Imagens da mente


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Temos imagens em nossas mentes o tempo todo. São fugazes, fugidias, em movimento constante. Só fixamos algumas delas se focamos nossa consciência sobre elas. Mesmo assim, são facilmente apagadas, deletadas tão definitivamente que se tornam quase impossíveis de serem recuperadas.

O contrário disso tudo o que foi afirmado no parágrafo acima também pode ser dito. Algumas dessas imagens fixam-se em nossa mente de modo obsessivo, fazendo parecer que todo esforço para deixa-las de lado apenas reforça os seus contornos e suas cores.

São imagens que nós mesmos compomos e editamos, e sua lógica é a lógica do sonho, ou do pesadelo.

Não por acaso, a palavra imaginação deriva da palavra latina para imagem (imago), e refere-se à capacidade de se formar imagens mentais das coisas (imaginare).

Jorge Luis Borges afirma que a imaginação supera quaisquer defeitos numa obra literária, e Jorge Luis Borges costuma estar sempre certo. Penso nisso quando percebo, em nossos dias, cada vez mais o contrário dessa afirmação: ideias superando todos os outros defeitos num trabalho artístico. Inclusive a falta de imaginação.

Arte não é filosofia. Pode fazer uso dela, como pode fazer uso de qualquer coisa. Mas justificar um trabalho medíocre porque seu conteúdo ou ideologia são corretos é algo que o tempo não perdoa.

O pintor simbolista Odilon Redon afirmava que, na obra de certos artistas, sobravam ideias literárias onde faltava imaginação plástica.

Carl Fredrik Hill (1849 – 1911) era um pintor convencional e cheio de ideias. Algumas de suas pinturas dessa primeira fase são passáveis. Mas de modo geral são medíocres.

Hill, entretanto, era um sujeito perturbado e após um ataque psicótico foi internado num sanatório. Foi diagnosticado paranoico, e sofria com alucinações terríveis. Imaginava que forças malignas o cercavam e procuravam destruí-lo. Usou como ferramenta para proteger-se dessas forças a sua arte. Passou a pintar e desenhar compulsivamente as imagens do seu mundo interior.

Seus desenhos dessa fase em nada se assemelham com os de sua fase de artista convencional. Sua arte antes medíocre torna-se perturbadora e pessoal, única. Um desenho de traços infantis mostra a chuva que cai sobre um pedaço de chão. A chuva é formada pelo seu sobrenome, Hill.

Carl Fredrik Hill deixou de lado as ideias e a realidade e passou a dar vazão às imagens que habitavam seu espírito.

Sua arte tornou-se maior.

About the author

Marcos Schmidt

Marcos Schmidt é designer gráfico e ilustrador. Vive e trabalha na irremediável cidade de São Paulo.