Vancouver e o gelo


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Não é novidade nenhuma que eu tenho uma predileção por esportes e atividades que exibam o mínimo de coreografia. Sendo assim, não por acaso, acompanhei, mais uma vez (só que dessa vez em rede aberta), as Olimpíadas de Inverno desse ano realizadas em Vancouver, no Canadá.

É claro que estou aqui para falar um pouco sobre a patinação artística, mas engana-se que só me prendi em frente à telinha por causa dessas competições. Tenho, dentro de mim, também certa simpatia pelo hockey no gelo (aliás, o Canadá acaba de ser campeão!). Mas não consigo, nem como leiga que sou, comentar sobre ele. Então, vamos à patinação.

Acho de fundamental importância que pessoas ligadas à dança – ao ballet, principalmente – acompanhem as competições de patinação artística. É clara a influência do ballet sobre esses atletas que parecem fazer milagres com seus patins. Mas, para ser sincera, não quero tanto falar da técnica do ballet empregada nas coreografias. Vamos a um simples balanço do que foram as apresentações – novamente, sob o meu ponto de vista leigo em patinação no gelo.

Confesso que as provas de patinação artística individuais ou em duplas não me atraem muito. São belíssimas, claro. Mas falta um quê a mais, na minha humilde opinião. O que me atrai na modalidade, de fato, é a dança no gelo. Para mim, a grande diferença entre este e aqueles é que os primeiros parecem muito mais interessados em fazer grandes giros e saltos, e se esquecem um pouco de contar uma história através da interpretação da dança e música. Mas, não me leve tão a sério, leitor, isso é o que eu penso, não tome o que digo como uma verdade universal.

A grande vantagem da dança no gelo, para mim, consiste em que ela é dividida em três provas, com pesos diferentes, até que se possa chegar ao grande vencedor. No primeiro dia de competição, os casais enfrentam a rotina compulsória, na qual todos os casais competidores devem necessariamente seguir um diagrama pré-estabelecido pela comissão organizadora dos jogos, com passos obrigatórios e comuns a todos, além de dançarem ao som de um único ritmo, com poucas variações de músicas a serem escolhidas – o que ocasiona a repetição excessiva dos sons.

Experimente assistir a essa parte da competição ao lado de alguém que não dá a mínima para dança ou para o esporte. É de estressar qualquer pessoa. Ouvi reclamações constantes de amigos enquanto acompanhava – ou pelo menos tentava acompanhar – a prova falando da monotonia e reclamando que todos eles faziam a mesma coisa. Quer saber? Essa é a graça dessa etapa. É nela que cada casal tem que superar suas dificuldades e limitações a fim de surpreender através de uma interpretação carregada de emoção e da criatividade para fazer a transição entre os elementos obrigatórios do programa.

Desde o início da competição tive três favoritos: os russos Domnina e Shabalin, os canadenses Virtue e Moir e os americanos Belbin e Agosto. Sendo que os canadenses foram por pura e simples simpatia a eles. No compulsório, os russos deram um show de consistência na execução dos movimentos e fizeram uma interpretação memorável. Mereceram o primeiro lugar. Eles, que não são de grandes sorrisos nem quando estão descontraídos, patinaram com precisão e propriedade sob o ritmo Tango.

A segunda etapa, o programa original, no qual os casais têm que obedecer apenas ao tema imposto pela organização e alguns elementos obrigatórios durante a dança, mas eles têm total liberdade coreográfica e podem escolher a música a ser tocada. A organização determinou que as músicas deveriam ser folclóricas, não importando se seria ou não o folclore do país de cada dupla. Confesso que a escolha musical do casal russo não me agradou em nada, mas a execução… Ah, que execução!!! O casal americano, sempre muito carismático, fez uma apresentação bem correta e com uma interpretação espetacular. A minha grande surpresa foi em relação ao casal canadense. E que bela surpresa. Deram um show de criatividade ao apresentarem a coreografia. Uma interpretação forte e determinada. Nessa etapa da competição a criatividade coreográfica, o uso de elementos originais durante a apresentação, é o que mais conta ponto.

Já na última etapa, no programa livre, os casais têm total liberdade musical e coreográfica. Nesse dia, cada um faz o que mais sabe e impressiona com suas melhores qualidades incorporadas à apresentação. O casal americano para o qual eu torcia, ficou em quarto lugar. Os russos em terceiro, mas, para mim, mereciam o segundo lugar – ocupado por outros americanos. Foram originais, sincronizados e muito bem elaborados. E o casal canadense, a essa altura já deixava de minguar na lanterna da minha torcida e passou à preferência incondicional. Foram velozes, muito profissionais, numa apresentação impecável. Mereceram o primeiríssimo lugar da competição. Ela parecia voar com tanta delicadeza, ao mesmo tempo em que impressionava pela força que tinha. Ele acompanhava-a de forma sublime, com uma interpretação envolvente.

Foi gratificante acompanhar as olimpíadas, ainda que com algumas falhas de transmissão – mas nada que atrapalhasse. É um esporte não difundido no Brasil, até porque gelo por aqui, só em cubinhos, nas bebidas, e olhe lá. Mas, deve-se ter noção de que também existe patinação artística por aqui, sobre rodas, é claro. Vale à pena dar uma conferida no esporte. Um misto de esporte e dança que dá gosto de ver!

Au revoir.

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Sara Gobbi