Alzheimer Digital


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"Vivemos em um mundo onde todo nosso conhecimento está guardado em arquivos binários de formato desconhecido. Se nossos documentos são nossa memória incorporada, a Microsoft ainda nos mantém condenados ao Alzheimer."

A frase acima é de Simon Phipps, funcionário da empresa californiana Sun, e que levanta uma questão importante: se quisermos continuar acessando dados armazenados em formatos proprietários, é melhor torcermos para que as empresas responsáveis por eles continuem existindo.

"Vivemos em um mundo onde todo nosso conhecimento está guardado em arquivos binários de formato desconhecido. Se nossos documentos são nossa memória incorporada, a Microsoft ainda nos mantém condenados ao Alzheimer."

A frase acima é de Simon Phipps, funcionário da empresa californiana Sun, e que levanta uma questão importante: se quisermos continuar acessando dados armazenados em formatos proprietários, é melhor torcermos para que as empresas responsáveis por eles continuem existindo.

Nos últimos 15 anos, com a popularização da internet, a quantidade de informação trocada entre pessoas cresceu de forma assustadora. No entanto, a preocupação com a acessibilidade do conteúdo dos incontáveis arquivos compartilhados é deixada de lado, muitas vezes, em nome da comodidade ou da errônea premissa de que todo e qualquer destinatário, por exemplo, possui determinado software em sua máquina e, por isso, não teria problemas em acessar a informação desejada. Em outras palavras, relega-se o conteúdo ao padrão de-facto e as alternativas livres e realmente portáveis são esmagadas pela monopolista.

Da mesma forma como hoje o conteúdo de certos arquivos criados há mais de 10 anos pode nos ser completamente inacessível, o que agora criamos e armazenamos sob padrões fechados pode vir a ser ilegível em pouco tempo. A UNESCO, em 2002, publicou um documento onde expõe sua preocupação quanto a iminente perda do patrimônio intelectual e cultural que estamos gerando digitalmente — e que já vem ocorrendo nos últimos anos e tende a se agravar.

O documento também cita, como uma trágica ilustração ao problema, o caso de um neurobiologista que necessitava de certos dados obtidos pela sonda Viking, enviada pelos Estados Unidos à Marte em meados da década de 70, mas que foi informado pela NASA de que não havia um programa que pudesse ler as fitas que continham as informações e que os programadores que saberiam fazê-lo já estavam mortos.

Do mesmo modo, mas agora em grande escala, se empresas como a Microsoft deixarem de existir e levarem consigo as especificações de seus formatos, os resultados seriam catastróficos.

É necessário, portanto, que haja uma conscientização quanto à gravidade da situação que estamos criando e que se busque minorar a dependência de empresas e programas específicos no armazenamento da informação. O simples fato de se optar por um padrão livre garante que o documento será legível e inteligível por qualquer pessoa e não trará consigo dependências de software que restringem seu acesso. Como exemplos de padrões abertos para documentos de texto, posso citar os seguintes formatos: ODF, PDF e até mesmo o HTML.

Recomendo, como complemento ao artigo, alguns textos (em inglês) sobre este mesmo assunto, mas com abordagens mais técnicas e detalhadas sobre os problemas dos formatos proprietários — em especial sobre o popular formato do Word.

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Bruno Cardoso