Fundamentos By Henrique Cruz / Share 0 Tweet Foi Aristóteles, (384-322 a. C.), filósofo grego discípulo de Platão e amigo de Sócrates, quem definiu que qualquer argumento lógico deve obedecer a duas premissas e uma conclusão para ser considerado válido. Ou seja: 1ª Premissa – O princípio de identidade: Se uma coisa é “A” em si mesmo, então ela é “A”; 2ª Premissa – O princípio de exclusão do meio: Uma proposição só pode ser ou verdadeira ou falsa, isto é, só pode ser ou “A” ou “não A”; e por último a Conclusão – O princípio da contradição: Uma coisa não pode ser verdadeira e falsa, isto é, “A” não pode ser “A”e “não A” ao mesmo tempo. Não se trata neste “ser ou não ser” da dúvida metódica de Descartes na definição da identidade, a dúvida intelectual de procurar saber se a identidade do “ser” foi definida completa e suficientemente. Também nada tem a ver com a dúvida metafísica do “To be or not to be” de Hamlet na tragédia de Shakespeare. O que Aristóteles se refere é à lógica da argumentação, aquilo que nos leva à convicção que as idéias estão conectadas por algo subentendido que garante a conclusão. Princípios são regras diretoras da argumentação às quais todo o desenvolvimento posterior deve estar subordinado. São portanto proposições absolutas que devem ser atendidas sem exceções. Por exemplo, o princípio de identidade gera um outro equivalente: o princípio de igualdade. Se duas coisas tiverem a mesma essência, isto é, a mesma identidade, são iguais sob todos os aspectos. São indistinguíveis. Em geometria, duas figuras podem ter a mesma forma mas não o mesmo tamanho. Neste caso não podemos dizer que são iguais, apenas que são semelhantes. A regra básica fundamental de toda a lógica é o princípio da contradição. Se uma coisa pudesse ser e não ser ao mesmo tempo teríamos eliminado o princípio de causa e efeito: as mesmas causas geram sempre os mesmos efeitos. Seríamos incapazes de interpretar o mundo, que estaria fora do alcance do nosso raciocínio. A lógica coordena as proposições da argumentação e justifica as suas conclusões. No entanto devemos evitar o círculo vicioso, isto é, o raciocínio incorreto no qual a conclusão da argumentação baseia-se na hipótese em que ela se formula. Vejamos um exemplo, o paradoxo da mentira de Epimenides, do século 6 a. C., o primeiro que se tem notícia: “eu sou sempre mentiroso”. O que podemos dizer é que se a questão colocada for verdadeira, ou seja, uma mentira, então ela é falsa porque disse uma verdade. Agora se ela é falsa, disse uma verdade, então não mentiu. Se ele mente ele se desmente e se se desmente ele mente. Não há como sair do paradoxo. A lógica formal é uma vasta teoria que praticamente abrange todos os nossos raciocínios. Aplicada à matemática ela explora o seu simbolismo e é chamada de lógica símbólica. O que Aristóteles criou foi um modelo universal de estrutura dedutiva do raciocínio que permite desenvolver teorias. Como o silogismo constituído por duas premissas, a maior e a menor, seguidas por uma conclusão. Por exemplo, premissa maior: somente os números pares é que são divisíveis por 2; premissa menor: 624 é um número par; conclusão: logo 624 é divisível por 2. Um outro exemplo, premissa maior: irmãos têm sempre o mesmo sobrenome; premissa menor: João e Manuel são irmãos; conclusão: João e Manuel têm o mesmo sobrenome. São formas de raciocínio aplicadas intuitivamente e de conhecimento universal e que alimentam a dialética. Fico por aqui. Até à próxima.