Fim do crescimento demo-econômico do G-20?


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A economia e a demografia devem sofrer grandes transformações no século XXI. O acelerado crescimento demo-econômico dos últimos 200 anos podem estar com os “dias contatos”. Diversos autores falam no fim do crescimento econômico, tais como: Richard Heinberg, em The End of Growth: Adapting to Our New Economic Reality e Jeff Rubin, em The End of Growth. Outros autores falam em redução do crescimento, como Robert J. Gordon, no artigo: “Is U.S. Economic Growth Over?”.

Existem vários indicadores que apontam para o fim do crescimento econômico ou uma redução bastante drástica no ritmo de aumento do PIB: o “pico do petróleo”, a escassez dos recursos naturais, os efeitos do aquecimento global, o aumento do preço dos alimentos, o envelhecimento populacional e a estagnação dos ganhos de produtividade, etc. O fato é que as atividades antrópicas já ultrapassaram os limites da biocapacidade do Planeta e o menor crescimento econômico deve reforçar o menor crescimento demográfico e vice-versa. O crescimento econômico extensivo não deve acontecer no século XXI. A economia dos países desenvolvidos caminha para a estagnação e pode arrastar o resto do mundo. Mas este artigo foca nas questões populacionais, com base no grupo dos países conhecidos como G-20.

O G-20 é o clube das 19 maiores economias do mundo mais a União Européia. Neste artigo estamos substituindo a União Européia (pois já existem no grupo a Alemanha, Reino Unido, França e Itália) pela Espanha (que é o 14º Produto Interno Bruto – PIB). Os dados são do FMI e estão em poder de paridade de compra (ppp), para o ano de 2012. O G-20, com um PIB de 63,4 trilhões de dólares, representa 76,6% da economia mundial e 62% da população global. Os Estados Unidos são a maior economia, com 15,7 trilhões de dólares, mas a China está se aproximando, com 12,4 trilhões de dólares. Índia e Japão estão no terceiro e quarto lugares com cerca de 4,7 trilhões de dólares. O Brasil vem em sétimo lugar com 2,4 trilhões e a África do Sul em vigésimo lugar com 579 bilhões de dólares.

Em termos populacionais a China ocupa a primeira posição, mas deve ser superada pela Índia na próxima década. Estados Unidos vem em terceiro lugar, Indonésia em quarto, Brasil em quinto, México em sexto e Austrália em vigésimo. A população do G-20, em 1950, era de 1,753 bilhão de habitantes e passou para 4,373 bilhões de habitantes em 2102. Houve um crescimento de 2,5 vezes, representando um acréscimo de 2,6 bilhões de habitantes em 62 anos.

Para o século XXI as projeções indicam uma situação de reversão da tendência de crescimento demográfico, pois a maioria dos países do G-20 já possuem fecundidade abaixo do nível de reposição. Na segunda metade do corrente século a população do G-20 vai se reduzir, mesmo considerando que a imigração vai fazer crescer a população de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália nas próximas décadas, ou amenizar o ritmo de declínio de outros países como Alemanha, Itália, Reino Unido, etc.

Pelas estimativas médias da Divisão de População da ONU a população de 4,4 bilhões de habitantes do G-20 em 2012 vai chegar a 4,4 bilhões em 2030, atingir o pico de 4,986 bilhões em 2047 e voltar para os mesmos 4,4 bilhões atuais, em 2100. Ou seja, a população do G-20 (graças principalmente à Índia) vai crescer cerca de 600 milhões até a metade do século e deve perder os mesmos 600 milhões de habitantes até 2100. No computo geral, a população do G-20 vai chegar em 2100 com a mesma população de 2012.

Mas com uma diferença fundamental: a razão de dependência demográfica dos idosos (percentagem da população de 65 anos e mais sobre a população de 15 a 64 anos) vai passar de 13% em 2012 para 47% em 2100. Ou seja, para cada 100 pessoas em idade de trabalhar existiam 13 pessoas idosas em 2102, mas no final do século XXI vai haver praticamente 1 idoso para cada 2 pessoas em idade de trabalhar. O número de pessoas com 65 anos e mais no total dos países do G-20 era de 92,4 milhões em 1950, passou para 374,5 milhões em 2010 e deve atingir 1,189 bilhão em 2100. E o crescimento será maior entre as pessoas com mais de 80 anos de idade que, em geral, possuem maior dependência e requerem maiores custos do sistema de saúde.

Mas embora a população total do G-20 só comece a diminuir em 2047, a População em Idade Ativa (PIA) deve começar a diminir em 2030. Em 1950, havia 1,077 bilhão de pessoas com idades entre 15 e 64 anos. Este número passou para 2,925 bilhões em 2010 e deve alcançar o máximo de 3,232 bilhões em 2030, para depois começar a cair e atingir 2,516 bilhões em 2100. Portanto, a PIA vai diminuir em cerca de 400 milhões de pessoas na comparação 2100 e 2010. Enquanto a PIA vai cair, a população idosa (65 anos e mais) vai passar de 374 milhões em 2010 para 1,189 bilhão em 2100. Por conta disto, a razão de dependência de idosos vai chegar a quase 50%.

Estas mudanças demográficas tevem ter um impacto na redução do crescimento econômico do G-20 e, consequentemente, na economia internacional e podem ser mais acentuadas se não houver recuperação esperada da fecundidade e se a Índia acelerar a transição demográfica. No século XX diversas inovações médicas e sanitárias possibilitaram a redução da mortalidade infantil e da mortalidade materna. Isto fez cresceer a população masculina e feminina em idade de trabalhar. As inovações médicas atuais para aumentar a longevidade vai, fundamentalmente, aumentar a razão de dependência dos idosos, sem grandes efeitos na produtividade econômica.

De maneira recorrente, o menor crescimento econômico deve induzir menores taxas de fecundidade, contribuindo para a redução da população. Portanto, a perspectiva para as próximas décadas é que haja grande mudança no quadro de crescimento demo-econômico que prevaleceu nos dois últimos séculos. Será que este quadro está sinalizando para uma situação de estado estacionário ou decrescimento?

 

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José Eustáquio Diniz Alves