Resultados do censo da Índia


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A Índia é um país de tradições milenares e que já deu grandes contribuições para o desenvolvimento da cultura humana. A invenção do zero, por exemplo, é considerada, por muitos, como uma das invenções mais importantes de toda a história da humanidade.

O último censo demográfico da Índia mostrou uma população de 1,21 bilhão de habitantes em 2010, um acréscimo de 181 milhões de habitantes desde o ano 2000. Ou seja, a Índia cresceu quase um Brasil em apenas 10 anos. A Índia tinha uma população de 372 milhões em 1950 – representando 14,7% dos 2,53 bilhões da população mundial. Portanto, a população indiana cresceu mais de 3 vezes (230%) em 60 anos. Até 2030, a Índia deve ultrapassar a China, se tornar  o país mais populoso do mundo, e atingir o montante de 1,52 bilhão de habitantes, representando 18,3% da população mundial.

Juntamente com este crescimento demográfico, a Índia também tem apresentado alto crescimento econômico (em torno de 7% ao ano nas duas últimas décadas) e tem chamado a atenção do mundo como um dos principais países emergentes do Planeta. A renda per capita da Índia (em poder de paridade de compra – ppp) passou de 416 dólares em 1980, para 943 dólares em 1992, 1.517 dólares em 2000, 3,3 mil dólares em 2010 e deve atingir 5,4 mil dólares em 2016.

Porém, o sucesso destas altas taxas de crescimento populacional e econômico não tem se traduzido em sucesso, na mesma proporção, da melhoria das condições de vida da população.  A esperança de vida passou de 38 anos em 1950-55 para 64,2 anos em 2005-10. A mortalidade infantil caiu de 165 por mil no quinquenio 1959-55 para 64,2 por mil em 2005-10. A queda foi grande, mas o patamar atual ainda é muito alto para os padrões internacionais. Isto fica claro quando se percebe que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Índia passou de 0,320 em 1980 para 0,519 em 2010, muito abaixo do IDH da China que estava em 0,663 em 2010 ou do Brasil que estava na casa de 0,800 neste mesmo ano.

O censo indiano mostra que a despeito do crescimento econômico os avanços sociais tem ocorrido de maneira muito lenta. A taxa de desnutrição infantil atinge dois quintos (40%) das crianças indianas. O censo apontou para 247 milhões de domicílios (quase 5 pessoas por moradia), sendo dois terços no meio rural e metade não possui banheiro ou vaso sanitário em casa (tendo de defecar a  céu aberto). Água potável encanada e tratada é um luxo desfrutado por apenas um terço das casas. O saneamento deficiente significa doenças transmitidas pela água e esgoto, difundidas pela falta de higiene pública e privada. Isto inclui o alastramento de doenças básicas, tais como diarreia, que continuam a ceifar a vida de centenas de milhares de crianças a cada ano.

O censo também mostra que, embora não no ritmo desejado, algumas coisas melhoraram, pois 93% dos habitantes urbanos contam com eletricidade e dois terços cozinham com gás. Mas somente dois terços dos domicílios totais têm luz elétrica, 47% têm televisão, quase 60% têm acesso a um banco e 45% têm bicicletas. Já o número de telefones passou de 9% em 2000 para 63% (principalmente celulares) em 2010. Outras “modernidades” estão se espalhando lentamente, pois menos de 5% dos domicílios possuem automóvel e apenas 3% têm um computador com ligação à internet. No meio rural, o impacto do crescimento econômico é sentido apenas aos trancos e barrancos.

Quanto ao meio ambiente, a situação é desastrosa. Por exemplo, o rio Ganges, considerado sagrado e com água pura pela população, tem se transformado em um grande esgoto a céu aberto. A Índia tem cada vez mais dificuldade para alimentar a sua crescente população. Ou seja, a Índia precisa do crescimento econômico para reduzir a pobreza e construir uma infra-estrutura capaz de criar melhores condições de vida para a população. Mas o crescimento econômico acelerado dos últimos anos não conseguiu resolver adequadamente os problemas sociais. Ao contrário, tem aumentado a desigualdade social e agravado os problemas ambientais.

Reportagem da revista britância The Economist, de março de 2012, mostrou que a economia da Índia vai continuar crescendo na atual década, mas a um ritmo menor, devido à ineficiência do sistema político (dominado por um gerontocracia), o alto nível de corrupção, a falta de infra-estrutura e endividadamento crescente. A Índia precisa crescer pelo menos 6% ao ano para evitar agravar os problemas sociais e não comprometer a estabilidade financeira. Caso contrário, vai deixar milhões de jovens sem emprego e furiosos.

Portanto, a Índia tem um grande desafio pela frente, especialmente porque sua população vai aumentar em cerca de 500 milhões de habitantes nos próximos 40 anos e o impacto ambiental do crescimento econômico é devastador. Assim, nos próximos censos veremos qual será o tamanho dos problemas rmanescentes e quanto se avançou nas soluções.

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José Eustáquio Diniz Alves