiria que eu conhecesse melhor os lugares pelos quais eu estivesse passando (um dos meus propósitos era aproveitar o trajeto para apreciar a paisagem e fazer muitas fotos).

A idéia básica estava traçada: sair de carro a partir de Los Angeles, cruzar o deserto de Mojave rumo a Las Vegas (que fica em Nevada, não muito longe da divisa entre estados), atravessar o Vale da Morte, subir o vale do rio Owen rumo a Lake Tahoe, descer até San Francisco e daí acompanhar o litoral pela famosa Highway 1 rumo a Los Angeles. Se houvesse tempo, haveria a possibilidade de aumentar o percurso: o Grand Canyon não está muito longe de Las Vegas; a partir de Los Angeles, San Diego e Palm Spring estão próximas; de San Francisco, as opções eram o norte da Califórnia e a região vinícola do vale do Napa.

A pesquisa é essencial para a fase de refinamento do roteiro. A despeito da infinidade de informações disponíveis na internet, um bom guia turístico é uma necessidade. Os Guias Visuais da Folha de São Paulo são excelentes, havendo um volume dedicado à Califórnia; preferi, porém, comprar o original em inglês na Amazon por uma fração do custo da versão brasileira (California – Eyewitness Travel Guides, U$19,80, bem mais em conta que os R$92,00 da versão em português). Como eu tinha bastante tempo até a viagem, li as mais de 600 páginas do livro de ponta a ponta. Pode parecer um exagero, mas a leitura integral do guia foi bastante útil.

Depois da leitura do guia, hora de voltar à internet para mais pesquisas sobre locais específicos e para um refinamento no roteiro traçado no Google Maps. A etapa seguinte seria a das reservas de carro e hotéis, que obviamente só poderia ser executada com a definição das datas de viagem. E aqui um grande problema para o meu caso específico: nossas passagens não seria compradas, mas sim obtidas com programas de milhagem. Grande problema? Sim, pelos inúmeros empecilhos superados até obtermos os bilhetes. O sistema de computador utilizado pelas companhias aéreas parece estar permanentemente em pane – em especial para marcar passagens oferecidas como brinde. São necessárias paciência e perseverança, em especial para quem pretende viajar entre sexta e domingo, quando as poltronas disponíveis escasseiam.

De todo modo, conseguimos as passagens, após inúmeras idas ao balcão da TAM em Congonhas para marcarmos as datas. Como funciona o esquema? Simples: normalmente, apenas cartões que cobram anuidade oferecem programas de premiação. Nestes programas, os prêmios com melhor relação custo-benefício são passagens aéreas (ou você realmente precisa de jogos de ferramentas ou filmes em DVD?) Cada milha para o programa de milhagem de uma companhia aérea “custa” um ponto no programa de fidelidade do cartão. Note que a pontuação oferecida pelos cartões em muito varia; normalmente consegue-se um ponto (ou seja, uma milha) pelo equivalente a um dólar gasto no cartão de crédito, mas alguns cartões oferecem conversão da ordem de 1,3 ou 1,5 milha por dólar gasto. Assim, com o câmbio de R$2,00 por dólar, um gasto de dois mil reais renderia, dependendo do programa, 1000, 1300 ou 1500 milhas. Em baixa estação, 10 mil milhas dão um trecho para a América do Sul, 20 mil um trecho para a América do Norte e 30 mil um trecho para a Europa. Bom também observar se existe um tempo de validade para os pontos conquistados com compras, e para as milhas do programa de milhagem.

O passo seguinte é a reserva de carro e de hotéis. Os sites Expedia e Travelocity são excelentes para a comparação de preços e também para reservas: hotéis, passagens aéreas, locação de carros. Reservei um sedã grande e hotéis para alguns trechos da viagem para os quais eu já tinha certeza das datas, deixando outros em aberto. Bastava agora fazer as malas e esperar a hora do embarque.

Ansiedade: corresponderia a Califórnia (e a viagem) às minhas expectativas?

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Ricardo Montero