Chatterton: o pai da maldição romântica


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A biografia de Chatertton é de extensão pífia. 17 anos de farsa e de verdade absoluta. Que dizer de um poeta que mentiu sobre ser poeta?

Ainda assim, Thomas Chatterton (1752-1770) – recentemente recordado pela voz de Seu Jorge no CD Cru – é a máxima referência aos românticos, talvez por cumprir à risca a regra da precocidade em viver, criar e morrer. Vive vertiginosamente desde os cinco anos, quando fica órfão de pai. Autodidata, sente que a leitura vai permitir que ascenda socialmente. E não mede esforços para provar sua teoria. Mas essa mesma leitura dá a ele a chave do embuste. Ele se especializa em falsários literários. Cria escritores com a mesma facilidade com que os faz comunicar-se entre si. A crítica baba por seus textos e claro que por isso também lhe dá o golpe final. Das mãos de Chatterton sai a figura de um religioso medieval, Rowles, "autor" resgatado por nosso maldito que com isso nos apresenta o primeiro heteronômio literário.

Chatterton é o ficcionista dos ficcionistas. Se reinventou tanto e a tantos que passa a viver na espécie de mundo paralelo. Estava sempre criando, montando histórias para permitir uma nova ficcionalização. Talvez pareça ousado dizer-se isso, mas Chatterton é precursor inclusive do texto borgiano quando se pensa neste como aquele que aproxima a literatura da física quântica ao criar situações dentro da situação, num processo labiríntico, ainda que, no caso de Thomas, seja bastante ingênuo.

Mais ousada ainda, declaro aqui que Goethe é uma farsa. Explico. Os suicídios provocados por Werther nos jovens setecentistas são nada perto do que o suicídio de um só homem provoca em toda uma estética literária. Sim, sim, parece pouco. Estou exagerando. É que Chatterton me encanta. Talvez seja o único maldito realmente mau caráter da literatura. Aliás, que literatura? Aí vem outra ironia. Postumamente, seus escritos (realmente seus) foram considerados geniais pela crítica.

Perfeito.

PS: Este artigo é curto. Coerentemente.

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Rosane Cardoso: 200 anos de Poe