Teoria dos Jogos: “O Dilema do Prisioneiro”


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Saudações a todos os “pensadores selvagens” que acompanham nossas exposições aqui na coluna sobre Teoria dos Jogos. Hoje como prometido, iremos tratar de um Dilema que aborda de uma maneira simplificada o contexto geral da teoria, chamado: O dilema do Prisioneiro.

Respeitável público, com vocês: os irmãos metralha.

Fonte: http//:www.gpdesenhos.com.br

O Dilema do Prisioneiro se destaca por oferecer uma visão simples e realista de como são medidas as relações humanas na atualidade. Popularizou-se com o matemático e economista Albert W. Trivers. Segundo Trivers o dilema do prisioneiro é uma situação fictícia em que dois comparsas, A e B, são pegos cometendo um crime. Levados à delegacia e colocados em celas separadas, o promotor lhes diz que a polícia possui evidências suficientes para mantê-los presos por um ano, mas não o bastante para uma condenação mais pesada. Porém, se um confessar e concordar em depor contra seu cúmplice, ficara livre por ter colaborado, e o outro irá para a cadeia por 3 (três) anos. Já se ambos confessarem o crime, cada um sofrerá uma pena de 2 (dois) anos. As decisões são simultâneas e um não sabe nada sobre a decisão do outro. O dilema do prisioneiro mostra que, em cada decisão, o prisioneiro pode satisfazer o seu próprio interesse (trair) ou atender ao interesse do grupo (cooperar). Aqui estão as possibilidades organizadas em ordem:

a) Ambos Cooperam;
b) Ambos Desertam;
c) O prisioneiro A coopera enquanto o prisioneiro B trai;
d) O prisioneiro A trai enquanto o prisioneiro B coopera.
Como demonstra melhor a tabela abaixo:

 
B Coopera
B Trai
A
Coopera
1 ano para A
1 ano para B
3 anos para A
B fica Livre
A Trai
A fica livre
3 anos par aB
2 anos para A
2 anos para B

Para qualquer um dos prisioneiros, o melhor resultado possível é trair e seu parceiro ficar calado. E até mesmo se seu parceiro trair, o prisioneiro ainda lucra por não cooperar também, já que ficando em silêncio pegará três anos de cadeia, enquanto que, confessando, só pegará dois. Em outras palavras, seja qual for à opção do parceiro, o prisioneiro se sai melhor traindo.
O único problema é que ambos chegarão a essa conclusão: a escolha racional é trair. Essa lógica vai, desta forma, proporcionar a ambos dois anos de cadeia. Se os dois cooperassem, haveria um ganho maior para todos, mas a otimização dos resultados não é o que acontece.
A grande dúvida é se vale a pena fazer a parte que lhe cabe no conjunto ou estabelecer uma estratégia nociva em que obtenha vantagem máxima à custa dos outros. Em outras palavras, ser a estrela do espetáculo, nem que seja por méritos obscuros.
A cada ano que passa, todos esses fatos nas empresas se repetem com num loop infinito. Segue em frente, mas sem direção. O impacto sobre cada indivíduo depende de suas idiossincrasias e seus ideais.
Ideal é que tenhamos competência e rapidez necessários para marcar nosso espaço e sobreviver. Não obstante, para jogar o jogo sem se ferir é preciso, primeiro, saber as regras, entender como se comportar e estabelecer seu personagem do jeito mais conveniente possível. Ser real não vale tanto nesse jogo organizacional, ou não se poderá comemorar nada.
O Dilema do Prisioneiro nada mais é do que o tomar de decisões em uma determinada situação onde é preciso levar em considerações as decisões dos outros. No fundo, uma simples questão entre altruísmo ou egoísmo. Em jogos assim o pensamento predominante é: se eu pensar sobre como você pensa sobre minha forma de pensar, eu não devo colaborar.
Uma estratégia muito simples chama TIT FOR TAT (TFT), que em tradução livre significa “olho por olho”, pode explicar e entender melhor como utilizar-se de maneira concisa o Dilema do Prisioneiro entre relação de organização. Essa estratégia segure que devem-se começar uma relação sempre cooperando, e depois fazer exatamente o que o seu concorrente tiver feito no decorrer do tempo: trair, se tiver sido traído, e cooperar caso tenha obtido cooperação. TIT FOR TAT tem quatro características principais:

a) É “bacana” – nunca trai primeiro;
b) É “vingativa” – nunca deixa passar uma traição sem retaliar na mesma moeda no lance seguinte.
c) É “generosa” – Se após uma traição e conseqüentemente retaliação, o oponente passa a se comportar bem, TIT FOR TAT, esquece o passado e se engaja num comportamento cooperativo.
d) É “transparente” – é uma estratégia simples o suficiente para permitir ao oponente notar de imediato com que tipo de comportamento está lidando. Não há truque.

A estratégia TFT tem um grave problema: se ela tivesse sido a estratégia preferencial da evolução, nós humanos não teríamos aparecido como produto dela. Não do jeito que somos. TFT não é capaz de perceber quando alguém erra involuntariamente – é fria demais. Se calhar de dois “jogadores” (organizações) TFT entrarem em sintonia, tudo bem, começa o “jogo” da reciprocidade; mas, que se por acidente ou engano, um deles trai, tem inicio uma série infinita de traições mútuas da qual não se escapa.

A estratégia TFT pode ter sido o inicio, o “pé na porta”, mas depois deve ter evoluído para algo que permita distinguir o erro involuntário da má fé premeditada, levando-se a perdoar o erro e só retaliar a malandragem. Como a evolução fez isso? Uma hipótese interessante diz que foi embutindo a emoção no comportamento dos humanos.
Com base nos conceitos já vistos até aqui, é seguro afirmar que muito provavelmente, nos primórdios da civilização, mentira e linguagem surgiram juntas. Mas colaboração e troca em sociedade exigem confiança; meios para se evitar a trapaça, para possibilitar que as ações dos companheiros sejam previsíveis, para estabilidade a um mundo de valores comuns.

Próximo artigo: Equilíbrio de Nash.

Colunista: Valdir Vitorino
Tel.: (19) 3492 2231
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Valdir Vitorino