Fora dos padrões


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O alto preço de pensar de forma diferente.

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_____Quanto mais o tempo passa, maior fica o meu nojo aos automóveis e ao modo irracional como as pessoas os utilizam. Como muito bem disse Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, “Assim como os antigos sacrificavam colheitas, gado e até os filhos a ídolos e ícones aos quais seus sacerdotes atribuíam poderes imensos e uma profundidade insondável, a humanidade da era industrial sacrifica tempo, espaço, riquezas naturais e, às vezes, as próprias vidas a essas máquinas às quais os publicitários atribuem virtudes igualmente mágicas. Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos.”. E o pior de tudo é saber que uma mudança a essa forma de se pensar está bem distante.
_____Um dos motivos para que seja muito difícil em um futuro próximo vislumbrar alguma outra forma de se pensar é exatamente porque a mídia formadora de opinião – de jornais a revistas, de filmes a rádios – não têm liberdade o bastante para manter críticas duras ao modo de vida carrodependente. Não é por maldade, isso acontece simplesmente porque as montadoras de automóveis são grandes patrocinadoras, são elas que sustentam essa mídia. É possível que um jornal que mantém encartes de 24 páginas sobre grandes feirões de carros, revistas que, em sua segunda capa, estampam o último lançamento da montadora “X”, critiquem frequentemente a carrocracia vigente (ou qualquer dos interesses dos seus outros grandes mecenas)? É aí que repousa a importância de uma mídia independente.
_____Porém, como essa mídia poderia sobreviver? Nos Estados Unidos e em alguns locais da Europa são inúmeros os casos de jornais e rádios independentes sustentados por doações de uma audiência cativa que confia neles como fontes de informação. Aqui no Brasil, um dos exemplos impressos disso é o amazônico Jornal Pessoal, de Lúcio Flávio Pinto.
_____Desde o seu lançamento, em 1987, o incansavelmente premiado Jornal Pessoal sobrevive exclusivamente da disposição dos leitores em comprar o jornal avulso. Completamente livre, portanto, ele já pôde investigar detalhadamente o assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles, o rombo de 30 milhões de dólares no Banco da Amazônia e diversos outros casos que já lhe valeram inimigos, agressões físicas e, atualmente, uma condenação. Lúcio Flávio Pinto foi condenado a pagar mais de 30 mil reais de indenização à riquíssima família Maiorana, dona do Grupo Liberal (afiliado às Organizações Globo na região do Pará).
_____Se já é difícil produzir conteúdo inteligente e fora dos padrões sem apoio financeiro, vocês imaginam como é quando existe até limitações impostas pela justiça?

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Extras:
– Para entender melhor o caso, o texto de Lúcio Flávio Pinto, escrito após a condenação, e o do grande Idelber Avelar, relatando com mais detalhes o caso, são essenciais.
– Para mais reflexões para superar a sociedade do automóvel, existem alguns textos interessantes aqui, na desatualizada coluna “Bicicletas na Cidade”, e no fantástico blog apocalipse motorizado.
– Quem quiser ajudar financeiramente o Jornal Pessoal, pode encontrar o número da conta aqui.

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M. Ulisses Adirt