Industriais da barbárie


Warning: array_rand(): Array is empty in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 280

Notice: Undefined index: in /home/opensador/public_html/wp-content/themes/performag/inc/helpers/views.php on line 281

funcionários e escravos da Companhia de Mineração São João del Rei, em Morro Velho, nas Minas Gerais

O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe Nogueira, aprecia a agressividade do discurso do nosso pré-candidato bárbaro-fascista. Segundo ele, Bolsonaro “não tem medo de enfrentar as questões, fala abertamente em favor da reforma trabalhista, enquanto os outros não são tão agressivos”.

Ficamos sabendo também que o pré-candidato que admira o torturador Brilhante Ustra foi o mais aplaudido, dentre todos os pré-candidatos, em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria. Dois mil membros de federações industriais brasileiras aprovam e demonstram seu entusiasmo por Jair Bolsonaro. O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, que afirma não ter receio algum de um governo Bolsonaro, avalia que o estilo contundente do militar da reserva cativou os mandarins da indústria nacional. Por outro lado, Horácio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, considera que Bolsonaro “representaria um retrocesso civilizatório pelo que defende na área dos costumes e da segurança pública”. Aparentemente, uma voz isolada.

Atente-se para a foto acima e não ficaremos surpresos com o posicionamento chocante dos barões da nossa indústria. É de 1865, e retrata funcionários (alguns) e escravos (quase todos) da Companhia de Mineração São João del Rei, em Morro Velho, nas Minas Gerais do enérgico Flávio Roscoe Nogueira, ali reunidos para a revista quinzenal, que o empresariado não pode confiar muito nessa gente, é claro.

É de se notar que a mina era uma sociedade anônima fundada por investidores britânicos, que se adaptaram esplendidamente ao modo de produção do capitalismo do Império brasileiro. O homem de cartola, à direita, com seu petiz, é provavelmente o superintendente inglês, James Gordon, que durante a década de 1870 foi afastado por envolver-se em “práticas comerciais fraudulentas, incluindo desvio de recursos da mina e que participam (sic) em empreendimentos comerciais externos”, segundo o verbete da Wikipedia.

Estão separados os homens das mulheres. Em comum, o fato de que são todos negros, que a mão de obra é escrava. Talvez, um modelo para os industriais que são entusiastas do capitão reformado feito candidato.

Daí, fica fácil entender o modo de pensar de um Flávio Roscoe Nogueira, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais e herdeiro cultural dessas práticas desumanas de exploração da força de trabalho, que excita-se com a perspectiva de uma reforma trabalhista operada por um governo Bolsonaro, que talvez pense em reviver as senzalas para que os trabalhadores, esses vagabundos em potencial, sejam vigiados e controlados com o devido rigor.

São estranhos esses nossos liberais, tão seletivos nas suas indignações e nas suas taras…

About the author

Marcos Schmidt

Marcos Schmidt é designer gráfico e ilustrador. Vive e trabalha na irremediável cidade de São Paulo.