Roraima pós-Ottomar Pinto


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Durante o tempo em que viveu dedicado a Roraima, Ottomar Pinto foi mais que um político catalisador de lideranças para o seu entorno. Foi quase uma entidade, uma espécie de pai para uma massa de pobres que se acostumou a receber favores e agrados. Era idolatrado por muitos e odiado por outros tantos.
É forçoso dizer, no entanto, que nesses seus últimos anos de vida e no poder, Ottomar Pinto dava sinais de uma ligeira mudança de mentalidade política.

Durante o tempo em que viveu dedicado a Roraima, Ottomar Pinto foi mais que um político catalisador de lideranças para o seu entorno. Foi quase uma entidade, uma espécie de pai para uma massa de pobres que se acostumou a receber favores e agrados. Era idolatrado por muitos e odiado por outros tantos.

De formação militar linha dura, Ottomar Pinto não pensava duas vezes antes de dar uma reprimenda nos seus assessores e auxiliares. No campo político, optou por uma linha populista, do tipo que oferece pão e circo aos seus governados.

Esse estilo de fazer política rendeu a Ottomar Pinto um lugar assegurado no coração do povo roraimense. Exatamente entre aquelas pessoas mais necessitadas. Oferecendo presentes, enxovais, redes, entre outras benesses o político Ottomar Pinto construiu uma forma de fazer política bem peculiar. Não das mais saudáveis, diga-se. Mas que lhe rendeu quatro mandatos de governador (um deles após a cassação de Flamarion Portela) e um de prefeito de Boa Vista.

Na periferia da Capital roraimense, fazer críticas a Ottomar é o mesmo que proferir ofensa contra a santa mãezinha dos seus admiradores. Motivo para briga. O passamento de Ottomar Pinto marca uma cisão entre o hoje e o que virá depois. E não se sabe ainda o que virá…

Como será Roraima pós-Ottomar? Qual a herança política que ficará? Será que a forma de buscar o voto do eleitorado, acostumado a receber presentes nas mãos, mudará? Não há como negar que o Ottomar Pinto soube construir um elo forte de ligação com o eleitorado. Era um homem que falava a língua do povo.

O que ele dizia, com esse seu jeito de falar a língua do povo, nem sempre era aceitável ou o reconhecível como o melhor no campo político. O jeito Ottomar de fazer política criou uma massa de pessoas acostumadas a esperar por favores. E isso não foi bom para Roraima. O Estado poderia estar hoje num outro patamar de desenvolvimento.

É forçoso dizer, no entanto, que nesses seus últimos anos de vida e no poder, Ottomar Pinto dava sinais de uma ligeira mudança de mentalidade política. O populismo e o assistencialismo ainda tinham uma presença forte na sua prática diária, mas a preocupação com projetos mais ousados parecia já ocupar mais espaço na cabeça do governante que ora se vai.

O velho Totó, como era chamado pelos seus simpatizantes e até mesmo desafetos políticos, deixou uma marca. Será preciso, porém, que os seus sucessores o superem na forma de gerir o Estado. É preciso ensinar a pescar e não simplesmente dar o peixe de mãos beijadas. Indicar o caminho a seguir, e não pegar não mão e levar ao ponto de chegada, ato que culmina no comodismo.

Com a partida de Ottomar Pinto para um outro plano, Roraima termina um ciclo político. Reconheça-se o que de positivo Ottomar Pinto construiu. Mas, agora, será preciso construir algo novo, diferente, condizente com as necessidades de uma sociedade que vive o século XXI. Haverá uma liderança capaz de realizar tal tarefa? Somente o futuro dirá.

PS – O governador Ottomar Pinto faleceu na tarde desta terça-feira, em Basília, vítima de parada cardíaca.

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Luiz Valério