Da ética pública aplicada às relações amorosas


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– Você? Sua canalha! O que é que você tá fazendo aqui? – Simples, Adelson. Andei analisando o cenário político nacional durante um bom tempo e acho que eu mereço uma segunda chance. – Uma oitava chance, você quer dizer. Porque, até onde eu sei, você me traiu sete vezes enquanto estivemos casados! – Sete e meia, Adelson, […]

Lete, o rio da integração nacional.

– Você? Sua canalha! O que é que você tá fazendo aqui?

– Simples, Adelson. Andei analisando o cenário político nacional durante um bom tempo e acho que eu mereço uma segunda chance.

– Uma oitava chance, você quer dizer. Porque, até onde eu sei, você me traiu sete vezes enquanto estivemos casados!

– Sete e meia, Adelson, considerando que também saí com Montanha, o Famoso Anão Tirolês.

– Não acredito! Você me traiu com aquele anão! O anão trabalha em circo, Ofélia! Como é que você pode ter feito isso?

– Com alguns tijolos pra dar o calço, Adelson. Mas a questão não é essa. O fato é que vivemos o Estado democrático de Direito e…

– Era o que faltava! Sou corno de um anão! Agora eu entendo perfeitamente aquela tara que Freud cita… Só pode ser isso, o ananismo.

– Onanismo, Adelson. Crime de Onan. É o mesmo que se masturbar, “descabelar o palhaço”…

– Como é que é, Ofélia? Eu ouvi direito? Além de sair com o anão, você ainda pegou o palhaço, Ofélia? Quem mais, Ofélia? O trapezista e os cachorrinhos de saia também?

– Não, Adelson, o que eu quis dizer… Bem, não importa. Quero que você saiba que vim até a sua casa depois de meditar muito e…

– E a mulher barbada?

– Como? Me escuta, Adelson!

– As focas, talvez?

– Adelson! Eu vim aqui pra dizer uma coisa importante.

– Que você vai fugir com o homem-cobra?

– Esquece isso, Adelson. Você não pensa em outra coisa?

– Penso, sim, claro. Penso que você me traiu até com aquela Lésbia!

– Lésbica, Adelson.

– Lésbia, Lésbica, o nome dela não importa.

– Não, lésbica é… Enfim, Adelson, a verdade é que todo ser humano merece uma segunda chance. Aliás, vou além: até os políticos merecem uma segunda chance. Ou você não tem ouvido a oposição dizer o tempo todo que é preciso esquecer o passado e olhar pro futuro?

– Isso é porque o passado dela não tem um anão tirolês!

– Tem o FHC, que é quase tão estranho e ainda fala fofo, Adelson. Sivam, compra de votos pra reeleição, aumento de impostos… Em suma, tudo o que eles acusam o governo atual de fazer e eles fizeram antes… Pum. Sumiu, esqueceu, acabou.

– Nada é pior do que levar chifre de sete pessoas e de um anão, Ofélia. Tudo bem, talvez o Marco Maciel na vice-presidência. Mas…

– E o governo Lula, por outro lado? Adotou a política econômica que condenava, aumentou juros, segurou o salário mínimo quando precisou, fez o mensalão… Ou seja, adotou tudo aquilo que denunciava e esqueceu, em apenas cinco anos. É o novo espírito do país, Adelson.

– Sei. Espírito de corno.

-Vamos seguir o exemplo, Adelson. Entre eles, veja que coisa bonita, os erros são cometidos, mas ninguém é julgado nem condenado por isso. Apenas se esquece. Vamos voltar e esquecer tudo, Adelson. É um ato de abnegação. De patriotismo, até.

– Sinto muito, Ofélia. Mas, felizmente, em casamento, não existe imunidade parlamentar! (Bate a porta.)

(Esmurrando a porta fechada.) Não traia a pátria, Adelson! Não traia a pátria!

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Marconi Leal