Toucas


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"Cobertura para a cabeça, de material impermeável, que serve para resguardar o cabelo da água e que é utilizada no banho, na piscina, etc.". No bom futebolês, touca significa aquele time chato, que o clube do teu coração perde sempre ou quase sempre. É uma das piores coisas no futebol, mas rasgá-la pode ser muito prazeroso.

Touca:

– adorno de cambraia ou de outro tecido leve para a cabeça, usado por mulheres e crianças;

– cobertura para a cabeça, de material impermeável, que serve para resguardar o cabelo da água e que é utilizada no banho, na piscina, etc. ;

– cobertura para a cabeça, pescoço e ombros, usada pelas freiras;

– turbante.

No bom futebolês, touca significa aquele time chato, que o clube do teu coração perde sempre ou quase sempre. É aquele time que é ruim que dói, que todo mundo ganha com muita facilidade, mas chega na hora deles jogarem contra o teu time e é justo contra o teu time que eles vão jogar o melhor jogo da vida deles.Pois essa nhaca aí, geralmente, é a tua touca, caro torcedor. Ou seja, é incômodo na certa. Existem toucas breves, sazonais, temporárias, recentes, duradouras e as vitalícias. Toucas são diferentes de clássicos. Clássico é Boca x River, MilanxInter, Grenal, Fla x Flu, Corinthians x Palmeiras, Brasil x Argentina. Roma x Manchester não é clássico, mas os torcedores da Roma, por exemplo, não podem ver nem pintado um diabo vermelho. Ano passado, na Liga dos Campeões, o Manchester United bateu a Roma nas quartas-de-final pelo assustador placar de 7×0. Esse ano, de novo Manchester e Roma se encontraram, mais uma vez nas quartas-de-final. Mais uma vitória inglesa no Estádio Olímpico, por 2×0. E na Inglaterra o Manchester confirmou a sua classificação vencendo por 1×0, golo de Tevez. É uma bela touca que os romanos vestiram e parecem não estarem motivados a tirar. O Internacional possui duas toucas. Uma nacional e outra regional. E as duas cruzaram o seu caminho em fases decisivas esse ano. O Juventude é adversário na final do Campeonato Gaúcho. Eliminou o Grêmio logo nas quartas-de-final e avançou á final batendo o Inter de Santa Maria. A touca alviverde é antiga. Foi vestida, efetivamente, em 1999, na semi-final da Copa do Brasil. Beira-Rio lotado, uma vitória simples levaria o Inter à final. E o Juventude aprontou um crime, aplicando 4×0 no Colorado. Saiu-se campeão, também longe de Caxias, no majestoso Maracanã, batendo o Botafogo na final. De lá pra cá, foram inúmeros jogos perdidos pelo Colorado para o Juventude. Ora em Caxias, ora em Porto Alegre. Onde quer que seja, é jogo duríssimo, e o Inter muito raramente vence e convence. A touca nacional, tem as cores azul, vermelho e branco. O Paraná sempre apronta pra cima do Inter. Pode estar rebaixado, com o pior time da sua história, mas os três pontos que levarão do Inter são certos. Parecia touca do estilo intransponível. Parecia. O Paraná apareceu na vida do Internacional na Copa do Brasil desse ano. Primeira partida no Durival Britto, 2×0 Paraná. Tratando-se de Copa do Brasil, um baita resultado. Muitos colorados atiraram a toalha. Vencer o Paraná, mesmo no Beira-Rio, por três golos de diferença era praticamente impossível. Mas esse ano o Colorado rasgou e triturou a touca paranaense. Confesso que poucas vezes me emocionei tanto em uma partida como na de ontem à noite, jogo de volta das oitavas-de-final da Copa do Brasil. Mais de 41 mil colorados lotaram o Beira-Rio. O Internacional, supersticioso, entrou em campo as 21:53, todo de branco, uniforme que foi campeão mundial em 2006. Aos 32 segundos de jogo, Jonas chocou-se no ar com Índio, e como qualquer coisa que tem a infelicidade de se chocar com Índio, Jonas levou a pior. O lance foi muito feio e o jogador caiu desacordado. Faltou hombridade aos jogadores do Paraná que seguiram a jogada normalmente, enquanto alguns jogadores pediam desesperadamente a entrada da maca no campo. O jogador seguiu de ambulância direto para o hospital. Sofreu lesões odontológicas, mas hoje passa bem. Um minuto depois, com a ambulância ainda na beira do campo, o Paraná abre o placar. Com o 1×0 contra, o Inter precisava de mais quatro golos para buscar a classificação. A pequena torcida paranista no estádio Beira-Rio começou a cantar. Mas quem explodiu foi a torcida colorada com o primeiro golo de Andrezinho, um minuto depois. O Colorado pressionou, pressionou e amassou o Paraná. O jogo ganhou ares de drama quando três jogadores foram expulsos, dois do Paraná e um colorado. O campo aumentou e o Inter foi ainda mais insistente e feliz nas suas finalizações. O primeiro tempo acabou 3×1 para o Colorado. No segundo tempo, Magrão fez o golo que garantia a passagem para as quartas-de-final. E já nos acréscimos, Nilmar arrancou, sofreu um pênalti, e Fernandão jogou a pá de cal nos paranistas completando o 5×1. Foram noventa minutos de apoio total e absoluto das arquibancadas do Beira-Rio. A cumplicidade entre a torcida e o time e a sinergia que se via em campo foi fundamental para a vitória. Terminada a partida as arquibancadas permaneciam lotadas e os jogadores em campo comemorando. Fernandão, capitão e símbolo alvirrubro, deu uma volta no estádio, cumprimentando todos os torcedores, batendo no peito, no distintivo do Internacional. Além de Fernandão, os jogadores do Internacional demonstram cada vez mais capacidade de vencer títulos em 2008. Renan, Clemer, Bustos, Índio, Orozco, Sorondo, Marcão, Edinho, Magrão, Guiñazu, Andrezinho, Alex, Iarley, Nilmar, entre outros compõem um grupo coeso e muito focado. São jogadores experientes e de muita qualidade que souberam dar a volta por cima dentro de uma partida em que saíram perdendo, alem do trauma de ver um companheiro saindo de ambulância do estádio. E o comandante só poderia ser Abel de Oliveira Braga. O homem das decisões, que se fez presente nas principais conquistas do clube. Os torcedores ficaram maravilhados com a entrega dos jogadores que saíram exaustos do campo e com uma noite mágica que certamente ficará gravada na retina de todos os mais de 41 mil que ali estiveram. Ao Internacional, resta ainda a touca alviverde. Essa talvez um pouco mais apertada na cabeça, difícil de sair. E é bem compreensível que não saia. Arrancar duas toucas, assim, no más, é pedir demais. Touca é uma das piores coisas no futebol. Mas rasgá-la, pode ser muito prazeroso.

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Guilherme Carravetta