Os carros do futuro – ou o futuro dos carros


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Caros leitores desta mal lida coluna. Esta semana reproduzirei uma entrevista com o jornalista Vijay Vaitheeswaran, da revista Economist, co-autor do livro Zoom: The Global Race to Fuel the Car of the Future – em português, algo como "A corrida global pelo carro do futuro". O livro trata de um dilema, descrito com clareza no blog Freakonomics, de onde ‘chupinhei’ a entrevista.

"É difícil imaginar um mundo sem carros. Eles servem como base para nossa estrutura econômica e social de uma forma que seria impossível de se imaginar um século atrás. Mas o rápido crescimento da cultura baseada nos veículos tem produzido conseqüências econômicas e sociais que, se não forem revistas, poderão destruir nossa sociedade. Desta maneira, temos de encarar um dilema maior: não podemos dizer às pessoas para não dirigir, mas não poderemos sobreviver se continuarem dirigindo", afirma o blog.

Vaitheeswaran esclarece que, nos suburbios do Estados Unidos, já são comuns as garagens com três carros; naquele país, o número de veículos já supera o total de carteiras de habilitação. Mas, à parte a já conhecida paixão dos americanos pelos carros, a maior preocupação é com o crescimento, nos próximos anos, do uso dos carros na China e na Índia, países que, em termos relativos, possuem, ainda, uma base pequena de veículos – comparando-se com a população. Transportando-se a base de três pra um existente nos Estados Unidos teríamos – imaginem! – 6 bilhões de veículos só nesses dois países.

O jornalista argumenta que, se o aumento esperado do número de veículos ocorrer nas bases de negócios adotadas atualmente, haverá desastres não apenas de ordem ambiental, mas também de geopolítica. "Isso poderá ocorrer porque as reservas de petróleo são incrivelmente concentradas. Dois terços estão no Golfo Persico", afirma Vaitheeswaran.

Ele não concorda com a idéia com a idéia de que a cultura do automóvel tenha origem, apenas, nas estratégias de marketing que transformaram, ao longo de décadas, os carros em símbolos de status e objeto de desejo em todas as partes do mundo. "Dirigir é uma necessidade e uma aspiração humana", afirma. "Muitas pessoas adoram demonizar os SUVs (os jipões estilo Cherokee e Hummer, adorados pelos americanos) e pregam um estilo de vida sem carros", diz.

"Mas a idéia de que os carros são o maior problema e, por isso, devem ser abolidos, é impraticável. Como ideologia, é algo sem sentido e contraprodutivo. Afinal, 95% dos americanos não dispõem de acesso a transporte coletivo de qualidade".

Posto que simplesmente eliminar os veículos – e a cadeia produtiva ligadas a ele – da face da terra é algo inimaginável, Vaitheeswaran argumenta que os focos devem ser a melhoria dos sistemas de transporte coletivo, a busca por combustíveis alternativos viáveis economicamente e por veículos mais eficientes. "Se olharmos a questão mais de perto, constataremos que os problemas mais sérios associados aos carros são, na verdade, causados pelo petróleo.

"Ele afirma, categoricamente, que, com a tecnologia existente atualmente, os carros poderiam ser muito mais eficientes. O Ford T, lançado em 1908, consumia um litro de combustível para rodar 11 quilômetros, menos do que a média dos veículos americanos fabricados hoje em dia. Os carros produzidos nos EUA poderiam ser 25% mais econômicos, utilizando-se tecnologias viáveis economicamente, afirma. E por que ainda não fizerem isso? Porque, com os preços do petróleo no patamar em torno de US$ 50 por barril – predominantes na década de 1990 -, não havia interesse. Agora que os preços atingem os três dígitos esse interesse deverá aumentar.

Pouco interessados em políticas de longo prazo em termos de combustíveis, os executivos das empresas americanas ficaram para trás na corrida pelos combustíveis alternativos e, agora, com os preços do petróleo no teto do mundo, correm para tentar recuperar terreno. Não por acaso, a líder nesse segmento é a japonesa Toyota, que já oferece, em território americano, uma série de modelos, como o Prius, um veículo híbrido (possui um motor elétrico e outro comum, a combustão, que atuam coordenadamente) cujo consumo é de excelentes 25 quilômetros por litro. "Provavelmente em conseqüência de ter origem num país sem recursos naturais (Japão) a Toyota cresceu preocupada com as duas ameaças, o choque do petróleo e o aquecimento global, e investiu no longo prazo em sistemas como as células de combustível", afirma.

Após um século de estreita aliança com a indústria do petróleo, sentencia o jornalista, chegou a hora do divórcio. A questão que fica é: conseguirão os dinossauros da indústria automobilística americana se adaptar à nova realidade? "É possível que sim", afirma. O exemplo vem da indústria de Tecnologia da Informação (TI). "Três décadas atrás, quando surgiram os PCs, a IBM teve de rever seu modelo de negócios. E deu a volta por cima." Nós, aqui abaixo do Equador, torcemos para que, independenetemente de quem vencer esta balhalha, o grande vitorioso seja o Planeta. Eu, de minha parte, continuo acreditando que o melhor, mesmo, é, sempre que possível, deixar o carro em casa, seja ele movido a gasolina, álcool ou hidrogênio.

Pra quem se interessou, o livro está disponível (em inglês) pra compra na Amazon http://www.amazon.com/ZOOM-Global-Race-Fuel-Future/dp/1600240607
E o endereço do blog Freakonomics é
http://freakonomics.blogs.nytimes.com/

Eu recomento.

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Danilo Vivan DV