As redes sociais virtuais, se vistas como agentes transformadores da sociedade, são efetivas?


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Não tenho medo em afirmar que não. Amenizando um pouco, diria que a efetividade das redes sociais virtuais acontece em alguns casos individuais e isolados. De resto, não passam de conversa jogada fora, proveitosa quando se fala de amizades, mas absolutamente inútil quando falamos, por exemplo, na infinidade de eventos associados às redes sociais virtuais.

Há no mínimo uns 10 anos que acompanho (na verdade há bem mais, mas deixa assim…), sendo sete como blogueiro, os movimentos gerados pela internet: chats, ICQs da vida (sim, sei que já inventaram o MSN), listas de discussão, grupos, Orkut e, mais recentemente, Facebook e Twitter (fora a enorme quantidade de outras “redes” similares). Dessas quase não há o que falar: são o suprassumo da inutilidade social. Efetividade próxima ao zero absoluto. Pra se ter uma ideia, no momento mesmo em que escrevo, o assunto do Twitter é o Lula ter cortado o cabelo e a barba. Fora outras discussões estéreis e torcidas pró e contra a cada tombo de ministro. E isso que não sigo os “famosos”. Um verdadeiro tabloide de fofocas virtuais. Muitíssimo pouco se aproveita.

Mas há um item mais próximo ainda do zero em termos de efetividade: os tais eventos reunindo gente ligada às redes virtuais, sejam eles de que espécies forem: congressos, seminários, encontros, teds,  etc. Esses, sob a capa de transmissão de conhecimentos e experiências, nada mais são do que promoção das mesmas figurinhas carimbadas de sempre. Palestras e mais palestras Brasil e mundo afora, de gente falando sempre as mesmas coisas, prometendo as mesmas revoluções, sempre o mesmo “um novo mundo está chegando”, ou “um novo mundo é possível”, cada qual contribuindo com uma inovaçãozinha na forma de ver o mundo.

Mas, como está o mundo lá fora?

Sequer precisaria lembrar a recente divulgação de dados do Censo 2010 para mostrar o como está o mundo lá fora.

Tomo o período compreendido entre a “bolha” (1995-2000) até hoje: 16 anos e faço algumas perguntas: qualquer cinco ou mais respostas “não” é sinal de que concordam comigo: redes sociais virtuais nada mais são do que grandes botecos: muita conversa boa, muita jogada fora, discussões, paqueras e no fim vai todo mundo dormir, pois amanhã temos que trabalhar. Salvo, claro, o #botequimtuitajoaquim.

Lembrando que falo dos últimos 16/20 anos, pergunto:

1. A par de todos os encontros virtuais para discutir a educação, inclusão digital nas salas de aula, a educação no Brasil mudou alguma coisa? Dito de outra forma: todo esse auê em torno da educação mudou efetivamente nossa educação?

2. Ainda no tema: será que simplesmente colocar um computador para cada aluno vai efetivamente mudar o conceito de educação adotado no Brasil, ou simplesmente significará dar acesso a mais gente ao grande conteúdo de bobagens existentes na internet? As redes sociais virtuais contribuem, na educação, para diminuir os índices do chamado analfabetismo funcional, que anda lá pelos 76%?

3. Mantidas as raras exceções, as redes sociais, além dos tradicionais bate-bocas sobre política, efetivamente estão contribuindo para mudar o quadro político brasileiro? Ou a política segue a mesma desde que oficialmente fomos “descobertos”? (um parênteses: na verdade, o que vemos é o surgimento de alguns “coronéis” virtuais, os apregoados e idolatrados “formadores de opinião”, gente de fácil escrever e que, por isso mesmo, é seguido pela turba)

4. As redes sociais virtuais estão sendo capazes de, ao menos, bloquear o genocídio que cometemos no trânsito? Não quero influenciar na resposta, mas o número de mortes no trânsito só faz aumentar ano a ano…

5. Foram as redes sociais virtuais que tiraram os milhões de brasileiros da miséria?

6. Diminuiu o número de “crianças de rua”?

7. Diminuiu o número de traficantes, vendedores e usuários de drogas?

8. Os governos se tornaram efetivamente transparentes?

9. Alguma vez você levantou dessa cadeira aí e foi agir na realidade presencial por ter lido/visto algo nas redes sociais virtuais?

10. As redes sociais virtuais estão nos tornando melhores seres humanos? (ou apenas reproduzimos nela nosso comportamento hipócrita de sempre?)

Eu respondi “não” para as dez perguntas. Não é pra menos, já comecei o texto sabendo onde queria chegar: redes sociais são muito boas para conversar, brincar ou para fazer palestras, mas não servem para transformar a realidade. Quem transforma a realidade está nas redes reais”…

 

About the author

Luiz Afonso Alencastre Escosteguy

Apenas o que hoje chamam de um idoso. Parodiando Einstein, só uma coisa é infinita: a hipocrisia. E se você precisou saber meu "currículo" para gostar ou não do que eu escrevo, pense bem, você é sério candidato a ser mais um hipócrita!