Carta Pública aos moradores de São Leopoldo


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Ao Exmo Sr. Prefeito Ary Vanazzi

Ao Exmo Sr. Presidente da Camara de Vereadores Henrique Prieto

Às demais autoridades e estimados moradores da Cidade de São Leopoldo,

É com profunda tristeza que escrevo esta carta.

Conhecem-me por Diego Bilhalva, tenho trinta anos e sou amante e defensor da causa animal. Já faz algum tempo que dedico parte da minha vida aos adoráveis animais abrigados em seu canil municipal. E são estes animais, ou melhor, a situação que estes enfrentam que me motivou a escrever-lhes essa carta. Apenas para nivelarmos a linguagem, chamo de “canil municipal” o CEMPA – Centro Municipal de Proteção Animal, antiga ALPA.

Costumo dizer a cada focinho que acaricio, o seguinte:

–“A vida tem sido ruim pra ti, né irmão? Tenha fé. Vai melhorar!”

Hoje, o que vejo em seu canil é uma caótica desorganização. A começar pelos pavilhões onde sobrevivem amontoados dezenas de cães. A má distribuição destes salta aos olhos quando se observa o seu comportamento. Em alguns boxes, quatro ou cinco animais brabos se misturam a outros extremamente submissos e assustados. Isto resulta em brigas, na maioria das vezes com a fatalidade de algum envolvido. A maioria dos que sobrevivem em casinhas, sofrem com correntes curtas e enroladas. O perigo de sufocamento é alto. A limpeza dos potes de água e ração é ineficaz. Águas turvas por limo e potes cheio de fezes são alguns dos exemplos encontrados. Até ratazana boiando eu já presenciei. As ações são sempre reativas e encarecem muito a manutenção do seu canil. Um pequeno investimento para melhorar as condições de abrigo, abrindo mais espaços, separando os animais por porte e temperamento, fazendo um manejo seletivo e com sobriedade, executando uma limpeza básica (limpeza é a parte mais precária do canil), contratando funcionários com experiência e vontade de trabalhar e principalmente veterinários que entendam e gostem de animais de rua ou em situação calamitosa, podem trazer um pouco de conforto aos abrigados.

No CEMPA,  em sua diversidade animal, duas espécies se sobressaem às outras: Cães e Gatos. Como afirma Pareto, em sua famosa lei, 20% dentre os diversos tipos causadores de problemas  são responsáveis pelos 80% do volume total. Ou seja, se resolverem a vida dos cães e dos gatos abrigados, vocês praticamente acabam com os problemas. E como se resolve a vida destes pequenos? É simples, contudo requer um trabalho árduo, e principalmente, de parceria!

Um bom caminho é a aceitação da iniciativa voluntária. Este tipo de ajuda, quando bem declarado, não causa qualquer sorte de inconveniência com qualquer parte. O voluntário é bom porque faz o que se propõe com vontade. Não comparece por obrigação, não limpa para justificar qualquer ganho financeiro e não trata ou alimenta com nenhuma intenção que não seja o bem estar daquele animal que está recebendo a ação. O voluntário que vem, carrega consigo amor e simpatia por aqueles que lhe pedem ajuda.

Quanto ao quadro funcional, tenho uma grande preocupação. Os veterinários concursados que estão assumindo os trabalhos não possuem especialidade para tratar cães e gatos. Segundo informações que tenho, eles são dedicados à vigilância sanitária e/ou grandes animais. Mas como sabemos estes são os itens menos importantes que farão jus ao nome e à reputação do CEMPA. Não faço luz ao julgamento da destreza profissional dos mesmos, mas sim da ingênua forma destes enfrentarem os problemas do dia a dia do canil. Um desses problemas é a realização do controle populacional. Eutanasiar animais sadios como forma de controle, além de ser cruel, é uma forma cara de se solucionar o problema. A castração é o método mais indicado, por ser barato (em média R$20,00 por cada cadela de 10kg) e, indo além, ser um procedimento por demais digno. Entretando, nenhum dos que assumirão as atividades após o dia trinta e um de março deste ano, sabe realizar o procedimento, tanto em cães como em gatos. O corpo funcional da limpeza não cumpre com eficiência seu trabalho, pois não dão conta de todos os animais. O pouco que eles executam falta em qualidade.

Criei e “batizei” inúmeros abrigados, conheço a história de outros tantos e por isso a minha preocupação. Não deixem estes sofridos, desamparados. Capacitem os atuais veterinários às melhores práticas de controle populacional. Capacitem os funcionários da limpeza a exercerem seu trabalho com afinco e interesse. Capacitem o pessoal administrativo a dirigirem com melhor qualidade o seu canil, reduzindo assim os altos gastos. Incentivem e apoiem o trabalho voluntário e feiras de adoções. Conscientizem a população sobre a posse responsável fazendo valer assim a lei federal 9.605/98. E principalmente, tornem-se mais humanos com um pequeno, mas virtuoso, gesto de solidariedade para com nossos animais.

Sem mais, torno esta carta pública ao povo de São Leopoldo e aos defensores dos animais mundo a fora,

Atenciosamente

Diego Bilhalva

Estatístico

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Rafael Reinehr