Futebol By Guilherme Carravetta / Share 0 Tweet Na última terça-feira, dia 22 de janeiro, Dunga convocou os jogadores para amistoso contra a Irlanda, no próximo dia 6 de fevereiro. Para essa partida, o técnico da Seleção chamou dez atletas com idade permitida para disputar as Olimpíadas de Pequim. A história do futebol masculino brasileiro nos Jogos Olímpicos é vergonhosa. Nos últimos anos então, nem se fala. O caneco olímpico é o único dos torneios oficiais da Fifa que falta na coleção da Seleção Brasileira. Será que esse é o ano do tão esperado triunfo? A primeira medalha olímpica do futebol brasileiro foi conquistada em Los Angeles-1984, por uma equipe que tinha como base o time do Internacional. A grande maioria dos clubes brasileiros na época se negaram a ceder seus jogadores para a Seleção Olímpica. Assim, a escalação do time treinado por Jair Picerni tinha: Gilmar Rinaldi; Ronaldo, Pinga, Mauro Galvão e André Luís; Ademir, Dunga, Gilmar Oliveira e Silvinho; Tonho e Kita. O Brasil acabou com uma honrosa medalha de prata, perdendo a final contra a França por 2×0. Quatro anos depois, em Seul-1988, alguns jogadores importantes como Taffarel e Dunga foram mantidos. Outros tantos chegaram à Seleção, entre eles Romário. O grupo parecia ser mais forte do que o de 1984. Carlos Alberto Silva comandava um plantel que tinha Taffarel, Luís Carlos Winck, Aloísio, André Cruz, Jorginho, Andrade, Milton, Neto, Careca, Romário, Bebeto, Zé Carlos, Mazinho, Batista, Ricardo Gomes, Nelsinho, Ademir, Geovani, Valdo, Edmar e João Paulo. Mais uma final. Mais uma medalha de prata. Dessa vez foi a União Soviética quem tirou o doce da boca dos brasileiros. A maravilhosa Barcelona não viu a Seleção Olímpica Brasileira, que caiu no Pré-Olímpico. A anfitriã Espanha saiu-se campeã. Atlanta-1996 foi palco para um dos grandes fiascos do futebol Brasileiro. A Seleção comandada pelo então técnico Zagallo, era considerada favorita. O país esperançoso com a perspectiva da primeira medalha de ouro acompanhou as trapalhadas da dupla Dida e Aldair. O time base era: Dida, Zé Maria, Ronaldo, Aldair e Roberto Carlos; Zé Elias, Flávio Conceição, Amaral e Juninho (Rivaldo); Ronaldinho (Sávio) e Bebeto. Na semifinal a fatídica partida contra a Nigéria. Empate em 3×3 no tempo normal. Na prorrogação, o camisa 4 Kanu fez o golo de ouro com um chute forte na entrada da área da meta de Dida, carimbando o passaporte de volta dos brasileiros. É possível comparar a frustração dos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 com Sydney-2000. Só que na Austrália a Seleção comandada por Wanderley Luxemburgo fez campanha bisonha e caiu logo nas quartas-de-final. A equipe jogava com Helton; Baiano, Fábio Poltrona Bilica (Lúcio), Álvaro e Fábio Aurélio; Marcos Paulo, Fabiano, Edu (Roger) e Alex; Geovanni (Lucas) e Ronaldinho. Das bizarrices brasileiras na Austrália, a mais difícil de esquecer foi a mijada que Lúcio, enfurecido, deu no Roger, que pouco gostava de marcar. Pois nas quartas-de-final, Brasil e Camarões empataram em 1×1 no tempo normal. Na prorrogação a equipe camaronesa buscou a superação e com nove jogadores em campo acabou com o sonho brasileiro. Mas nem por isso chamou a partida de épica ou fez um filme a respeito dela. O Pré-Olímpico no Chile, classificatório para Atenas-2004, ficou marcada pelas molecagens e palhaçadas de Diego e Robinho (campeões brasileiros pelo Santos, em 2002, e com o rei na barriga). Resultado: Argentina campeã do Pré-Olímpico e Brasil de fora de mais uma olimpíada. O ouro das olimpíadas ficou também com a Argentina de Tevez. A Seleção Argentina larga na frente na disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. O treinador Sergio Batista já anunciou que pretende contar com Demichelis, Mascherano e Riquelme, entre os mais experientes, acima de 23 anos. Assim, do meio pra frente, a Seleção Argentina se desenha com um supertime para Pequim-2008: Mache, Gago, Banega e Roman; Messi e Agüero (além de Higuain e Escudero). Caso se confirme essa meia cancha e se a defesa (com o reforço de Demichelis) seja consistente, será difícil bater os hermanos. Da mesma forma, o time brasileiro parece ser bastante bom. Dunga não está muito disposto a perder seu cargo, como fez Luxa em 2000, em nome das Olimpíadas, e está preparando como pode o grupo para Pequim-2008. Foi por isso que convocou dez jogadores com idade olímpica para o amistoso da Seleção principal contra a Irlanda no dia 6 de fevereiro. Dunga já confirmou que irá utilizar os três jogadores acima dos 23 anos de idade que a lei da competição permite. Particularmente, enxergo duas certezas entre essas três vagas: Juan e Kaká. Em cima dessa última convocação de terça-feira, é possível projetar a equipe com: Renan; Rafinha, Breno, Juan e Marcelo; Hernanes, Lucas, Anderson e Kaká; Pato e Sóbis. Algumas possíveis variações com jogadores como Diego (ex-Santos) e Diego Souza, por exemplo, poderiam empurrar Kaká ao ataque, no lugar de Sóbis. E estou considerando apenas Kaká e Juan com mais de 23 anos. Dunga poderia contar ainda com Júlio César, caso necessite de um goleiro mais experiente, ou chamar Robinho (argh!) para fazer dupla com Pato. Outros tantos bons jogadores possuem idade olímpica e certamente irão compor um grupo de extrema qualidade. Ou seja, se trabalhada com cuidado, essa Seleção pode, finalmente, conquistar o tão sonhado ouro olímpico.