G-Zero, G-8 e G-20


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O mundo está em uma encruzilhada econômica, social e ambiental. Depois da crise da economia internacional de 2008 e 2009, houve uma forte recuperação em 2010, mas uma desaceleração em 2011 e as incertezas são grandes em 2012. Em termos sociais existem 2,5 bilhões de pessoas sem acesso ao esgotamento sanitário, 1,3 bilhão de pessoas abaixo da linha da pobreza de US$ 1,25 ao dia, cerca de 1 bilhão em situação de insegurança alimentar e milhões de desempregados pelo mundo. Em termos ambientais cresce a degradação da natureza, milhares de espécies são extintas e aumenta o aquecimento global.

O mundo precisa de uma governança global para dar conta destes desafios. Porém, não existe um governo global e a ONU não tem delegação e representatividade para resolver estas questões. Depois da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos assumiram o papel de liderança mundial e no máximo tinham que dividir determinados assuntos com a União Soviética. Mas na década de 1970 a crise do petróleo e a complexidade da situação internacional fizeram com que os EUA dividissem as responsabilidade com o G-7, o grupo das 7 maiores economias capitalistas (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá).

Com o fim da Guerra Fria a Rússia foi integrada no G-7 que passou a G-8 a partir do ano de 1998. Mas o G-8 não deu conta de resolver os problemas da última grande crise econômica internacional (de 2008/2009) e teve de recorrer ao G-20: os 8 paises mais Argentina, Brasil e México, da América Latina, a África do Sul, como único país africano, a Austrália, único país da Oceania, Arábia Saudita, Turquia e Indonésia, países muçulmanos, os grandes emergentes e países mais populosos do mundo China e Índia, além de Coréia do Sul e União Européia.

Mas o G-20 é um grupo de países muito heterogêneo e dificilmente vai conseguir medidas consensuais para redirecionar os problemas econômicos, sociais e ambientais do mundo. O  G-20 não tem tido uma atuação conjunta e coerente na Rio + 20.

A reunião no México, em 18 e 19 de junho, na ante-véspera, da Conferência de Meio Ambiente do Rio, teria que focar nos problemas da economia européia e na busca para um crescimento sustentado e sustentável da economia mundial e do ambiente global. Mas faltam propostas claras e liderança.

Na verdade já há quem fale em G-Zero, pois cada país está atuando por conta própria e sem uma coordenação global. Isto é o que tem defendido Ian Bremmer, no livro: “Every Nation for Itself: Winners and Losers in a G-Zero World”. As mudanças na economia mundial não deixam um único centro de poder ou pólos entre os quais os demais países eram forçados a optar. Para ele, os Estados Unidos continuarão a ser uma única superpotência, mas enfraquecida pelas guerras, pelo subemprego, pelas dívidas interna e externa, pela desigualdade e aumento da pobreza, sendo que tudo isto leva a população americana a rejeitar uma política ativista no exterior. Os europeus não vão preencher o vácuo, pois estão ocupados em salvar a zona euro. China e outras potências emergentes não querem ou não possuem força suficiente para oferecer uma saída para o mundo.

Por conta desta falta de liderança, não se pode esperar muito da Rio + 20 e nem da reunião do G-20 que acontece no México. Não se pode esperar muito também do G-8 e o G-Zero é o mesmo que estaca zero. Com o agravamento da crise econômica nos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) a reunião do G-20, no México, vai ter muito trabalho e dificilmente vai ajudar nas resoluções da Rio + 20, nos dias 20 a 22 de junho. As eleições na Grécia e seus desdobramentos é uma grande interrogação.

Por tudo isto, a situação econômica, social e ambiental do mundo ainda vai ter que esperar por um momento mais favorável, talvez, até o dia em que a sociedade civil possa ter força suficiente para mudar o modelo de produção e consumo do mundo. Modelo que é socialmente excludente e insustentável em termos ambientais. E a situação tende a se agravar sem uma liderança global e sem a mobilização da sociedade civil que aponte um novo rumo para a comunidade internacional.

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José Eustáquio Diniz Alves