Os discípulos de Malba Tahan nas olimpíadas


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Segundo as últimas noticias da OBMEP, mais de 18 milhões de estudantes participaram da 1º fase das olimpíadas brasileira de matemática deste ano.

O índice de escolas inscritas também vem aumentando, e este ano atingiu quase 100% dos municípios brasileiros, foram 40.377 escolas, o que nos leva a crer, que a OBMEP, é um tremendo sucesso.

Os exercícios são bem ao estilo “Malba Tahan”, exigindo do aluno, uma boa preparação, e, além disso, que seja necessário uma interpretação bastante detalhada dos problemas, antes de resolvê-los.

 

É necessário frisar, a importância da participação do aluno nestas competições, tendo ele, a oportunidade de interagir diretamente com seus colegas e professores.

É fato que, a grande maioria dos alunos brasileiros, têm certa dificuldade na interpretação de problemas matemáticos, e que, grande parte da culpa, na dificuldade em interpretar um texto, está diretamente ligada, à falta de leitura.

E o intuito das olimpíadas, é este, desmistificar a matemática, e dar aos estudantes, mais uma poderosa ferramenta, para que, desta forma, eles possam trabalhar as suas deficiências em problemas que envolvam interpretação, que na verdade, atinge até mesmo, os mais experientes.

Acredito que estamos no caminho certo, agora é introduzir esta idéia gradativamente em todas as escolas nacionais, cabendo ao professor, achar meios de atiçar a curiosidade e despertar o interesse do aluno, em resolver problemas matemáticos.

 

Muitos professores, podem até discordar, mas é muito fácil, trazer a leitura para dentro da sala de aula, e aproveitar para fazer, uma boa contextualização do conteúdo, com a realidade do aluno.

Vamos imaginar um professor, que está lecionando no interior do amazonas, bem no interior, dando aula e falando de camelos para seus alunos, que ainda usam tangas, e se pintam para brincar de arco e flecha. Não vai dar certo! E outro no interior do Rio Grande do sul falando sobre Lhamas. Será que dá certo?

 

Como moro no interior do Rio Grande do Sul, vou apresentar a minha versão da história.

E como não sou escritor, e nem tenho muita intimidade com a pena (que não é de galinha), vou usar uma estória adaptada do livro “Malba Tahan” – O HOMEM QUE CALCULAVA – Claro que existem diversos autores que eu poderia usar, mas como estamos na casa dele, vou aproveitar e fazer um estrago em uma de suas estórias.

Que Allah me proteja da ira de Malba Tahan! E vamos ao que interessa.

O problema dos 35 cavalos
 

A estória se passa nos pampas gaúchos, onde dois amigos, Pita e Tatá, viajavam a muito tempo juntos, procurando um jeito de ganhar a vida, indo de fazenda em fazenda.

Numa destas aventuras, vinham os dois cavalgando, no único cavalo que tinham. Que apesar de ser, um belo animal, com ancas largas, e pelo baio, já estava na rapa do tacho, de tão cansado de carregá-los, por dias e dias.

Cansados, avistaram de longe, 3 raparigas, em calorosa discussão.

Desconfiados, que nem cachorro vira-lata, foram se chegando. Tatá, que estava nas rédeas, gritou alto. – Qual o motivo da gritaria mulherada?

– Somos irmãs – disse Genovilda, a mais velha – e recebemos uma herança de nosso pai, esses cavalos, mas o problema é que são 35. E segundo a vontade de nosso pai, que era um gaúcho teimoso, de calo nas ventas de tanto assuar o nariz, devo receber a metade, e minha irmã do meio, Marivelda, uma terça parte.

A mais nova de todas, Cornélia dos santos, deve receber a nona parte. Mas não sabemos como fazer, para dividir os 35 cavalos entre as três.

 
Como iremos resolver este problema?
-Fácil – Falou Tatá – Se as gurias não se importarem, posso ajudá-las?
A mais velha das gurias perguntou para o Tatá – Como?

– Gurias- Disse Tatá, apeiando do cavalo ( que neste momento, já estava com meio metro de língua pra fora), -Vou fazer a divisão, juntando aos cavalos de vocês, este lindo alazão, que é nosso fiel companheiro de aventuras.

As gurias se olharam, meio desconfiadas, mas como estavam curiosas deixaram Tatá continuar.

– Juntando nosso alazão, aos 35 cavalos de vocês, teremos 36 cavalos.
E voltando-se para a mais velha, falou:

– Genovilda, tu deverias receber a metade de 35, isto é, 17 e meio. Como agora temos 36 cavalos, receberás 18, que é a metade de 36. Correto?

Genovilda se abriu que nem gaita velha. A boca foi lá nas orelhas, de tão contente.

Tatá continuou, e falou para Marivelda – E tu guria, deverás receber 1/3 de 35, que é onze e mais um pouquinho. Vais receber agora, um terço de 36, que é 12.

Marivelda deu um pulo de contente, e a mais nova, que era a rapa do tacho, começou a resmungar. Tatá continuou assim mesmo – E tu Cornélia, como és a mais nova de todas, deverias receber uma nona parte de 35, que é 3. Agora, receberás a nona parte de 36, que é 4.

E Foi desta forma, que Tatá concluiu a divisão dos 35 cavalos entre as três irmãs.

Para terminar Tatá falou – Pela vantajosa divisão feita entre vocês, onde todas saíram lucrando. Couberam 18 cavalos a mais velha, 12 cavalos a do meio, e 4 cavalos a mais nova, o que somando dá 18+12+4=34 cavalos. Dos 36 cavalos sobraram dois. Um é do meu amigo Pita, outro toca por direito a mim, por ter resolvido o complicado problema da herança.

A mais velha como sempre, pulou na frente, e falou. – Tu és moço mui inteligente tchê!Agora podemos ir para casa, alegres e descansadas.

E o esperto Tatá, pegou um dos cavalos mais bonito, e montou , dizendo para o seu amigo Pita – Vamos embora vivente, que hoje deu lucro! -Pita que observou todo o desenrolar da partilha, falou – Vamos companheiro, a luta continua, mas da próxima vez, sou eu que resolvo.

Terminando a estória, vem o próximo passo, que é, explicar, como o nosso amigo Tatá, conseguiu resolver a divisão, somando um cavalo aos outros 35.

A idéia é mais ou menos esta. Colocar o problema identificando o ambiente da criança, e trazendo para a estória, a realidade dela, no meu caso, pampas, gurias, tchê, vivente, gaudério, prenda, cavalo e tantas outras palavras regionais, que são os links de ligação da história com a realidade dos alunos.

Claro que podemos usar vários exemplos, mas isto depende da criatividade de cada professor. Material tem de sobre, o que falta é vontade.Vou ficando por aqui, então, até a próxima, e vamos torcer, para que em breve tenhamos novos discípulos de Malba Tahan.

"Matemática, o éter da natureza"

Almagemos

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Antonio Madrid